Nubank vai buscar licença bancária no Brasil: ‘marca não muda’, diz CEO no país

Fintech com 110 milhões de clientes no país atenderá a uma nova resolução do Banco Central, que veda uso de termos como ‘bank’ por empresas sem autorização específica e que deve afetar de 15 a 20 instituições no país

Nubank headquarters in Sao Paulo, Brazil, on Wednesday, May 15, 2024. Nu Holdings Ltd., one of the world's largest digital banks, surpassed 100 million clients across its operations in Brazil, Mexico and Colombia. Photographer: Jonne Roriz/Bloomberg
03 de Dezembro, 2025 | 11:47 AM

Bloomberg Línea — O Nubank comunicou nesta quarta-feira (3) que pretende obter uma licença bancária no Brasil em 2026.

Segundo a fintech, a decisão atende à recém-aprovada resolução do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN) que trata do uso de nomenclaturas por instituições financeiras.

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A Resolução Conjunta 17, publicada na última semana, em 28 de novembro, proíbe que empresas sem licença bancária utilizem os termos “banco” ou “bank” em nome empresarial, marca, domínio de internet e comunicações ao público.

A norma foi aprovada durante reunião do CMN em 27 de novembro.

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A regulamentação estabelece que instituições devem usar termos correspondentes ao tipo de autorização que possuem. O Banco Central estima que entre 15 e 20 empresas serão afetadas pela medida.

Segundo fontes do mercado que falaram com a Bloomberg Línea, o custo estimado para obter a licença bancária pode superar R$ 50 milhões.

O Nubank (NU), fundado e liderado globalmente por David Vélez, opera atualmente como Instituição de Pagamento, Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento, e Corretora de Títulos e Valores Mobiliários.

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A empresa não possui licença para operar como banco, embora utilize o termo em sua marca desde a fundação em 2013, assim como outros players do mercado.

A norma determina prazo de 120 dias para que instituições em desacordo apresentem plano de adequação ao Banco Central. A implementação das mudanças deve ser concluída em até um ano após a publicação da resolução.

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Segundo o Banco Central, a medida busca aumentar a transparência sobre os serviços que cada instituição está autorizada a oferecer.

A autarquia afirma que o uso inadequado da nomenclatura pode levar clientes a interpretarem de forma equivocada o tipo de serviço prestado.

A regulamentação permite que conglomerados financeiros mantenham o uso da denominação quando ao menos uma das empresas do grupo tiver autorização para funcionar como banco.

A CEO do Nubank no Brasil, Livia Chanes, afirmou que a identidade visual da empresa permanecerá inalterada. A executiva destacou que o Nubank foi fundado há 12 anos e incluiu 28 milhões de pessoas no sistema financeiro.

A empresa esclareceu que a mudança pretendida não terá impacto para os clientes e que todas as operações seguem normalmente. O Nubank possui mais de 110 milhões de clientes no país.

Segundo comunicado da fintech, a inclusão de uma instituição bancária no conglomerado não implica em alterações materiais nas exigências adicionais de capital e liquidez. A empresa afirma que a solidez e resiliência financeira permanecem inalteradas.

Caso do Banco Master

A definição das regras pelo Banco Central ocorreu após consulta pública realizada entre fevereiro e maio deste ano.

O tema vinha sendo discutido internamente pela autarquia como parte de iniciativa para padronizar nomenclaturas e ampliar a fiscalização sobre instituições financeiras.

A norma prevista na Resolução Conjunta 17 vale para qualquer meio de comunicação e apresentação ao público das instituições. As empresas ficam impedidas de utilizar termos que sugiram atividade ou modalidade para a qual não tenham autorização específica, tanto em português quanto em língua estrangeira.

O Banco Central tem sido alvo de críticas mais recentemente pelo caso do Banco Master, liquidado há duas semanas pela própria instituição diante de uma crise de liquidez e do agravamento de sua situação econômico-financeira.

O descasamento entre passivos e ativos do Master vinha sendo tema de alertas de bancos há mais de um ano e acompanhado dentro do próprio Banco Central, como revelou recente reportagem da Bloomberg News, sem que a instituição federal tenha sido capaz de atuar para evitar o aprofundamento de sua crise.

Com a liquidação, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) terá que desembolsar estimados R$ 41 bilhões para devolver valores corrigidos por cerca de 1,6 milhão de investidores que alocaram seus recursos em CDBs do Master.

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