Bloomberg Línea — A Riachuelo planeja abrir entre 15 e 20 lojas em 2026 com investimento total estimado entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões, contando reformas, segundo o CEO do Grupo Guararapes (GUAR3), André Faber.
Em entrevista à Bloomberg Línea, o executivo detalhou os números durante evento de inauguração da loja pop-up da marca em Pinheiros, em São Paulo, nesta quinta-feira (11). O investimento em cada unidade varia entre R$ 7 milhões e R$ 11 milhões, dependendo do tamanho, segundo ele.
“Considerando uma média de R$ 8 milhões e que vamos abrir 15 lojas, planejamos investir no ano que vem em torno de R$ 120 milhões em lojas novas”, calculou Faber.
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O montante estimado de R$ 120 milhões refere-se exclusivamente às aberturas de lojas. O capex total em unidades, que inclui reformas em unidades já existentes, alcança entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões, segundo o CEO.
A expansão marca a consolidação do plano de crescimento da rede varejista de moda após um período de recuperação e transformação da operação.
A pop-up store de 240 metros quadrados na rua dos Pinheiros, que abre ao público nesta sexta-feira (12), funcionará durante 12 meses como protótipo do novo conceito que será replicado nas aberturas e nas reformas em 2026.
A cada quinze dias, a pop-up passará por atualizações de layout e coleções, guiadas por uma curadoria que buscará manter o ambiente sempre renovado.
O espaço é a primeira loja da rede a operar integralmente com self-checkout, formato implementado gradualmente desde o segundo semestre de 2024.
O executivo destacou que o foco da tecnologia está na experiência do cliente.
“Em tudo o que olhamos na Riachuelo, o primeiro pilar da nossa estratégia é sobre experiência. Não é sobre diminuir custo, é sobre melhorar a experiência”, afirmou.
A implementação do self-checkout continuará em 2026, mas Faber não revelou qual a meta de penetração no parque de lojas.
A escolha do bairro de Pinheiros visa atingir formadores de opinião. A loja temporária está próxima do trecho que se tornou mais valorizado e com tráfego maior de consumidores nos últimos anos, com marcas e restaurantes concorridos.
“A ideia de trazer para essa localização é poder também contar da Riachuelo para um público mais formador de opinião sobre tudo o que estamos inovando e o que estamos fazendo”, explicou o executivo, que completa três anos no cargo em maio de 2026.
A marca contou por muitos anos com uma flagship store na rua Oscar Freire, no bairro dos Jardins, que foi encerrada em maio de 2023.
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A estratégia da marca passa por três pilares apresentados na pop-up store, segundo ele: colaborações com estilistas, linha Pool de jeans sustentável produzido no Brasil e linha D-Ultras de peças básicas com tecnologia.
Faber não abriu a meta de faturamento para a unidade.
“O nosso objetivo aqui é muito mais contar a história da Riachuelo e testar um novo modelo. Tem muito menos objetivo de olhar faturamento, investimento. É sobre posicionamento e evolução da marca”, disse.
A estratégia para 2026 mantém o foco em desenvolvimento da marca, produto e reforma de lojas. “Continuamos com uma estratégia bastante disciplinada e focada em continuar desenvolvendo nosso negócio de moda”, afirmou.
Nos últimos anos, diferentes varejistas passaram a dedicar mais atenção a formas de melhorar a experiência do cliente em lojas, um movimento que tem se tornado mais evidente no Brasil com iniciativas como a de C&A e H&M.
Trata-se de uma estratégia que no fim do dia resulta em aumento do engajamento com a marca e em índices mais elevados de conversão em compras.
Venda do Midway Mall e dividendos
Durante a inauguração da pop-up store em Pinheiros, Faber também comentou a operação de venda do Midway Mall, maior shopping de Natal, anunciada em novembro por meio de memorando de entendimentos não vinculante.
O Grupo Guararapes, dono da Riachuelo, assinou o acordo com consórcio de investidores liderado pela gestora Capitânia, que inclui outras gestoras de fundos imobiliários, investidor regional e família tradicional do Nordeste, segundo o fato relevante divulgado pela companhia em 7 de novembro.
Segundo o CEO, o Grupo Guararapes planeja distribuir parte relevante dos recursos provenientes da transação em dividendos aos acionistas e descartou o uso do montante em fusões e aquisições.
“Nossa ideia é que esse valor, uma boa parte dele, seja para distribuição de dividendos”, afirmou.
A transação está em análise no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Faber não confirmou o valor da operação citado em relatórios de analistas. O mercado estima que a transação pode alcançar R$ 1,6 bilhão.
“Não abrimos o valor, isso é especulação do mercado”, disse.
Segundo o CEO, a solidez financeira da companhia permitiu a decisão de distribuir recursos aos acionistas.
“A empresa está muito sólida, estamos gerando caixa operacional positivo, e a dívida é baixa”, ressaltou o executivo.
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Analistas do Santander calculam que o pagamento de dividendos extraordinários pode representar entre 20% e 25% do preço atual da ação, segundo relatório divulgado após o anúncio da transação em 7 de novembro.
O CEO justificou a venda pela estratégia de concentração nos negócios principais.
“Estamos muito focados nos nossos core business, que é o foco de moda. E também temos um negócio de serviços financeiros robusto, que é a Midway”, explicou.
“Temos o shopping na nossa mão. E nos condicionamos: se conseguirmos receber uma boa oferta, estaríamos abertos a vender. E esse foi o nosso racional.”
O Midway Mall foi inaugurado em 2005 pelo fundador da Guararapes, Nevaldo Rocha, e é considerado o maior centro comercial do Rio Grande do Norte.
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