Rodadas da semana: CloudWalk levanta o seu maior FIDC e Justos capta R$ 92 mi

Cloudwalk, fintech dona da InfinitePay, levantou R$ 3,14 bilhões em novo veículo de financiamento para bancar expansão; insurtech Justos também busca reforçar a sua operação

Vista de São Paulo: aportes na semana refletem o apetite por infraestrutura financeira. (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
21 de Junho, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — As rodadas de investimento desta semana refletiram o apetite por infraestrutura financeira — seja no crédito tradicional, nos seguros ou em soluções baseadas em criptoativos.

A CloudWalk levantou R$ 3,14 bilhões, a sua maior captação com FIDCs, veículo que começou a ser usado na estrutura da fintech em 2021.

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A Justos, insurtech focada em seguro auto, captou R$ 92 milhões em equity para fortalecer sua operação.

No universo de infraestrutura cripto, a startup de origem mexicana XFX recebeu US$ 9,1 milhões para construir uma camada de liquidação de FX para pagamentos com stablecoins.

Os investimentos em startups que atuam no segmento de criptomoedas atreladas a ativos estáveis - como o dólar - é uma tendência no mercado.

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De acordo com dados da CB Insights, os aportes devem bater US$ 12,3 bilhões em 2025, salto superior a 12 vezes em relação aos números do ano passado, quando os investimentos somaram US$ 1 bilhão.

A alta no volume e no interesse nessas tecnologias compreende desenvolvimentos importantes no setor, desde a entrada de instituições financeiras tradicionais até a ampliação dos casos de uso e maior clareza regulatória pelo mundo.

Veja os detalhes das operações:

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CloudWalk

A CloudWalk, dona das marcas InfinitePay e Jim.com, concluiu a captação de um novo FIDC no valor de R$ 3,14 bilhões, o maior já estruturado pela fintech desde sua fundação em 2013.

O fundo será usado para ampliar a oferta de antecipação de recebíveis de cartão de crédito para a base de mais de 4 milhões de clientes, formada principalmente por micro e pequenos empreendedores.

A nova estrutura amplia o prazo de vencimento para cinco anos, o que representa um avanço na estratégia da startup de buscar funding mais estável e de longo prazo.

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Desde 2021, a CloudWalk, fundada e liderada por Luis Silva, já levantou mais de R$ 10,5 bilhões via FIDCs, dos quais R$ 9,5 bilhões seguem ativos.

A fintech registrou R$ 2,7 bilhões em receita em 2024, com crescimento de 67% sobre o ano anterior.

Metade da receita atual vem de produtos lançados nos últimos dois anos com uso de IA generativa, aplicada em soluções de crédito, pagamentos instantâneos e na precificação automatizada de taxas.

A emissão foi coordenada pelo Itaú BBA, com participação de Banco do Brasil BI, J. Safra, Bradesco BBI e BTG Pactual.

Justos

A Justos, insurtech brasileira focada em seguro de automóveis, levantou R$ 92 milhões em uma rodada bridge liderada pela Ribbit Capital, com participação de Kaszek, Endeavor Catalyst e Scale-Up Ventures.

Os recursos vão sustentar a expansão da companhia, que desde março opera como seguradora S3, com autorização plena da Susep.

Fundada no fim de 2020, a Justos soma agora mais de US$ 55 milhões captados desde a criação.

A startup utiliza telemetria via smartphone para avaliar o comportamento dos motoristas e oferecer apólices com mensalidades até 30% mais baixas que as de seguradoras tradicionais.

A nova rodada chega após um ciclo de crescimento anual com redução contínua da sinistralidade, que acumula 67% até 2025, segundo o CEO e cofundador Dhaval Chadha.

O capital também será direcionado ao desenvolvimento de ferramentas de IA voltadas para corretores de seguros, principal canal de distribuição da insurtech.

XFX

A XFX, startup que desenvolve uma camada de infraestrutura para liquidação internacional com stablecoins, captou US$ 9,1 milhões em uma rodada Seed liderada pela Haun Ventures, com participação de Castle Island Ventures, Oak HC/FT, Coinbase Ventures, Paxos e investidores-anjo estratégicos.

A gestora brasileira MAYA Capital também entrou na rodada.

Fundada por Santiago Alvarado (ex-Bitso Business), Alberto Sanchez (ex-JP Morgan, e Jason Losh, a XFX quer resolver um dos gargalos atuais no uso de stablecoins em pagamentos transfronteiriços: a conversão de moedas.

A proposta da startup é criar uma camada programável de FX e liquidação, garantindo liquidez consistente e previsibilidade na liquidação entre moedas fiduciárias e stablecoins.

Com o crescimento das transações com stablecoins — que movimentaram mais de US$ 27,6 trilhões no último ano —, a startup mira instituições financeiras, fintechs e processadoras de pagamentos que buscam integrar pagamentos via stablecoins sem lidar com a complexidade cambial e operacional do back-end.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark