No boom de suplementos, True cresce acima de 100% e prevê multiplicar a produção

Entrada da Tarpon 10b como sócia, com aporte de R$ 48 milhões, deu novo ritmo ao negócio; nova fábrica em Aracruz terá capacidade de cinco vezes o volume atual, conta o CEO e co-fundador Patrick Schilte à Bloomberg Línea

Parque do Ibirapuera, um dos locais preferidos de corredores na cidade de São Paulo (Foto: Reprodução/Instagram Ibirapuera Oficial)
08 de Agosto, 2025 | 12:01 PM

Bloomberg Línea — No concorrido mercado de suplementos alimentares e de nutracêuticos, a marca capixaba True – anteriormente conhecida True Source – ganhou um novo impulso no ano passado ao captar R$ 48 milhões com a gestora Tarpon 10b.

E experimenta um ritmo de expansão ainda mais forte do que o registrado em 2024, quando cresceu 70% em receita.

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“Nós estávamos prevendo 90% [de crescimento em 2025], mas fechamos o primeiro semestre com 105%. Ou seja, é uma dor de cabeça extra e desafio enorme”, afirmou Patrick Schilte, CEO da True e co-fundador ao lado de Cristina Prado, que atua como diretora comercial, em entrevista à Bloomberg Línea.

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A declaração do empreendedor revela o momento da marca, que aposta em posicionamento premium e tem foco no público das classes A e B.

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Com os novos recursos, a True, além de passar por um rebranding de marca, acelerou as contratações, com a chegada de 45 novos profissionais, e está em fase de construção de uma nova fábrica em Aracruz, no norte do Espírito Santo.

“Nós compramos uma uma área com 50 mil metros quadrados, que está em fase de terraplanagem, e iremos construir uma fábrica com 10 mil metros quadrados, com capacidade de cinco vezes o volume que temos hoje”, disse Schilte.

A capacidade de produção atual é de 5 milhões de unidades de produto, sem contar empresas terceirizadas que ajudam com a fabricação de alguns produtos, como gummies, barrinhas e granola.

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A marca entrou no mercado em 2019, depois que os empreendedores perceberam o que entenderam como uma lacuna no setor.

Importador de fabricantes americanas de suplementos por mais de uma década, Patrick sentiu que o mercado estava mudando em 2016, ao fazer uma viagem para a Califórnia, conhecida como o centro mundial para produtos saudáveis.

Consumidores apresentavam uma demanda cada vez maior por “produtos limpos”. A denominação se refere ao uso de ingredientes minimamente processados, com menor quantidade de aditivos e conservantes e com formulações mais transparentes.

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“Nós fizemos um trabalho muito detalhado com profissionais da área de saúde. E fomos os primeiros a desenvolver proteína de coco, abacate e pistache, por exemplo”, contou.

De acordo com o CEO, a True construiu uma relação com mais de 20.000 nutricionistas ao longo dos anos, que indicam os seus produtos, e ainda conta com uma rede de mais de 1.500 influenciadores digitais.

Os próximos passos

Logo de início, a marca optou por um apelo mais gourmet e fugiu da disputa por preço, uma estratégia recorrente do setor, assim como do estereótipo do “marombeiro”.

A comunicação aposta mais nos conceitos de bem-estar e longevidade.

Patrick Schilte e Cristina Prado, sócios-fundadores da True: iremos ampliar a nossa capacidade produtiva para 20 milhões unidades de produtos em 2026

O tíquete médio atualmente está em R$ 170,00 por pedido e as proteínas são o carro-chefe, representando um pouco mais de 40% da receita da marca.

No portfólio, são mais de 130 produtos atualmente, incluindo creatina, géis esportivos e nutracêuticos, como vitaminas, minerais e Coenzima Q10.

A expansão da True acompanha o novo momento mais acelerado do setor, que avançou cerca de 70% em receitas no Brasil entre 2019 e 2023, de acordo com dados da Euromonitor. Há a atração de um elevado contingente de novos praticantes de atividades esportivas e consumidores de suplementos.

No período, o mercado brasileiro presenciou o surgimento dos primeiros players bilionários, como o Grupo BRG, dono das marcas Integral Médica, Nutrify e Darkness, e a Supley, holding que detém a Max Titanium, a Probiotica e a Dr. Peanut.

A previsão de mercado é a de que, no intervalo de cinco anos até 2028, o salto seja ainda maior, com as empresas movimentando cerca de R$ 9,6 bilhões, com uma alta acumulada de 120%.

Para acompanhar o novo ciclo, a empresa capixaba tem investido também na entrada em novos canais.

Nos últimos 12 meses, a empresa saltou para mais de 7.000 pontos de venda ativos - saindo de uma base de 4.000 -, com entrada em farmácias premium e redes como RD (Raia Drogasil), Araújo e Panvel.

A marca também está em gôndolas de supermercados e mantém uma rede de lojas especializadas no chamado canal verde.

O digital responde por 35% das vendas, incluindo e-commerce próprio, marketplaces e modelo de assinaturas — com cerca de 5.000 clientes recorrentes.

“Ainda temos muitas coisas para lançar e vamos continuar no nosso modelo ‘limpo’, com o conceito de longevidade e prevenção”, disse Schilte.

A True não abre os números de receita atual, apenas que está na casa dos nove dígitos - ou seja, acima de R$ 100 milhões e abaixo de R$ 1 bilhão.

O investimento da Tarpon 10b pode chegar a R$ 150 milhões nos próximos anos, a depender dos resultados e das metas alcançadas pela companhia.

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Marcos Bonfim

Jornalista brasileiro especializado na cobertura de startups, inovação e tecnologia. Formado em jornalismo pela PUC-SP e com pós em Política e Relações Internacionais pela FESPSP, acumula passagens por veículos como Exame, UOL, Meio & Mensagem e Propmark