Rodadas da semana: a volta da Série D com o aporte de US$ 50 milhões na Daki

Além da startup brasileira de entrega de produtos de mercado, a mexicana Blind Creator e as nacionais Mission Brasil e Starbem também receberam investimento

Por

Bloomberg Línea — A indústria de Private Equity e Venture Capital movimentou R$ 3,64 bilhões no Brasil entre julho e agosto deste ano com 46 operações no período.

Os números dos últimos dois meses superam em volume e quantidade o total do segundo trimestre e, portanto, refletem a tendência de recuperação dos investimentos. Os dados foram levantados pela TTR Data e anunciados nesta semana pela ABVCAP (Associação Brasileira de Venture Capital e Private Equity).

Um aporte de destaque na semana foi recebido pela Daki, startup que opera um aplicativo de entrega de produtos de mercado com estoque próprio. O cheque de US$ 50 milhões foi recebido em uma rodada Série D - estágio que foi o mais prejudicado em termos de restrição de capital nos últimos meses.

A rodada foi liderada pela Convivialité Ventures, braço de investimento da Pernod Ricard, um dos maiores grupos de bebidas alcólicas do mundo.

Os recursos serão destinados para acelerar o crescimento em direção à lucratividade. O breakeven já era mencionado como objetivo pela Jokr, empresa-mãe da Daki, desde o ano passado.

A rodada contou com o apoio do banco suíço Lombard Odier como novo investidor, bem como outros já existentes, como G-Squared, GGV, Balderton Capital, Greycroft, Tiger Global e Monashees.

O modelo de negócios da Daki guarda algumas semelhanças com o do Instacart, que concluiu seu IPO (oferta pública inicial) nesta semana na Nasdaq e viu suas ações subirem até 43% em sua estreia no mercado na terça-feira (19) antes de devolverem os ganhos ao longo da semana.

Segundo especialistas, é um sinal de possível cautela dos investidores em relação ao modelo de negócios da empresa e ao mercado de tecnologia de forma ampla, segundo a Bloomberg News.

A companhia encerrou a semana com market cap de US$ 8,3 bilhões, muito abaixo dos US$ 39 bilhões depois de sua última rodada antes da abertura de capital, em março de 2021.

Daki

A Daki foi fundada em janeiro de 2021 por Alex Bretzner, Rafael Vasto e Rodrigo Maroja, no modelo de dark stores, lojas fechadas ao público com raio de entrega reduzido a poucos quilômetros e com estoque próprio.

Os produtos incluem mercearia, hortifruti, carnes,& congelados, padaria, bebidas, casa, limpeza, cuidado pessoal, bebê e até produtos para os pets. A Daki atende em São Paulo, Santos, Campinas, ABC Paulista, Osasco, Guarulhos, Rio de Janeiro, Niterói e em Belo Horizonte e tem mais de 900 funcionários.

Em junho de 2021, a startup se fundiu com a Jokr, que, em dezembro do mesmo ano, recebeu um aporte que a avaliou em US$ 1,2 bilhão.

No início deste ano, a Jokr, cuja marca comercial no Brasil é a Daki, levantou uma rodada da Série C no valor de US$ 50 milhões de dólares. O aporte aumentou sua avaliação em US$ 100 milhões para um valor total de US$ 1,3 bilhão, de acordo com o CEO da Jokr, Ralf Wenzel, em entrevista à Bloomberg Línea à época.

Na rodada Série C participaram investidores existentes, como GGV, G Squared, Tiger Global e HV, além da Pernod Ricard. A Série C tinha sido focada no Brasil, já que a empresa, à época, anunciou que estava saindo do México. A Jokr acabou saindo de todos os mercados hispânicos e dos Estados Unidos para focar apenas no negócio da Daki no Brasil.

À época, Wenzel afirmou que a Jokr destinou a maioria dos recursos recebidos nos últimos dois anos ao mercado brasileiro, que proporcionou o melhor retorno do investimento. Ele mencionou que quase 70% de todos os fundos levantados foram investidos no Brasil, resultando em uma escala e eficiência mais elevadas em comparação com outros países. Tanto a Série C quanto a D tiveram valores melhores do que os US$ 260 milhões levantados na Série B em novembro de 2021.

O CEO da Daki, Rafael Vasto, não respondeu aos pedidos de comentário da Bloomberg Línea, mas disse, por meio de comunicado à imprensa, que a empresa espera terminar o ano com um faturamento duas vezes maior que o de 2022.

Mission Brasil

A plataforma brasileira Mission Brasil recebeu um aporte de R$ 6,8 milhões da DOMO e da Headline XP Venture Capital. A startup opera uma plataforma de serviços sob demanda, com a intermediação de profissionais.

Com a rodada, a startup espera triplicar o faturamento mensal, chegando a uma base anual de R$ 18 milhões, e desenvolver produtos. Até hoje, a startup - que tem 440 mil clientes - captou R$ 10,5 milhões em investimentos. A meta é chegar a 2 milhões de clientes no intervalo de um ano.

A Mission Brasil disse que pretende incrementar a operação comercial em 60%, além de investir em outras áreas estratégicas como tecnologia e marketing, abrir dezenas de vagas e dobrar o tamanho da equipe ainda em 2023. Deve passar a atuar em um novo escritório em São Paulo.

Starbem

A healthtech brasileira Starbem recebeu mais de R$ 5 milhões em uma rodada Seed. Os recursos de investidores-anjo brasileiros serão destinados à ampliação do time e a outras áreas estratégicas, como tecnologia e marketing, além de impulsionar a expansão nacional e internacional do negócio.

Por meio de um aplicativo, a Starbem oferece consultas por videochamada pelo celular com mais de 15 especialidades médicas, psicologia e nutrição. A empresa também conta com o StarCheck, que mede dados de saúde para quem baixa o aplicativo. A startup estima fechar 2023 com R$ 10 milhões de faturamento.

A Starbem foi fundada em 2020 e já captou aproximadamente R$ 10 milhões. No Brasil, a empresa possui mais de 230 mil usuários ativos e 96 empresas clientes, além de parceiros como Gympass, TotalPass, laboratórios dos grupos A+, Dasa, Labi Exames, Sabin e Hermes Pardini e as farmácias Drogasil e Droga Raia.

Blind Creator

A Blind Creator, uma plataforma mexicana de gestão e crescimento de influenciadores e criadores de conteúdo, recebeu um investimento de 10 milhões de pesos (US$ 582 mil) em uma rodada pre-Seed, que permitirá a expansão de suas soluções e o desenvolvimento de sua tecnologia. Brian Requarth, ex-VivaReal e hoje Latitud, e Alejandra Ríos, CEO da Ambrosía, investiram na startup enquanto anjos.

Até o final de 2024, a Blind Creator planeja apoiar o crescimento de mais de 30.000 influenciadores de língua espanhola e gerar receitas de US$ 5 milhões.

Também participaram do aporte os fundos Amador Holdings, um fundo de capital de risco de origem panamenha que investe em plataformas latino-americanas de Software as a Service (SaaS), e a Kuiper, uma empresa de capital de risco sediada no México, especializada em investir em empresas de tecnologia nos mercados de língua espanhola. Outros 16 investidores-anjo estão envolvidos no projeto.

Fundada no México em 2022, a Blind Creator é uma plataforma SaaS com finanças integradas, focada em criadores de conteúdo digital. Ela busca tornar o trabalho de relacionamento com marcas, influenciadores e seus representantes mais eficiente.

Leia também

Nvidia: como a empresa símbolo da IA pretende crescer mais no Brasil e em LatAm

PagBank, ex-PagSeguro, colhe frutos de diversificação e reduz custo de financiamento