Bloomberg Línea — A Petrobras (PETR3, PETR4) fará investimentos para retomar a produção de fertilizantes, já no início de 2026, na Bahia e em Sergipe. A estatal também se prepara para ter embarcações de apoio próprias, por meio de sua subsidiária Transpetro.
“Não acreditamos em negócio ruim para a Petrobras. Os negócios têm que ser rentáveis, além de um ‘ganha-ganha’ tanto para a sociedade local quanto para nossos investidores”, disse a CEO da companhia, Magda Chambriard, em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira (8) para anunciar os investimentos.
Segundo a executiva, as duas plantas de fertilizantes na Bahia e em Sergipe entrarão em manutenção a partir de agora, com investimentos de cerca de R$ 38 milhões cada, devendo começar a produzir ureia e Arla 32 (solução de ureia usada em veículos pesados) no início de 2026.
Ainda de acordo com Chambriard, juntamente com a unidade do Paraná (ANSA), as três plantas serão capazes de produzir 20% de toda a demanda brasileira de fertilizantes nitrogenados.
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A operação e a manutenção das plantas do Nordeste serão feitas por meio de um contrato de cinco anos no valor de R$ 1 bilhão com a empresa de serviços industriais Engeman, sendo R$ 520 milhões somente para a Bahia.
Novas embarcações
No negócio de estaleiros, Chambriard ressaltou que quase 100% da produção da Petrobras é no mar, o que demanda barcos de apoio para produção, segurança, ancoragem de plataformas, transporte de derivados entre estados, exportação, entre outros.
“Só na holding , sem contar [a frota da] Transpetro, são mais de 400 barcos. Quando aderimos à iniciativa de fazer barcos próprios, estamos inclusive tratando de fazer preço, e portanto, influenciar nesse preço, fazendo bons e melhores negócios em termos de logística”, afirmou.
A estatal havia anunciado a aprovação da contratação de 48 embarcações até o final de 2026, prazo que foi antecipado para 2025. “Já temos contratados ou com edital na rua 44 [embarcações]. Agora em outubro, no máximo no início de novembro, estamos botando mais quatro navios com edital na rua.”
Participam dos editais empresas instaladas no Brasil e de fora do país, destacaram executivos.
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Segundo Chambriard, dois navios já estão em estado adiantado de fabricação em Santa Catarina, mas a demanda não deve ser concentrada em um só lugar. “Trabalhamos para diversificar os estaleiros, como garantia de fornecimento e minimização dos riscos envolvidos para não colocar todos os ovos na mesma cesta.”
A Transpetro aprovou recentemente a contratação de 20 barcaças e 20 empurradores para a indústria naval.
Como parte do plano, a companhia vai contratar o estaleiro Enseada, na Bahia, para a construção de seis embarcações (incluídas nas 44 já confirmadas pela estatal). O contrato prevê quatro anos para construção e 12 anos para operação, com um investimento total de R$ 2,5 bilhões. Dentro do financiamento estão alternativas como, por exemplo, o Fundo da Marinha Mercante.
Chambriard disse ainda que a companhia segue investindo no descomissionamento de plataformas, que é complexo e custoso, e a Bahia também deve participar ativamente desse processo através da unidade de São Roque do Paraguaçu.
“O canteiro de São Roque não estava sendo usado, mas tem capacidade para receber até duas plataformas. Estamos otimizando negócios e trazendo para o jogo instalações que são da Petrobras, mas que não estavam sendo utilizadas.”
Ela observou que a companhia ficou oito anos sem contratar novas embarcações. “É importante dizer que estamos retomando essas atividades porque gostamos do Brasil e porque são bons negócios para a Petrobras. É melhor do que contratar tudo lá fora.”
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