Bloomberg Línea — Na corrida das big techs por mais proximidade com o ecossistema de inovação, a Qualcomm decidiu trazer o seu programa “IA Qualcomm para Inovadores” para Brasil e México, as duas maiores economias da América Latina.
A iniciativa tem o objetivo de impulsionar o apoio a desenvolvedores e startups na região na criação de soluções de inteligência artificial (IA) de ponta, diretamente nos dispositivos.
O programa foi criado em 2019, incubou 318 startups e contribuiu para 1.200 patentes globalmente, além de contar com uma equipe com mais de 4.000 desenvolvedores.
“Essas startups geraram mais de US$ 535 milhões em desenvolvimento de capital em seis anos de existência do programa”, disse Marco Sores, diretor de Engenharia Qualcomm LatAm e líder da iniciativa, em evento nesta quinta-feira (17).
O projeto nasceu na Ásia com foco em startups e desenvolvimento de interatividade e 5G e, aos poucos, caminhou para o universo de IA.
De acordo com o diretor, a decisão de trazer o programa para a América Latina vem de uma demanda cada vez maior de startups que desejam aplicar o chamado edge IA em seus processos e que a Qualcomm não conseguia atender.
A companhia disse não limitar o tipo de empresa que pode participar e que startups das mais diversas áreas — de agricultura ao jurídico — são bem-vindas.
“O nosso filtro é mais pelo critério de inovação, impacto social e uso da tecnologia de IA na borda”, explicou Soares.
Segundo ele, o foco está em startups em estágios mais avançados, como as que já concluíram Séries A e B. “São negócios que já têm algum tipo de tração e que podem incorporar IA embarcada nas soluções.”
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O programa
O programa oferece acesso a recursos técnicos, mentoria, kits de desenvolvimento, bolsas financeiras e até incentivo à proteção de propriedade intelectual.
A iniciativa será dividida em duas fases: a primeira, voltada à otimização de modelos de IA no Qualcomm AI Hub, e a segunda, com suporte intensivo às startups selecionadas para desenvolvimento de casos de uso reais com hardware fornecido pela companhia.
As startups que avançarem à segunda fase do programa receberão seis meses de mentoria dedicada, kits de desenvolvimento da Qualcomm, bolsa de até US$ 5.000 e possibilidade de incentivo adicional para registro de patentes.
A jornada culminará em um Demo Day, previsto para o início de 2026, com apresentação para investidores e parceiros estratégicos.
Além disso, as participantes podem eventualmente atrair interesse da Qualcomm Ventures, braço de investimentos da companhia, que já aportou em 12 startups no Brasil.
“A Qualcomm Ventures também observa oportunidades dentro do programa. Já tivemos casos de empresas investidas que passaram por essa jornada.”
As informações sobre elegibilidade, critérios de avaliação e formulário de inscrição estão disponíveis no site do programa.
Ao longo dos últimos anos, outras big techs — como Amazon, via AWS, Google e Microsoft — estruturaram programas considerados robustos de aceleração e parcerias com startups.
Questionado sobre a possível defasagem da Qualcomm nesse tipo de relação, o executivo refutou o risco: “Muito pelo contrário. A tecnologia de IA na borda teve um avanço exponencial nos últimos três anos, e a demanda explodiu. O que estamos fazendo agora é justamente atender a esse salto.”
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