Campeões do home office: os países que lideram em trabalho remoto em LatAm

Colômbia e Costa Rica aparecem à frente na região, mas ainda estão bem atrás da Europa em adesão ao trabalho remoto, segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho

Claire Tu, funcionária da Reprise Digital, trabalha de sua casa em Xangai, China, na segunda-feira, 9 de março de 2020. (Foto: Qilai Shen/Bloomberg)
24 de Setembro, 2025 | 09:38 AM

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As economias desenvolvidas da Europa estão à frente da América Latina na adoção do trabalho remoto, com a Colômbia e a Costa Rica entre os países líderes em nível regional, de acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Países europeus como Noruega, Islândia, Dinamarca, Suécia e Suíça têm níveis de adoção de trabalho remoto acima de 30%.

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Em contraste, na América Latina, os países com a melhor adoção - como Colômbia e Costa Rica - não chegam nem a 15%, de acordo com os dados coletados no relatório O Estado da Justiça Social no Mundo, da OIT, divulgado nesta terça-feira (23).

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De acordo com a OIT, o aumento do teletrabalho ou do home office levou os países a adotar regulamentações para proteger melhor os trabalhadores.

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“Embora muitos países, incluindo a Austrália e as Filipinas, bem como países da Europa e da América Latina, tivessem regulamentações sobre teletrabalho em vigor antes da pandemia, as disposições eram, às vezes, limitadas, com definições vagas e poucos direitos específicos“, explica a OIT.

Assim, desde 2020, vários países atualizaram suas leis de teletrabalho ou criaram novas regulamentações para esclarecer o que é o teletrabalho legalmente e quem pode acessá-lo.

Além disso, estabelecem os direitos e as obrigações dos empregadores e dos trabalhadores, determinam as responsabilidades por equipamentos e custos, incluem medidas de saúde e segurança ocupacional e reconhecem o direito à desconexão fora do horário de trabalho.

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Abaixo está a porcentagem (%) de trabalhadores domiciliares em países selecionados :

  • Noruega: 2019 (5%) → 2023 (37%)
  • Islândia: 2019 (24%) → 2023 (36%)
  • Dinamarca: 2019 (21%) → 2023 (33%)
  • Suecia: 2019 (31%) → 2023 (32%)
  • Suíça: 2019 (28%) → 2023 (32%)
  • Reino Unido: 2019 (5%) → 2023 (20%)
  • Zona do euro: 2019 (9%) → 2023 (14%)
  • Estados Unidos: 2019 (6%) → 2023 (14%)
  • Colômbia: 2019 (11%) → 2023 (13%)
  • Costa Rica: 2019 (8%) → 2023 (13%)
  • República Checa: 2019 (5%) → 2023 (10%)
  • Índia: 2019 (8%) → 2023 (10%)
  • Polônia: 2019 (10%) → 2023 (10%)
  • Ruanda: 2019 (11%) → 2023 (10%)
  • Brasil: 2019 (6%) → 2023 (9%)
  • Mongólia: 2019 (6%) → 2023 (9%)
  • Equador: 2019 (8%) → 2023 (8%)
  • Argentina: 2019 (6%) → 2023 (8%)
  • Hungria: 2019 (3%) → 2023 (5%)
  • Sérvia: 2019 (3%) → 2023 (4%)
  • Romênia: 2019 (1%) → 2023 (2%)
  • Bulgária: 2019 (1%) → 2023 (2%)
  • Turquia: 2019 (1%) → 2023 (2%)

Lacunas de produtividade

Trabajo en casa

A América Latina continua presa no dilema da baixa produtividade, apesar de ser uma das regiões com maior intensidade de mão de obra do mundo.

A região apresenta grandes diferenças de produtividade entre os países.

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Por exemplo, embora os hondurenhos trabalhem uma média de 43,7 horas por semana (2023), a produtividade é de apenas US$ 6,83 por hora trabalhada.

Os panamenhos trabalham apenas 36 horas (2024), mas a produtividade é de US$ 45,81, de acordo com os números compilados pela Bloomberg Línea a partir de fontes como a OIT e a CEPAL, com os dados mais recentes disponíveis.

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De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), enquanto em 1950 eram necessárias 2,5 horas para produzir na região o que os Estados Unidos produziam em 1 hora, em 2023 seriam necessárias quase 4 horas.

Enquanto isso, um novo relatório da IAE Business School, na Argentina, concluiu que, entre aqueles que podem trabalhar virtualmente, a maioria acredita que sua produtividade é igual ou maior quando trabalham em casa.

O relatório baseou-se na experiência de 512 trabalhadores corporativos na Argentina com a possibilidade de trabalhar em esquemas remotos.

A pesquisa constatou que mais de 80% percebem que seu desempenho não é afetado negativamente pelo trabalho fora do escritório.

Além disso, a maioria relutaria em retornar a um esquema 100% presencial e foram identificadas correlações entre a confiança dos líderes, a flexibilidade e os níveis de bem-estar.

“As empresas que não adotarem esquemas híbridos enfrentarão mais rotatividade; as que o fizerem competirão pelos melhores talentos“, disse Patricia Debeljuh, diretora do Centro de Conciliação Familiar e Empresarial (CONFyE) da IAE Business School.

O uso de IA aumenta no local de trabalho

A OIT também chamou a atenção em seu relatório para o fato de que a IA está sendo cada vez mais usada no local de trabalho para automatizar tarefas como correspondências, design gráfico ou recrutamento.

De acordo com uma pesquisa realizada em 47 países citada pela OIT, 77% dos funcionários informaram que suas organizações usam IA.

Além disso, quase a metade informa que eles são usados em um grau moderado a muito alto em várias áreas e tarefas.

E 58% dos funcionários indicam que usam intencionalmente ferramentas e sistemas de IA de forma regular em seu trabalho.

De acordo com o relatório, os trabalhadores de suporte administrativo são os mais expostos a essa tecnologia, “com quase 70% de suas tarefas localizadas nos dois níveis mais altos de exposição”.