SumUp chega ao México e quer maior contribuição de LatAm na receita global, diz CFO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Mariana Lazaro, CFO para as Américas, diz que o mercado pode se tornar o terceiro maior da empresa na região, atrás de Brasil e EUA, com oportunidades para bancarização de pequenos comerciantes

Mexico
21 de Outubro, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — A SumUp, empresa britânica que opera maquininhas de cartão e soluções de pagamentos, decidiu apostar no mercado mexicano em uma estratégia para crescer na América Latina e elevar a participação da região em suas receitas globais.

A fintech, que tem o Goldman Sachs entre seus investidores, anuncia ao mercado nesta terça-feira (21) a sua entrada no México, um mercado cada vez mais disputado por empresas financeiras e de meios de pagamento.

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Segundo Mariana Lazaro, CFO da SumUp para as Américas, a empresa deve se concentrar inicialmente em oferecer maquininhas de pagamento para pequenos comerciantes, de olho em um movimento de bancarização como o que já ocorreu em outros países na região, em particular o Brasil.

“O México é a segunda maior economia da América Latina e um mercado muito fértil. Vemos o México hoje como o Brasil estava há cinco ou dez anos atrás, com uma economia informal muito grande e esse lojista não sendo servido com produtos de qualidade”, disse a executiva em entrevista à Bloomberg Línea.

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A companhia espera que o mercado mexicano “decole” rapidamente e se torne o terceiro maior da SumUp nas Américas em 24 meses.

“O Brasil hoje é o nosso mercado mais forte na região, seguido pelos Estados Unidos”, disse Lazaro.

Atualmente, a região das Américas representa cerca de 25% do resultado global da SumUp, que está presente em 37 países e atende mais de 4 milhões de comerciantes. Com a entrada no México, a meta é elevar essa participação para 30% em dois anos, segundo a executiva.

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Mariana Lazaro, CFO da SumUp: Estamos no mercado olhando propostas e possíveis aquisições locais. Isso é uma constante nossa aqui nas Américas e Europa

A fintech de origem inglesa chegou à América Latina há 13 anos e mantém operações no Brasil, no Chile, na Colômbia eno Peru.

A empresa foi avaliada em US$ 8,9 bilhões em uma rodada de investimentos em 2019, e, mais recentemente, levantou € 1,5 bilhão em um aporte liderado pelo Goldman Sachs em 2024.

A empresa também tem entre seus investidores fundos globais como Apollo Global Management, Fortress Investment Group, Temasek e Oaktree Capital Management, entre outros.

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Bancarização

Com um grau elevado de transações em espécie, o México tem atraído diversas fintechs, incluindo empresas como o Nubank, que recebeu licença bancária em abril deste ano, e a também britânica Revolut, recém-autorizada a operar no país.

No mercado mexicano, a SumUp ainda vai competir com players locais como a Clip, startup de pagamentos para pequenos negócios avaliada em US$ 2 bilhões e que recebeu US$ 100 milhões no ano passado em uma rodada Série D.

No país, apenas um quarto das transações financeiras é realizado por meio de cartão. Além disso, mais da metade da população adulta ainda não possui conta bancária, de acordo com dados do Banco Mundial, mas a expectativa é que esse quadro mude nos próximos anos.

A aceitação de pagamentos com cartão no comércio do país aumentou principalmente graças à expansão de maquininhas de instituições financeiras não bancárias, que operavam e administravam 78% dos mais de 6,3 milhões de leitores de cartão em uso nos estabelecimentos até o fim de 2024, segundo o banco central do México.

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O publico-alvo da SumUp são as cerca de 4,5 milhões de pequenas e médias empresas mexicanas, das quais 94% microempresas, de acordo com o Banco Mundial e a OCDE.

A estratégia de entrada é focada na SumUp Go, uma maquininha com conectividade 4G, sem custos fixos mensais e com uma taxa de transação considerada pela empresa como competitiva. O equipamento custa 4.000 pesos mexicanos (aproximadamente US$ 200).

“Um dos diferenciais que trouxemos aqui no Brasil e vamos levar ao México é o suporte, com pessoas que auxiliam pelo telefone, e as taxas competitivas”, disse a executiva.

Em um primeiro momento, a operação será gerenciada a partir dos Estados Unidos, a SumUp já está estabelecida. De acordo com a CFO, de acordo com o andamento dos negócios, a empresa deve reavaliar os planso.

Há um entendimento também que o México pode funcionar como um polo tecnológico, não apenas servindo a operação local, mas outros países da região.

Plano de produtos e expansão acelerada

Embora o lançamento inicial seja focado na maquininha, a SumUp planeja expandir rapidamente seu portfólio no México. O Tap to Pay deve ser o próximo a chegar, seguido de link de pagamento e conta digital.

“Pretendemos ter esses produtos disponíveis nesse mercado em 12 meses. A conta digital pode levar de 12 a 18 meses devido às licenças específicas”, disse.

A executiva comparou a trajetória mexicana com o que aconteceu no Brasil, onde a empresa está presente desde 2013.

“A SumUp evolui de uma maquininha ‘pareada’ com celular para stand-alone, depois link de pagamento e migramos para um banco digital. É como se fosse uma ‘receitinha de bolo’ que usamos em cada mercado”, afirmou.

Crédito como próxima fronteira

Além da expansão geográfica, a SumUp está investindo em soluções de crédito. No Brasil, a empresa já emprestou R$ 100 milhões e oferece crédito para metade de sua base de clientes. Na Europa, especialmente Itália e Inglaterra, os valores são ainda maiores.

“No Brasil, eu acredito que o grande jogo vai se dar no crédito nos próximos quatro anos”, afirmou Lazaro, que enxerga no produto um caminho para acelerar o crescimento no país.

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“Hoje, a frente de pagamentos continua sendo a principal, mas vem diminuindo - no bom sentido. Nós tínhamos 100% dos resultados da SumUp vindo de pagamento e hoje 30% tem origem em outros negócios - sendo crédito e banco.”

Após obter a licença do Banco Central brasileiro para operar como Sociedade de Crédito Direto (SCD), a fintech de origem inglesa aguarda por uma nova autorização: Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI), que garante o status de financeira e permitir ofertar outros produtos de crédito.

A empresa projeta que pode receber a permissão até dezembro de 2026.

“Com o Open Finance, você consegue fazer a leitura da história daquele lojista e oferecer um crédito justo. Ainda tem muito que avançar nesse lado de crédito aqui no Brasil, até porque o spread ainda é muito alto, e nós vemos um mar azul”, afirmou a executiva quando questionada sobre a crescente competição no mercado.

Planos para a Argentina

Além da expansão para o México, a SumUp também está de olho em outro potencial mercado na região: a Argentina, o país vizinho que ainda enfrenta uma série de desafios econômicos sob a liderança de Javier Milei.

“Apesar de o Mercado Pago ser muito forte lá, nós vemos o país como uma oportunidade. Tem muito vendedor que ainda precisa [da solução]”, disse a CFO.

A executiva também disse que a empresa mantém ativamente uma estratégia de crescimento por meio de M&As, seguindo os passos da aquisição da Fivestars nos Estados Unidos, em 2021, e da PayLeven no Brasil, em 2016.

“Estamos no mercado olhando propostas e possíveis aquisições locais. Isso é uma constante nossa nas Américas e Europa.”

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