Além de São Paulo: Monterrey e Medellín ganham terreno como novos hubs de startups

Ecossistema latino entra em nova fase com cidades fora do eixo tradicional em expansão, segundo o relatório Startup Ecosystem Insights 2025 da Latin American Venture and Private Equity Association (LAVCA)

Colombia
27 de Outubro, 2025 | 03:57 PM

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Por mais de uma década, o mapa do empreendedorismo latino-americano se concentrou em três centros: São Paulo, Cidade do México e Bogotá.

Mas o recente relatório Startup Ecosystem Insights 2025 da Latin American Venture and Private Equity Association (LAVCA) mostra que esse mapa tem dado sinais de mudanças.

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Uma onda de capital, talento e tecnologia começou a posicionar cidades emergentes, como Monterrey e Medellín, entre os ecossistemas mais ativos da região.

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De acordo com a LAVCA, uma organização sem fins lucrativos, os centros emergentes já respondem por 21% das novas startups com investimento de capital de risco entre 2024 e o primeiro semestre de 2025.

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E, embora os cinco principais centros de São Paulo, CDMX, Santiago, Bogotá e Buenos Aires continuem a concentrar a maioria dos negócios, o crescimento acelerado de cidades como Monterrey, Medellín e Montevidéu revela um processo de descentralização do capital empresarial.

Escala do México

O relatório da LAVCA que vem mapeando e fortalecendo o ecossistema de investimentos da região desde 2002, confirma outro ponto de inflexão: as startups mexicanas atraíram a maior quantidade de dólares de capital de risco da região no primeiro semestre de 2025, ultrapassando o Brasil pela primeira vez em uma década e meia.

Essa tendência beneficia diretamente Monterrey, que se tornou uma extensão natural do ecossistema da CDMX.

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A cidade do norte está aproveitando sua histórica força industrial, sua proximidade com os Estados Unidos e o impulso do nearshoring para atrair financiamento, incubadoras e novos fundadores.

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De acordo com os dados da LAVCA, Monterrey está entre as 12 cidades mais ativas em número de negócios de capital de risco desde 2019, confirmando seu progresso como um dos principais centros emergentes da região.

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Startups como a Nowports, a plataforma de logística que alcançou o status de unicórnio em 2022, simbolizam essa transformação: empresas que nascem da manufatura, da logística ou da energia e escalam por meio da tecnologia.

Transformação como modelo

Medellín, que já havia sido reconhecida por sua política de inovação urbana há uma década, agora consolida seu perfil como um centro tecnológico e digital.

Entre 2019 e 2024, a cidade subiu na classificação para se juntar a Monterrey entre os principais centros emergentes regionais.

O estudo da LAVCA destaca que Medellín mantém uma trajetória estável de novos projetos de investimento em empreendimentos, impulsionada por iniciativas como a Ruta N, universidades com foco em tecnologia e a chegada de nômades digitais e fundadores internacionais atraídos por seus custos e qualidade de vida.

Com esse acréscimo entre os hubs emergentes com o maior número de novas startups de acordo com a LAVCA, Medellín se destaca por combinar infraestrutura pública e uma comunidade empresarial madura, resultado de anos de políticas locais de inovação.

Um ecossistema mais amplo

No geral, 2.760 startups latino-americanas levantaram capital desde 2020, e um terço delas o fez nos últimos 18 meses.

Embora o fluxo de investimentos permaneça estável após o ajuste de 2022, a LAVCA adverte que os fundos estão mais seletivos e priorizam a eficiência do capital e a experiência do fundador.

De fato, 38% das rodadas maiores que US$ 1 milhão entre 2024 e 2025 foram lideradas por fundadores repetidos, enquanto o capital de risco corporativo (CVC) participou de 15% dos negócios, com nomes como FEMSA Ventures, TelevisaUnivision ou MercadoLibre ativos na região.

A LAVCA identifica que o crescimento desses centros emergentes coincide com duas tendências transversais: o aumento da inteligência artificial como prioridade estratégica para os fundos e a expansão do pipeline de startups espanholas, que já representa 54% das novas empresas investidas desde 2024.

De acordo com a análise da LAVCA, o ecossistema latino-americano está passando por um novo estágio de descentralização, com cidades fora das capitais tradicionais ganhando peso na atividade de capital de risco.

Embora São Paulo e a Cidade do México continuem a marcar o ritmo, cidades como Monterrey, Medellín, Montevidéu, Lima e Guadalajara estão projetando uma narrativa diferente: a de centros que crescem a partir de sua identidade local e se integram a uma rede de inovação continental.