Wehandle levanta R$ 36 mi para gestão de terceiros com IA e mira América Latina

Com clientes como Globo, Klabin e Petrobras, startup atraiu o Canary como líder de rodada Seed, que contou com ONEVC, Valutia, Blustone e Quartzo. O fundador Rodrigo Faustini conta os próximos passos à Bloomberg Línea

Startup tem em setores como os de energia, óleo e gás e mineração a sua maior penetração e o foco de atuação
09 de Setembro, 2025 | 09:41 AM

Bloomberg Línea — A wehandle, startup para gestão de terceiros com uso de IA, anunciou a captação de R$ 36 milhões em rodada Seed liderada pelo fundo Canary, com participação de ONEVC, Valutia, Blustone e Quartzo.

O aporte chega para reforçar a tese da empresa e abre espaço para um novo ciclo de crescimento baseado em marketing, vendas e expansão internacional.

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Fundada por Rodrigo Faustini, a plataforma nasceu da experiência do executivo ainda na época de faculdade, quando prestava serviços em segurança do trabalho e percebia o que classifica como morosidade na validação de documentos de prestadores terceirizados.

“Imagine uma grande companhia com 25.000 fornecedores externos que precisa checar se salários, FGTS e férias foram pagos corretamente. Era gente abrindo duas telas, lendo documentos e cruzando dados em planilhas e levando muito tempo. O que a wehandle faz é usar IA e hiperautomação para transformar esse processo”, disse Faustini à Bloomberg Línea.

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Fundada em 2020 já como uma startup nativa de IA, a wehandle conseguiu “tração” e hoje atende 350 companhias em áreas diversas, com clientes como Rede Globo, Klabin, Unilever e Coca-Cola.

Os serviços têm maior penetração em setores com alta terceirização e forte regulação, como energia, óleo & gás e mineração.

Segundo o fundador, a wehandle deve encerrar 2025 com cerca de 120 mil CNPJs cadastrados – quase o triplo do número registrado em 2024.

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A receita recorrente deve ficar entre R$ 25 milhões e R$ 35 milhões, o que representará um crescimento de até três vezes em relação ao ano anterior.

O principal apelo do negócio, segundo Faustini, está na velocidade de aprovação dos documentos, que reduz de 60 dias no processo manual para horas na análise digital feita majoritariamente com inteligência artificial.

“Atualmente, 62% das documentações são validadas em até três horas. Em 24 horas, chegamos a 80%, e, em 48 horas, 99,7%”, afirmou Faustini.

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“Isso significa redução de custo na veia para o CFO. Você evita máquinas paradas em fábricas ou prestadores que viajaram dias até descobrir que não poderiam entrar no canteiro de obras.”

Com cinco anos de operação no mercado local, a wehandle prepara a entrada no Chile ainda este ano. A expectativa de Rodrigo Faustini é de que a startup avance para países como Peru, Colômbia e México nos próximos anos

A startup afirma avaliar 1 milhão de documentos por mês com apoio de IA, cobrindo mais de mil tipos diferentes de arquivos, de folhas de ponto a certidões negativas.

Além de reduzir custos operacionais — em alguns casos, até 60% —, o sistema atua de forma preventiva contra riscos trabalhistas e de imagem.

“Casos de trabalho análogo à escravidão são a ponta do iceberg. Antes disso, já existem sinais como atraso em salários ou falta de recolhimento de FGTS. A wehandle sobe esses alertas muito antes”, afirmou o empreendedor.

Segundo o fundador, a tecnologia se conecta aos ERPs corporativos e permite, por exemplo, o bloqueio de pagamento de notas fiscais quando documentos dos fornecedores não atendem às regras de compliance ou às regulações do setor.

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Com cinco anos de operação no mercado local, a wehandle prepara a entrada no Chile ainda neste ano, atraída pelo ambiente regulatório e pela força do setor de mineração. A expectativa é a de, a partir desse primeiro movimento, avançar para países como Peru, Colômbia e México.

“Esse problema parece uma jabuticaba brasileira, mas não é. O problema de gestão de terceiros é global, e a América Latina tem as mesmas dores. O Chile é o primeiro passo”, disse Faustini, que conta atualmente com um time de 100 pessoas.

Os novos recursos entram para ampliar a escala do que a startup tem feito no mercado e ainda a apoiar estratégia de marketing e vendas, que deve entrar em um novo patamar a partir do aporte.

“Boa parte desse capital vai ser empregada em go-to-market e na construção dessa marca que quer ser relevante dentro desse mercado”, afirmou o CEO.

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