A medida do Banco Central da Argentina que provocou críticas do Mercado Pago

Decisão da autoridade monetária argentina levou a uma rara manifestação pública por parte do braço financeiro do Mercado Livre, fundado por Marcos Galperin

Sede do Banco Central da Argentina
Por Patrick Gillespie
26 de Setembro, 2023 | 10:55 AM

Bloomberg — Uma medida técnica tomada pelo Banco Central da Argentina na segunda-feira (25) provocou uma rara repreensão pública por parte do braço fintech da Mercado Livre (MELI), mais um sinal de prejuízo nas relações entre o governo com o setor privado no país.

O Mercado Pago, a plataforma de pagamentos e carteira administrada pelo gigante de comércio eletrônico da América Latina, alertou que a decisão do banco central de separar as plataformas entre pagamentos com débito e transferências significa que “mais de quatro milhões de pessoas terão dificuldades para adicionar dinheiro à sua conta digital do Mercado Pago”.

“Esta medida é um novo ataque à inclusão financeira”, afirmou o Mercado Pago em uma postagem na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter, acrescentando que os bancos tradicionais pressionaram a autoridade monetária para impor o novo sistema. “Isso afetará negativamente milhões de pessoas.”

O caso marca mais um episódio das numerosas medidas anti-empresariais do governo peronista no poder desde 2019, incluindo uma série de controles cambiais e até uma tentativa fracassada de nacionalizar uma empresa de soja.

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Enfrentando eleições presidenciais em 22 de outubro, o governo luta para manter a credibilidade após o candidato governista, o ministro da Economia Sergio Massa , ter ficado em terceiro lugar em uma votação primária em agosto.

Mais de oito milhões de usuários investem em fundos mútuos na Argentina por meio do aplicativo Mercado Pago - quase 20% da população inteira - e, até o início de julho, detinham mais de 367 bilhões de pesos (US$ 1,4 bilhão na época), segundo o CEO da Mercado Livre, Marcos Galperin, que compartilhou a informação na plataforma X. Isso representa um aumento em relação aos três milhões de contas em junho de 2021.

Nos últimos três anos, o Mercado Pago usou o sistema “débito imediato” ou DEBIN para os usuários enviarem dinheiro para suas contas. Agora, o banco central - alegando que deseja evitar casos de fraude - pretende utilizar o sistema DEBIN para pagamentos, enquanto as transferências serão processadas por meio de outro canal chamado “transferências por solicitação”.

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O Mercado Pago afirma que testes do sistema de transferências por solicitação causaram falhas para 9 em cada 10 usuários, levando alguns deles até mesmo a ir a um caixa eletrônico para confirmar sua identidade.

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