Shell busca parceiro para projeto offshore no Brasil, dizem fontes

A gigante petroleira britânica concordou em adquirir a participação da TotalEnergies no complexo Gato do Mato neste ano por meio de uma troca de ativos, e busca vender uma participação de 20% para levantar capital enquanto permanece como operadora

O complexo Gato do Mato deverá iniciar a produção em 2029, com capacidade para produzir 120 mil barris por dia
Por Peter Millard - Mariana Durao
09 de Dezembro, 2025 | 12:18 PM

Bloomberg — A Shell pretende vender uma participação de 20% em um complexo de campos petrolíferos no Brasil para ajudar a financiar o desenvolvimento offshore de múltiplos bilhões de dólares, de acordo com pessoas familiarizadas com o processo ouvidas pela Bloomberg News.

A gigante petroleira britânica concordou em adquirir a participação da TotalEnergies no complexo neste ano por meio de uma troca de ativos, e busca levantar capital enquanto permanece como operadora, disseram as pessoas, que pediram anonimato por não estarem autorizadas a falar publicamente.

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O complexo Gato do Mato deverá iniciar a produção em 2029, com capacidade para produzir 120 mil barris por dia. Ele é fundamental para o objetivo mais amplo da Shell de manter sua posição entre os maiores produtores de petróleo do Brasil.

Com a exploração desses campos, a Shell pretende desempenhar papel crucial para ajudar a compensar o declínio da produção de petróleo bruto proveniente de campos brasileiros antigos, em operação há uma década ou mais.

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A Shell detém participações minoritárias em outros ativos no pré-sal, e, na semana passada, ampliou sua presença em dois campos durante um leilão. A Ecopetrol também possui participação no complexo Gato do Mato.

O Parque das Conchas, único campo brasileiro ativo onde a Shell controla atualmente as operações, já passou do seu pico e agora bombeia cerca de 30.000 barris por dia.

Em resposta enviada por e-mail, a Shell não quis comentar sobre se estaria em busca de um parceiro para o Gato do Mato.

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A busca da Shell por outro parceiro evidencia como até mesmo as maiores exploradoras internacionais rotineiramente se aliam a empresas rivais para ajudar a cobrir investimentos.

A Shell tomou a decisão final de investimento para o Gato do Mato em março, após custos crescentes terem levado a vários anos de atrasos.

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O projeto deverá custar cerca de US$ 3 bilhões, considerando que a unidade flutuante de produção e armazenamento seja arrendada, segundo a consultoria Welligence Energy Analytics.

A Shell não divulgou o valor do projeto e não quis comentar sobre o montante do investimento.

Os dois campos de Gato do Mato, que foram renomeados Orca e Sul de Orca após serem declarados comerciais, representam cerca de 10% do portfólio da Shell no Brasil, de acordo com a Welligence.

A Shell também está explorando a região de águas profundas da Margem Equatorial no país, uma área ambientalmente sensível onde a Petrobras iniciou perfurações em outubro.

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Embora a reserva de recursos recuperáveis de Gato do Mato, estimada em 370 milhões de barris, seja menor do que outras descobertas em águas profundas no Brasil, ela ajudará a limitar a rapidez com que a produção de petróleo declinará na década de 2030, quando a extração começar a diminuir nos maiores campos do país.

“Os ativos são desafiadores, como a maioria dos projetos de desenvolvimento no pré-sal, estando distantes da costa e localizados em reservatórios profundos com alta pressão e baixa temperatura”, disse André Fagundes, que cobre o Brasil para a Welligence. Outro parceiro reduzirá a “exposição de capital” da Shell, enquanto permitirá à empresa manter o controle operacional do projeto, acrescentou.

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