Bloomberg Línea — O Nubank acaba de informar aos seus 9.500 colaboradores que adotará uma jornada híbrida de trabalho a partir de 2026, o que encerrará um modelo remoto que ficou conhecido no mercado por destoar da maioria de seus pares no Brasil.
A partir de 1° de julho 2026, depois de um período de transição de oito meses, portanto, profissionais do banco terão que trabalhar dos escritórios dois dias da semana pelo menos; e, a partir de 1° de janeiro de 2027, três dias.
Há cinco anos, o Nubank adota um regime em que, essencialmente, os colaboradores precisam trabalhar de forma presencial uma semana a cada três meses. As razões e as vantagens percebidas para a adoção de tal modelo foram contadas em reportagem da Bloomberg Línea em março de 2024.
O novo regime de trabalho será adotado como política global, o que significa a sua aplicação para os países em que o Nubank já está presente - Brasil, México e Colômbia - e outros em que futuramente pretende entrar, como Estados Unidos.
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A mudança foi comunicada nesta quinta-feira (6) por meio de mensagem interna do CEO global e cofundador David Vélez, em que ele explica as razões que levaram à decisão e como funcionará o período de transição e as futuras regras.
“É uma decisão importante para o futuro da empresa”, disse Vélez.
“Ao longo dos últimos anos, mencionei recorrentemente que me preocupo com o nosso ambiente prioritariamente remoto escolhido, pois os seus benefícios eram muito óbvios, mas os seus custos eram invisíveis”, afirmou.
Entre as razões apontadas em sua mensagem aos funcionários estão o objetivo de preservar e fortalecer a cultura do banco, estimular encontros criativos entre as equipes e também o que é descrito como “excelência operacional”.
“Foi uma decisão difícil. Sabemos que esta decisão será bem recebida por muitos de vocês. Para outros, irá gerar conturbação — especialmente para aqueles que moram longe de nossos escritórios, ou para aqueles que ingressaram no Nubank por causa da flexibilidade do trabalho remoto", disse Vélez no comunicado.
Trata-se de uma referência justamente ao que foi apontado pelo banco digital em outras ocasiões como um atrativo dentro de um plano estratégico de fortalecimento do employer branding, como disse à Bloomberg Línea a CHRO (Chief Human Resources Officer), Suzana Kubric, em entrevista há pouco mais de um ano.
Na ocasião, o Nubank lançou a sua primeira campanha institucional global voltada para a atração de talentos, diante da importância atribuída ao capital humano para continua a crescer e a inovar nos próximos anos.
Nos cinco anos de vigência do atual modelo, o Nubank acelerou o ganho de escala e passou de 59 milhões para 122 milhões de clientes (dado mais recente).
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Ao tratar do objetivo de fortalecimento de cultura, Vélez elencou o que apontou como limitações de reuniões virtuais.
“Videochamadas reduzem as pessoas a quadrados. As conversas se tornam transacionais. Os momentos espontâneos — a troca no corredor, o entusiasmo compartilhado ao resolver um problema, a celebração após um lançamento difícil — desaparecem", disse o cofundador do Nubank.
Em contrapartida, o CEO global destacou o que, em sua visão, poderá ser conquistado com a adoção do trabalho presencial mais dias da semana.
“A nossa visão é que todos nós voltemos para as nossas equipes todas as semanas em espaços [...] onde possamos trabalhar em silêncio ou em colaboração, encontrar colegas de outras áreas para agilizar alinhamentos ou brainstormings, fazer networking e resolver problemas de forma fortuita, e aprender e nos desenvolver sem esforço, observando líderes e mentores em ação."
Como parte do plano, o banco informou que vai investir em melhorias nos prédios já existentes e ocupados em São Paulo, Bogotá e Cidade do México.
E vai abrir escritórios, para equipes específicas, em Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Buenos Aires, área metropolitana de Washington D.C., Miami e Palo Alto – além dos hubs de talentos já existentes em Berlim, Montevidéu e Durham.
-- Em atualização.
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