Rodadas da semana: fintechs que atuam com condomínios e PMEs fecham captação

Nos últimos dias, startups como CondoConta e Credix receberam capital via aporte de VC e crédito, respectivamente, para expandir suas operações na América Latina

Região da Faria Lima, em São Paulo: capital de risco continua a fluir para startups da América Latina (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)
18 de Novembro, 2023 | 07:46 AM

Bloomberg Línea — A semana que passou foi marcada por aportes relevantes de fundos de capital de risco por meio de equity e de linhas de crédito para startups da América Latina. A fintech CondoConta, que pretende ser “o banco dos condomínios”, recebeu uma Série A de US$ 13,2 milhões, enquanto a Credix, uma plataforma de financiamento a pequenas empresas na América Latina, fechou uma linha de crédito de US$ 60 milhões.

Já a Logcomex, startup de logística com sede em Curitiba, anunciou um aporte Série A de US$ 33 milhões da Riverwood Capital.

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Conheça as startups que captaram nos últimos dias:

CondoConta

A fintech CondoConta recebeu uma Série A de US$ 13,2 milhões com a SYN Proptech (SYNE3), a Endeavor Scale-Up e a Terracotta Ventures, além dos atuais investidores como Redpoint eVentures e Igah Ventures.

Rodrigo Della Rocca, CEO do CondoConta, já trabalhava com o mercado de condomínios e fundou uma startup que foi adquirida por uma administradora de condomínios há cerca de sete anos. A ideia de ser um “banco para condomínios” no Brasil foi iniciada em 2020.

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A startup não tem uma licença própria, mas se conecta a outras empresas para oferecer financiamento para condomínios, embora Della Rocca afirme que a empresa está em vias de requerer para Banco Central uma licença própria ou adquirir alguma outra companhia.

“Temos avançado bastante em conversas para comprar algum player com licença, o que para nós faz mais sentido do que começar um processo”, disse Della Rocca em entrevista à Bloomberg Línea.

A empresa pretende crescer em crédito condominial.

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“Tem duas frentes em que crescemos em crédito condominial. Uma delas é a receita garantida, e a outra, financiamento”, explicou.

O CEO do Condoconta destacou que busca endereçar dores financeiras de síndicos, que incluem a dificuldade em captar crédito no mercado e lidar com inadimplência.

Ele ressaltou a importância de proporcionar uma receita garantida mensal para os condomínios, eliminando a preocupação do síndico em cobrar inadimplentes e garantindo estabilidade financeira - dessa forma, o Condoconta arca com pagamentos de condôminos que atrasam o pagamento.

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Ele explicou que a inadimplência em condomínios muitas vezes ocorre devido a questões práticas, como esquecimento de pagamento. A empresa então busca profissionalizar a gestão condominial, implementando processos de recebimento mais eficientes e introduzindo o plano de pagamento, evitando atrasos e melhorando a saúde financeira dos condomínios.

O empreendedor disse que a empresa atua de maneira diferente da de um banco tradicional, pois oferece a condomínios acesso a financiamento com taxas entre 2 a 4% ao mês. A empresa atingiu uma média de R$ 15 milhões em originação mensal, totalizando mais de R$ 150 milhões até o momento.

Ele disse que o objetivo é escalar a operação, destacando o crescimento nas regiões do interior de São Paulo, em Minas Gerais e no Nordeste. Para Della Rocca, a mudança de geração de síndicos e a adoção de métodos digitais na administração de condomínios são impulsionadores para a empresa.

Credix

A Credix, uma plataforma que fornece financiamento a pequenas empresas, recebeu uma linha de crédito de US$ 60 milhões para expandir suas operações.

A empresa não divulgou mais detalhes sobre o empréstimo, mas disse que a linha foi assegurada por meio de uma parceria com uma gestora de investimentos alternativo dos EUA, focado em oportunidades de empréstimos lastreados em ativos, gerenciando um portfólio de US$ 3 bilhões.

Em entrevista à Bloomberg Línea, o CEO da Credix, Thomas Bohner, disse que a empresa, que existe há dois anos, busca fornecer acesso a crédito global para empresas brasileiras.

A fintech, que no ano passado recebeu um aporte da Motive Partners, do Valor Capital Group e de Marcelo Claure, ex-COO do SoftBank e hoje à frente de sua gestora Bicycle Capital, construiu uma plataforma baseada em blockchain e contratos inteligentes, originando cerca de US$ 40 milhões em créditos para pequenas e médias empresas no mercado brasileiro nos últimos dois anos.

Bohner disse que a linha de crédito de US$ 60 milhões será utilizada para fornecer empréstimos a consumidores e empresas nos mercados brasileiro, colombiano e mexicano, com foco principal no Brasil.

Segundo ele, a startup tem critérios de risco para a seleção de clientes e parceiros e utiliza tecnologia blockchain para tornar a plataforma transparente e escalável. As taxas de financiamento oferecidas variam entre 10% e 25%, a depender do perfil de risco.

A empresa não planeja levantar mais capital via equity no momento, pois está “bem capitalizada”, segundo Bohner. O CEO enfatizou o foco em tornar o negócio lucrativo no próximo ano e expandir a oferta de crédito aos clientes finais.

Quanto à expansão, a Credix já atua no México e na Colômbia, mas planeja dobrar os esforços no Brasil no próximo ano. Eles exploram produtos adicionais, como um modelo semelhante ao Buy Now, Pay Later, e consideram expandir para outros mercados na América Latina.

Bohner disse ainda que a tecnologia blockchain proporciona uma infraestrutura escalável e transparente, o que diferenciaria a Credix de seus concorrentes. Não há planos imediatos para IPO ou oferta de M&A, e o foco atual é no crescimento e melhoria da plataforma tecnológica.

Logcomex

A startup curitibana de software para comércio exterior Logcomex recebeu US$ 33 milhões da Riverwood Capital, com uma avaliação mais elevada do que em sua primeira capitação há dois anos.

O aporte Série A será usado para financiar uma expansão de produtos e serviços para outras partes da América Latina, disse o cofundador e CEO, Helmuth Hofstatter, em entrevista à Bloomberg News.

Ele preferiu não dizer exatamente qual era a avaliação, apenas que a empresa não atingiu o status de unicórnio — o termo para startups que valem US$ 1 bilhão ou mais.

A Logcomex auxilia empresas com dados em tempo real sobre importações e exportações, incluindo logística e agenciamento de cargas.

Fundada em 2016, a Logcomex teve seus negócios com crescimento mais acelerado durante a pandemia, à medida que as cadeias de abastecimento se complicavam devido a uma série de interrupções e isso impulsionou a demanda, disse ele. A empresa emprega 300 pessoas, com operações em 11 países.

Endeavor Catalyst, Igah Ventures, Alexia Ventures e Caravela Capital também participaram da rodada. Gustavo Pinheiro, da Riverwood, entrará no conselho.

-- Com informações da Bloomberg News.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups