Reag diz que negocia venda de controle após ser alvo de investigação sobre o PCC

Gestora de João Carlos Mansur disse em fato relevante que as conversas incluem a possibilidade de venda de 87% do capital social total, mas não garante acordo definitivo; nome de potencial comprador não foi revelado

As companhias ressaltaram que não há garantias de que as negociações resultarão na assinatura de um acordo definitivo ou na conclusão de qualquer operação. (Foto: Bloomberg)
01 de Setembro, 2025 | 02:38 PM

Bloomberg Línea — A Reag Investimentos (REAG3) e sua controladora Reag Capital Holding disseram nesta segunda-feira (1º) que estão em negociações para a potencial venda do bloco de controle da companhia de investimentos, sem informar o nome da contraparte.

O anúncio foi feito por meio de fato relevante divulgado nesta manhã à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

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Na última quinta-feira (28), o grupo fundado por João Carlos Mansur, foi um dos alvos da Operação Carbono Oculto, que investiga o envolvimento da organização criminosa PCC no mercado financeiro e no setor de combustíveis.

A operação foi conduzida pela Polícia Federal, em parceria com a Receita Federal, o Ministério Público de São Paulo, a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo e outros órgãos públicos.

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As negociações envolvem potenciais compradores independentes e incluem troca de informações confidenciais, além de discussões preliminares sobre aspectos econômicos e contratuais da possível transação, segundo o fato relevante.

O bloco de controle em negociação representa aproximadamente 87% do capital social total da Reag Investimentos e é composto pela totalidade das ações detidas pela Reag Holsa e pelo fundo Reag Alpha.

As companhias ressaltaram que não há garantias de que as negociações resultarão na assinatura de um acordo definitivo ou na conclusão de qualquer operação.

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Também não foram definidos preços, estrutura final da transação ou cronograma para eventual fechamento do negócio.

A Reag Investimentos, comandada pelo CEO Dario Graziato Tanure, comprometeu-se a manter acionistas e o mercado informados sobre os desenvolvimentos das negociações.

O diretor de Relações com Investidores da Reag Capital Holding, Lucas Dias Trevisan, assinou o comunicado em conjunto com Tanure.

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Alerta da Fitch

Já a Fitch Ratings colocou hoje os ratings da Reag Capital Holding em observação negativa, após uma investigação envolver duas subsidiárias principais do grupo - Reag Investimentos e Ciabrasf- em suposta utilização de fundos de investimento para ocultação de patrimônio por organizações criminosas, criando incerteza jurídica e reputacional.

Segundo nota da Fitch, o risco reputacional representa uma ameaça ao modelo operacional do Grupo Reag em gestão de fundos e as investigações podem resultar em saídas significativas de clientes, comprometendo a geração de receitas.

A postergação das demonstrações financeiras desde o terceiro trimestre de 2024 agrava a situação, limitando a capacidade de avaliação da real condição financeira do grupo, segundo a Fitch.

A Fitch ressaltou, no entanto, que até o momento não houve qualquer acusação formal às empresas do grupo Reag

“Apesar do posicionamento estratégico, da escala e da diversificação da base de clientes, o elevado risco reputacional decorrente das investigações em andamento pode levar a saídas relevantes de clientes em ambas as áreas de atuação, o que pode comprometer a evolução do modelo de negócios e os resultados do grupo”, informou a agência norte-americana de rating.

Reag nega irregularidades

Na última quinta-feira (28), a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público de São Paulo deflagraram a Operação Carbono Oculto, citando que pelo menos 40 fundos de investimentos eram usados para lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital). Entre eles, estavam fundos do Grupo Reag.

Em nota à imprensa, a Reag informou que nunca possuiu envolvimento com as atividades conduzidas pelos seus clientes e negou ter comedido irregularidades.

Leia mais: Polícia Federal e Receita investigam Reag e 40 fundos suspeitos de ocultar criminosos

Nos últimos anos, a Reag registrou um crescimento exponencial de ativos sob gestão e se tornou a oitava maior gestora do país: passou de R$ 25,3 bilhões em dezembro de 2020 para R$ 340 bilhões em julho deste ano, segundo dados da Anbima, associação de entidades e instituições do mercado.

Avaliada em R$ 424 milhões na B3, a Reag Investimentos acumula queda de 37,2% de suas ações neste ano. Nos últimos dias, o papel registrou forte desvalorização depois da realização da Operação Carbono Oculto.

No dia da divulgação da investigação, as corretoras que mais registraram ordens de compra do papel foram a Ágora, do Bradesco, XP e Itaú Unibanco, enquanto BTG Pactual, UBS Brasil e CM Capital se destacaram entre as maiores vendas.

Por volta das 12h30 (horário de Brasília) desta segunda, a ação da Reag subia 1% para R$ 2,99, depois de oscilar durante a manhã.

Atualiza às 16h com nota da Fitch Ratings

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 30 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.