Revolut amplia presença global e abrirá filial na Suécia em desafio à Klarna

Maior banco digital da Europa quer aumentar a base de clientes nos países nórdicos dos atuais 2 milhões para 3 milhões até o fim de 2026, segundo disse o diretor de crescimento, Antoine Le Nel, em entrevista à Bloomberg News

Revolut
Por Evelina Youcefi - Aisha S Gani
06 de Novembro, 2025 | 05:53 PM

Bloomberg — A Revolut, maior banco digital da Europa, abrirá uma filial local em Estocolmo no ano que vem, como parte de sua expansão para o mercado dos países nórdicos — onde a fintech britânica enfrentará a concorrente e líder local Klarna.

Liderada pelo bilionário Nik Storonsky, a Revolut tem hoje cerca de 2 milhões de clientes nos países nórdicos, metade deles na Suécia. A meta é chegar a 3 milhões na região até o fim de 2026, disse o diretor de crescimento, Antoine Le Nel, em entrevista à Bloomberg News.

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“Nossos verdadeiros concorrentes são os bancos locais e tradicionais”, afirmou Le Nel. “Depois, há obviamente alguns players muito fortes no modelo ‘compre agora, pague depois’”, acrescentou, em referência à Klarna. “Mas esse é um mercado mais de nicho, se comparado à amplitude dos serviços que oferecemos.”

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Revolut e Klarna estão entre os bancos digitais de nova geração que vêm transformando as finanças, ao atenderem um público acostumado à conveniência de acessar serviços pelo celular.

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A Klarna (KLAR), que abriu capital em Nova York em setembro, tem cerca de 110 milhões de clientes no mundo e valor de mercado próximo de US$ 14 bilhões.

Já a Revolut conta com aproximadamente 65 milhões de usuários e busca um valuation de US$ 75 bilhões enquanto finaliza uma rodada robusta de captação. Hoje presente em 40 mercados, a fintech pretende chegar a 70 países até 2030 e alcançar 100 milhões de clientes em dois anos.

A nova filial sueca coloca a Revolut em concorrência direta com a Klarna, que possui licença bancária local desde 2017. A Klarna, com sede em Estocolmo, é usada por cerca de 80% da população do país e tem redirecionado seus esforços para fortalecer a operação global de banco digital, incluindo a oferta de cartões de débito a mais usuários.

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A expansão também coloca a Revolut frente a frente com bancos nórdicos tradicionais, que ainda concentram a maior parte dos depósitos das famílias.

Segundo Le Nel, o modelo “tudo em um” da Revolut a diferencia das instituições locais, que atuam com portfólios mais restritos. A empresa mede o sucesso não pelo volume de depósitos, mas pelo engajamento dos usuários.

“No fim das contas, é preciso nos enxergar mais como a Amazon — oferecendo uma forma unificada e simples de gerenciar suas finanças globalmente”, disse.

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A filial em Estocolmo permitirá que a Revolut emita IBANs suecos, o que, na prática, a habilita a operar como um banco local, com capacidade para processar salários, débitos automáticos e transferências domésticas em coroas suecas. A unidade funcionará sob a licença bancária europeia da Revolut, sediada na Lituânia.

A empresa está contratando profissionais para cargos de compliance e gestão de riscos na Suécia, na Finlândia, na Noruega e na Dinamarca, além de gerentes de operações nos dois últimos países, como parte do reforço de sua presença em uma das regiões financeiramente mais digitalizadas do mundo. Todos os diretores nacionais já foram contratados, informou um porta-voz da Revolut por e-mail.

Juros diários

A Revolut também se prepara para expandir sua oferta de crédito na região assim que a filial sueca estiver em operação. Entre os recursos desenvolvidos para o público nórdico estão contas de poupança nas moedas locais com juros diários, investimentos em ETFs sem comissão e o recurso “tap to pay” da Apple no iPhone, voltado a pequenos negócios.

Le Nel afirmou que a empresa concentrará sua estratégia de crescimento nos países nórdicos em três segmentos principais: viajantes de alta renda “claramente mal atendidos”, que pagam tarifas elevadas de câmbio nos bancos tradicionais; jovens que estão entrando no mercado de trabalho; e consumidores “urbanos e ativos”, que usam a Revolut para pagamentos e operações bancárias do dia a dia.

Os países nórdicos, segundo Le Nel, continuarão a ser um campo de testes fundamental para as ambições de crescimento da fintech.

No Reino Unido, entretanto, a Revolut ainda tenta obter uma licença bancária completa. A empresa permanece na chamada “fase de mobilização” do processo, o que impõe restrições rigorosas à operação doméstica por parte dos reguladores.

“Para mim, a prioridade número um é lançar efetivamente o nosso banco no Reino Unido”, afirmou o CEO Storonsky durante um evento na nova sede global da empresa, no bairro de Canary Wharf, em Londres, no mês passado.

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