SoftBank volta ao lucro após um ano e reforça aposta em IA e na Arm, de chips

Grupo japonês que é um dos maiores investidores em tecnologia do mundo explora maneiras de utilizar os projetos de chips da Arm ‘ao máximo, segundo indicou

A SoftBank Corp. store signage displayed in Kyoto, Japan, on Sunday, Sept. 24, 2023
Por Min Jeong Lee e Takahiko Hyuga
08 de Fevereiro, 2024 | 05:18 PM
Últimas cotações

Bloomberg — O SoftBank Group (SFTBY) voltou a registrar lucro após quatro trimestres de prejuízos e delineou como reposicionará sua estratégia em torno da Inteligência Artificial e seu ativo mais valioso, a Arm Holdings (ARM).

A empresa japonesa que é uma das maiores investidoras em startups de tecnologia do mundo procura maneiras de utilizar os projetos de chips da Arm “ao máximo”, enquanto seu fundador, Masayoshi Son, busca investimentos relacionados à IA, afirmou o diretor financeiro, Yoshimitsu Goto.

PUBLICIDADE

“Estamos percebendo novamente o quão significativa pode ser a presença da Arm na IA,” disse Goto em uma conferência de resultados na quinta-feira (8). “Son está ocupado trabalhando em maneiras diferentes pelas quais a Arm poderia ser usada.”

O SoftBank registrou seu primeiro lucro desde setembro de 2022, ajudado também por um ganho inesperado com as ações da T-Mobile US. O lucro líquido para o trimestre de dezembro foi de 950 bilhões de ienes (US$ 6,4 bilhões), revertendo uma perda de 783 bilhões de ienes do ano anterior.

O segmento do Vision Fund registrou um lucro de 423 bilhões de ienes, graças a ganhos com ações de empresas como DoorDash, Auto Store Holdings e Symbotic, bem como um aumento na avaliação da ByteDance, proprietária do TikTok. No entanto, de forma acumulada, o Vision Fund ainda estava no vermelho, com quase US$ 3 bilhões de perda.

PUBLICIDADE

No último ano, o SoftBank reduziu sua exposição à China, vendendo parte de sua participação na Alibaba. O gigante chinês de tecnologia, que costumava representar 50% dos ativos do SoftBank, tinha participação de apenas 0,02% da holding da empresa em dezembro, disse Goto.

“A Alibaba agora é efetivamente zero, a Arm representa 32%,” disse ele. “A Arm é central para a estratégia de IA do SoftBank.”

O trimestre sólido pode sinalizar mais alívio pela frente, segundo Kirk Boodry, analista da Astris Advisory. “Não temos sido excessivamente otimistas em relação ao portfólio atual”, mas empresas-chave do portfólio como a ByteDance ou a loja online de artigos esportivos americana Fanatics podem abrir capital em 2024, disse ele.

PUBLICIDADE

Impulso de US$ 8 bi da T-Mobile

O SoftBank obteve um ganho com um acordo que lhe deu mais de 48 milhões de ações da T-Mobile, no valor de quase US$ 8 bilhões em dezembro. O acerto foi parte de um acordo firmado quando a T-Mobile adquiriu a rival e antiga unidade do SoftBank em telecom, a Sprint, em 2020, destinado a dar ao grupo mais ações da T-Mobile se o preço das ações subisse acima de um certo nível durante um determinado período.

Um rali de 40% nas ações da Arm no trimestre encerrado em dezembro também impulsionou o valor líquido do ativo do SoftBank para 19,2 trilhões de ienes, uma das métricas de Son para a saúde financeira da empresa de investimentos.

Como proprietário de cerca de 90% da participação na empresa britânica, o SoftBank provavelmente poderá usar a Arm para ajudar a financiar empréstimos para novos investimentos, da mesma forma que uma participação na Alibaba ajudou o SoftBank a garantir financiamento para adquirir a Arm.

PUBLICIDADE

A Arm anteriormente divulgou uma previsão otimista de ganhos, à medida que uma expansão além de smartphones para áreas mais lucrativas, como servidores e data centers, começou a dar frutos.

Isso fez com que as ações da Arm disparassem nas negociações após o fechamento de mercado, aproximando o seu market cap da marca de US$ 100 bilhões. As ações do SoftBank dispararam 11% antes da divulgação dos resultados, para seu maior patamar de fechamento desde julho de 2021.

No entanto permanece o ceticismo sobre as centenas de startups de propriedade privada do Vision Fund. O segundo Vision Fund, financiado inteiramente pelo SoftBank, está mergulhado em prejuízos depois que uma queda pós-pandemia prejudicou os valuations de tecnologia em todo o mundo.

Seu desempenho bruto desde a criação é uma perda de US$ 19 bilhões, enquanto o Vision Fund I registrou um ganho de US$ 16,7 bilhões, disse o SoftBank neste trimestre.

O primeiro Vision Fund também teve seus contratempos, incluindo a WeWork, a startup que já foi avaliada em até US$ 47 bilhões e que entrou com pedido de concordata no Chapter 11 no ano passado.

A atividade de investimento do segundo Vision Fund diminuiu para US$ 90 milhões, uma sombra dos bilhões que o SoftBank costumava movimentar no mercado de startups poucos anos atrás. O primeiro Vision Fund não fez novos investimentos nos últimos nove meses.

O SoftBank ainda está buscando investimentos, mas esses esforços simplesmente não deram frutos no trimestre de dezembro, disse ele. “Magma pode estar se acumulando”, disse em uma metáfora ao movimento que antecede erupções vulcânicas.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Fundador do SoftBank diz que Japão precisa abraçar a IA para não ficar para trás

Este executivo veterano do Google e do Softbank é o mais novo bilionário dos EUA

Crise da WeWork custa US$ 11,5 bi ao SoftBank e arranha a imagem de Masayoshi Son