Bloomberg Línea Brasil — A Unico, unicórnio brasileiro que atua com soluções de tecnologia para identidade digital, tem convivido com uma série de transformações: da cadeia de comando da startup aos produtos que oferece ao mercado.
Pouco menos de um ano após anunciar a saída da liderança do negócio, o fundador Diego Martins retornou ao cargo de CEO global.
Sergio Chaia, anunciado como CEO no ano passado, entrou para o board e tem se dedicado a colaborar com a Unico Skill, spin-off na área de educação.
No comando da operação brasileira assumiu Guilherme Ribenboim, ex-VP das big techs Twitter (atual X) e Meta, há mais de dois anos na startup brasileira.
Em entrevista à Bloomberg Línea, Ribenboim disse que as mudanças são parte de um “processo natural”. Martins estava na cadeira de CTO global e, ao longo dos últimos meses, cuidou da evolução da Unico IDCloud, lançada no ano passado.
“Na hora em que essa plataforma começa a amadurecer - e o lançamento desta semana é exemplo disso -, é natural que o Diego comece a olhar a empresa novamente de forma mais holística, como CEO”, afirmou o executivo.

“Ele [Diego] tem muito esse papel hoje dentro da empresa de olhar o mercado e pensar como ela vai crescer agora globalmente.”
Ribenboim faz referência à nova versão da plataforma, sob o nome de Unico IDCloud One, que será apresentada nesta terça-feira, 20, em evento em São Paulo.
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O “One” procura traduzir o novo conceito da ferramenta, ao reunir diversas funcionalidades de verificação de identidade, como coleta de biometria, validação de documentos e análise de comportamento, em um único produto.
“Na versão anterior, as capacidades eram muito fragmentadas. O nosso cliente tinha que implementar a capacidade de coleta da biometria em tempo real, depois da validação da identidade e ainda da verificação de perfil fraudador. Empacotamos todas essas capacidades em uma única resposta”, disse Ribenboim.
As mudanças farão com que o tempo de implementação caia de alguns meses - em alguns casos, até um semestre - para dias, segundo estimativa da companhia. Além disso, as regras das operações poderão ser alteradas em tempo real, algo que a primeira versão não permitia.

O avanço tecnológico deve abrir portas para que o unicórnio - startups com valuation igual ou superior a US$ 1 bilhão - capture mais valor com os seus produtos.
Isso significa ir além dos tradicionais onboardings de clientes - processo de biometria facial e validação de documentos no momento de abertura de contas por clientes - e avançar em fluxos transacionais.
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A principal avenida de crescimento observada pela startup para este ano é a oferta de mais serviços para clientes que já estão dentro da Unico.
A startup atende mais de 800 empresas, incluindo grandes bancos e fintechs, mantidos em sigilo, e Havan, Magazine Luiza, Banco Neon e Vivo.
“Nós acreditamos que entraremos em fluxos novos, que são mais transacionais. Vamos aumentar muito a velocidade de implementação dos nossos produtos e, com mais segurança, conseguiremos conquistar ainda mais adesão dos nossos clientes para utilizar as nossas ferramentas”, disse o CEO para Brasil.
Isso passa por incluir a biometria facial em outros momentos na jornada dos clientes, como na aprovação de uma compra ou de um Pix de valor mais elevado, em mudança de endereço ou em casos de comportamento fora do comum.
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A projeção da startup é a de que o número de validações cresça em torno de três vezes este ano em comparação com 2024, período em que encerrou com 608 milhões de transações de identidade.
A Unico estima que conseguiu evitar R$ 3,2 bilhões em fraudes no último ano - o cálculo leva em consideração um valor médio de R$ 1.500 a cada delito.
As novidades chegam em um momento em que a startup busca dar passos maiores fora do país. Nos últimos meses do ano passado, a Unico fez duas aquisições: a novata Trully, para entrar no México, e a Oz Forensics, de deepfake dos Emirados Árabes Unidos.
“Essa estratégia que estamos desenvolvendo no Brasil nos permite construir uma plataforma que possa ser global. A diferença é que já estamos muito mais maduros aqui, é o mercado em que escrevemos o playbook”, afirmou Ribenboim.
O executivo disse que a empresa continua a olhar o mercado tanto local quanto global, em busca de oportunidades que complementem a tese do negócio ou que sejam um caminho mais curto para a entrada em novos mercados.
O dinheiro para eventuais M&As já “está no caixa” e não depende de novas captações. A Unico, criada em 2007, encerrou 2024 fechando com o seu primeiro Ebitda (métrica de geração de caixa operacional) positivo.
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