Bloomberg Línea — “Eu acho que depois de quinze anos de iFood e seis anos de Nomad, eu precisava de alguma coisa nova para dar uma oxigenada na vida”, afirmou Patrick Sigrist em entrevista para apresentar o seu novo projeto.
O empreendedor serial, um dos mais bem-sucedidos do país, decidiu lançar a IORQ, uma plataforma de orquestração de crédito para investir na tese de embedded finance.
Mais do que conceder crédito para empresas, a IORQ pretende conectar aqueles que precisam de recursos com quem quer investir, com uso de dados e tecnologia para reduzir riscos e tornar o processo mais ágil e acessível.
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O modelo mira tanto negócios com faturamento na faixa de R$ 500 milhões quanto empresas menores - acima de R$ 100 milhões.
A montagem do modelo de negócio da IORQ contou com a aquisição da Quatá Investimentos, gestora com quase 20 anos de operação de mercado de crédito e berço do que viria a ser a QI Tech, o unicórnio de Lending and Banking as a service liderado por Pedro Mac Dowell.
Com a transação, Beatriz Degani, sócia-fundadora da Quatá, assume como CEO da IORQ e traz o portfólio com R$ 2,5 bilhões sob gestão. O acordo entre as partes foi feito com troca de ações e o valor não foi revelado.
O novo negócio de Sigrist também foi ao mercado para levantar capital. Com fundos como Monashees, Upload Ventures, ONEVC e Norte, em rodada que ele definiu como “Série A compacta”, captou R$ 35 milhões.
“Esse mercado de crédito é ainda muito antigo e tem muita oportunidade de evoluir, renovar e tudo o mais”, disse o empreendedor. “Hoje, o crédito está 100% centralizado. E queremos fazer essa descentralização. É uma tendência.”
De acordo com dados do Banco Central, os bancos responderam por 85% da concessão de crédito no ano passado. As quatro maiores instituições - Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Itaú (em ordem alfabética) - concentraram 58% das operações.
Mesmo na Nomad - e também em contatos com startups próximas -, o empreendedor encontrou dúvidas constantes sobre como estruturar e operacionalizar as áreas de crédito dentro das empresas.
“Na Nomad, nós queremos fazer crédito. Como que faz? Ou você terceiriza tudo isso - e fica na mão de terceiros - ou precisa de alguém que ajude a fazer. É o que queremos fazer”, contou sobre o processo de fundação da IORQ, que levou 18 meses.
Na estrutura desenhada pela nova plataforma, companhias e startups podem operar puramente pelo crédito, mas também terão à disposição as ferramentas para estruturar suas próprias áreas financeiras, em modelo white label para liberar recursos para fornecedores, clientes e até funcionários.
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“A diferenciação tecnológica não está exatamente no processo de conceder o crédito mas, sim, em tudo que vem depois”, disse Bernardo Mergár, sócio e COO da IORQ.
“Nós oferecemos capital, expertise e tecnologia para o cliente montar a área de crédito, seja ele uma startup ou um frigorífico no interior de São Paulo.”
De acordo com os empreendedores, a IORQ entra no mercado com um modelo “arejado”, o que significará maior agilidade nos processos, redução de custos de operações - com mínima intervenção humana na esteira de crédito - e performance das operações.
E, no fim do dia, a proposta é garantir melhores margens e ganhos de escala.
“Para as empresas, nós oferecemos um produto com muita granularidade de dados e o controle da operação. E, para o cotista, que coloca dinheiro na IORQ, o nosso serviço terá muito mais rentabilidade e escala suficiente para ele alocar bastante aqui”, disse Mergár.
Patrick, em sua terceira empreitada empreendedora, disse que a IORQ tem potencial para se tornar a sua empresa “para a vida”, após o iFood e a Nomad, do qual participa do conselho.
“Eu posso pôr o meu próprio capital lá para render e está ótimo. Acho que três empresas é um número bom”, afirmou o empreendedor.
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