Rodadas da semana: Agibank levanta R$ 2 bi com FIDC, e Solinftec capta R$ 300 mi

Banco digital Agibank fez sua estreia com este tipo de produto de financiamento

Agibank usará os recursos para financiar a expansão da carteira de crédito (Foto: Paulo Fridman/Bloomberg)
31 de Maio, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea Brasil — A semana terminou com um dos maiores anúncios recentes de captação a partir de um FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios). O banco digital Agibank levantou R$ 2 bilhões em sua estreia com este tipo de produto de financiamento.

Entre os investimentos em equity, o maior aporte foi na agtech Solinftech, que desenvolve produtos tecnológicos para o campo, entre robôs para identificar pragas e IAs que rodam como sistemas operacionais.

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Veja abaixo as principais movimentações da semana e as gestoras por trás dos investimentos:

Agibank

O Agibank concluiu sua primeira estruturação de FIDC, com a captação de R$ 2 bilhões lastreados em operações de crédito consignado.

A oferta, voltada a investidores institucionais, marca a estreia do banco nesse tipo de instrumento estruturado. A operação contou com a coordenação do Santander e Itaú BBA, e recebeu rating ‘AAA.br’ pela Moody’s Local.

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Com prazo de até 10 anos, os recursos serão usados para financiar a expansão da carteira de crédito do banco, que atualmente soma cerca de R$ 30 bilhões.

A transação amplia a estratégia de diversificação de funding do Agibank, num momento de crédito mais caro no país. O banco já vinha atuando com emissões de debêntures securitizadas.

No primeiro trimestre de 2025, o Agibank reportou lucro líquido de R$ 350,5 milhões e ROAE (Retorno sobre Patrimônio Líquido Médio) de 45,2%.

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Solinftec

A Solinftec concluiu uma rodada Série D, com um investimento de R$ 300 milhões liderado pela YvY Capital, de Paulo Guedes, em parceria com a gestora de private equity Rise | Life-Centered Investments.

A agtech, que usa automação e inteligência artificial aplicada à agricultura, vai investir os recursos para escalar a operação no Brasil e no exterior.

No mercado desde 2007, o negócio tem entre os produtos de destaque o robô autônomo Solix, movido a energia solar e guiado por IA, capaz de identificar pragas e plantas daninhas com precisão, reduzindo em até 90% o uso de herbicidas.

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A empresa também é responsável pela Alice, plataforma agrícola baseada em IA que atua como um sistema operacional de fazendas e oferece 15 produtos para as diferentes etapas da produção.

Com o novo investimento, a Solinftec pretende acelerar o desenvolvimento tecnológico e consolidar a sua posição no mercado. Além do Brasil, a agtech opera com unidades nos Estados Unidos, Colômbia, China e México.

Estoca

A Estoca, logtech de gestão de operações para o e-commerce, foi avaliada em R$ 470 milhões em nova rodada. Fundada em 2020, a startup registrou crescimento de 3,5 vezes na receita em 2024 e movimentou mais de R$ 2 bilhões em GMV. A expectativa é quadruplicar de tamanho nos próximos dois anos, com expansão nacional e o uso de inteligência artificial.

A startup oferece soluções completas de fulfillment — incluindo armazenagem, manuseio, expedição e entrega — a partir de oito centros de distribuição no Brasil.

Além do atendimento a marcas como New Balance, Supley e Ollie, a Estoca foi escolhida como parceira logística do TikTok Shop no país.

A nova rodada, de valor não divulgado, foi liderada pela Astella, com participação de Y Combinator, FJ Labs e Irongrey.

Omni Saúde

Healthtech que oferece um plano digital para compra de medicamentos via empresas, a Omni Saúde recebeu um aporte da Wayra Brasil, braço de CVC da Vivo. O investimento complementa a rodada liderada pela Enseada, family office da família fundadora da SulAmérica, de US$ 1 milhão. O Wayra não abre o valor aportado, mas os aportes do CVC da Vivo vão até R$ 2 milhões.

Com o novo capital, a startup pretende crescer cinco vezes em 2025 e alcançar o breakeven no próximo ano.

A solução, usada por companhias como Riachuelo, Grupo Trigo e Dr. Consulta, utiliza inteligência artificial para interpretar prescrições e acompanhar tratamentos.

A startup foi fundada por Leopoldo Veras e Fernando Domingues (ex-Conexa Saúde) e captou R$ 23 milhões. Para chegar à meta de 70 mil vidas este ano, a Omni pretende ampliar os canais de distribuição e a entrada nos RHs.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark