Sob pressão, BP escolhe outsider de óleo & gás como novo presidente do conselho

Albert Manifold, que comandava empresa de materiais de construção CRH, vai substituir Helge Lund à frente de gigante britânica, em momento de pressão por mudanças por parte da Elliott Investment, do investidor ativista Paul Singer

BP
Por Mitchell Ferman - Leonard Kehnscherper
21 de Julho, 2025 | 09:08 AM

Bloomberg — A BP nomeou o ex-chefe de uma empresa de materiais de construção como seu novo presidente do conselho, em substituição a Helge Lund em meio à pressão por uma mudança na direção da empresa por parte do acionista ativista Elliott Investment Management.

A empresa sediada em Londres informou nesta segunda-feira (21) que Albert Manifold, anteriormente CEO da CRH, ingressará como diretor não executivo e presidente do conselho eleito em 1º de setembro. Lund, que já havia anunciado em abril que deixaria o cargo, sairá em 1º de outubro.

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Manifold assumirá o cargo em um momento desafiador para a BP.

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Após anos de baixo desempenho, o CEO da gigante de energia, Murray Auchincloss, redefiniu sua estratégia em fevereiro e prometeu voltar a se concentrar em petróleo e gás.

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A empresa reforçou seu conselho há duas semanas com a nomeação de Simon Henry, ex-diretor financeiro da Shell e, antes disso, com a contratação de um veterano do setor de xisto.

Embora Manifold não tenha experiência em petróleo e gás, ele supervisionou o desempenho encorajador do preço das ações na CRH.

“Seu impressionante histórico de criação de valor para os acionistas na CRH demonstra que ele é o candidato ideal para supervisionar o próximo capítulo da BP”, disse Amanda Blanc, a diretora sênior independente que liderou a busca pelo novo chairman da BP, no comunicado.

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Um dos 30 principais acionistas da BP, falando sob condição de anonimato, disse que Manifold parecia ser uma escolha sólida e que um processo de recrutamento rápido eliminaria a incerteza.

As ações da empresa subiram até 0,9% na segunda-feira, antes de reduzir o ganho.

A liderança de Manifold na CRH foi notável por uma decisão em 2023 de mudar a listagem principal da empresa de Londres para Nova York.

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Suas ações nos EUA subiram mais de 70% desde a mudança em setembro de 2023, de acordo com dados compilados pela Bloomberg News.

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As gigantes europeias do setor de energia TotalEnergies SE e Shell Plc consideraram a possibilidade de transferir suas principais ações para Nova York para aproveitar o maior apetite dos investidores americanos por gigantes do petróleo e do gás.

“Manifold desempenhou um papel crucial na reviravolta da CRH”, disse Allen Good, analista da Morningstar.

“Principalmente por meio de grandes aquisições e desinvestimentos, ele reformulou seu portfólio para se concentrar em materiais pesados. Essa experiência deve ser útil para ele e para a BP, que está embarcando em uma jornada semelhante.”

O CEO da BP, Murray Auchincloss: plano para retomar foco em oil & gas (Foto: Aaron M. Sprecher/Bloomberg)

Manifold também é diretor não executivo da LyondellBasell Industries, produtora de produtos químicos sediada em Houston, e diretor não executivo da Mercury Engineering, uma consultoria de capital fechado.

“Estou ansioso para trabalhar com o conselho da BP, Murray e a equipe de liderança para acelerar a execução da estratégia da BP e impulsionar a criação de valor atraente e sustentável para os acionistas”, disse ele no comunicado.

A mudança solidifica a nova composição do conselho de administração da BP.

Além de Henry, a empresa nomeou Dave Hager para o conselho no final de maio. Hager está no setor há mais de 40 anos, tendo recentemente liderado a Devon Energy Corp., produtora de xisto dos EUA, como CEO e, em seguida, presidente executivo do conselho.

Manifold poderá ter que lidar com especulações de aquisição da própria BP.

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A queda financeira da empresa, que já dura um ano, fez com que ela se tornasse um possível alvo de aquisição por parte de rivais, que vêm analisando os números da gigante britânica.

A Shell disse recentemente que não tem intenção de fazer uma oferta de compra da BP, desmentindo os relatos de que poderia fazê-lo.

O investidor ativista Elliott tornou pública uma participação de 5% na BP em abril, depois que a nova estratégia da gigante da energia ficou aquém de suas expectativas.

O agressivo fundo hedge de Paul Singer busca medidas transformadoras para mudar a sorte da BP, incluindo cortes profundos nos custos, grandes desinvestimentos e um fluxo de caixa livre significativamente maior.

Recentemente, a BP mostrou o primeiro sinal de uma reviravolta, disse Kim Fustier, analista do HSBC.

A BP disse que espera divulgar um aumento na produção, uma redução na dívida e um resultado sólido de seus traders de petróleo para o segundo trimestre, enquanto os rivais previram resultados trimestrais mais fracos.

-- Com a colaboração de James Herron.

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