Marcelo Pimentel renuncia ao cargo de CEO do GPA; CFO assume interinamente

Executivo esteve à frente do grupo supermercadista por três anos; saída ocorre após trocas no conselho depois de a família Coelho Diniz elevar participação na companhia

A shopper exits a Grupo Pao de Acucar (GPA) grocery store in Sao Paulo, Brazil, on Monday, March 18, 2024. Brazil's biggest retailer Cia Brasileira de Distribuicao, chain owner of GPA grocery stores, raised 704 million reais ($141.6 million) in a primary equity offering as it works to slash its debt load, according to people familiar with the matter. Photographer: Tuane Fernandes/Bloomberg
22 de Outubro, 2025 | 05:01 PM

Bloomberg Línea — O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou nesta quarta-feira (22) que Marcelo Pimentel renunciou aos cargos de CEO e membro do conselho de administração.

Rafael Russowsky, vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores, foi eleito como diretor-presidente interino, acumulando as funções financeiras que já exercia na companhia.

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A saída de Pimentel ocorre após três anos à frente do GPA, período marcado por reestruturação operacional e financeira da rede de supermercados. O executivo assumiu o comando da empresa em março de 2022, substituindo Jorge Faiçal Filho, com a missão de reverter prejuízos e reduzir o endividamento do grupo.

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A renúncia de Pimentel ocorre duas semanas após a primeira reunião do novo conselho de administração, que elegeu André Coelho Diniz como chairman.

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Durante aquela reunião, Pimentel manifestou desconforto com a eleição de Edison Ticle como vice-presidente do conselho, chegando a ameaçar renunciar, mas recuou na ocasião.

A família Coelho Diniz detém 24,6% das ações do GPA. Em agosto, o grupo também registrou a saída de Fréderic Garcia do cargo de diretor de Negócios, após 11 anos na companhia, e a renúncia de dois membros do conselho fiscal.

Alavancagem e estrutura de capital

A alavancagem financeira permanecia como desafio central para o GPA no primeiro semestre.

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O CFO Rafael Russowsky havia projetado solução para a alavancagem da empresa até o fim de 2025, com foco na redução da dívida líquida por meio da venda de ativos e melhora na geração de caixa operacional.

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A companhia trabalhou com cenários de juros de 15% ao ano para 2025, ajustando projeções iniciais que consideravam taxa de 10%.

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A redução da dívida em aproximadamente metade comparada a 2022 foi citada pela gestão como fator de alívio diante do ambiente de juros elevados.

O GPA manteve trajetória de prejuízos no primeiro semestre de 2025, mas com redução significativa das perdas em relação ao ano anterior. No segundo trimestre, o grupo registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 216 milhões, valor inferior aos R$ 332 milhões do mesmo período de 2024.

O desempenho operacional apresentou melhora consistente. O Ebitda ajustado do segundo trimestre alcançou R$ 420 milhões, aumento de 6,1% em relação ao ano anterior, com margem de 9%.

As vendas em mesmas lojas, excluindo impactos sazonais do calendário, cresceram 5,1% no período.

A bandeira Pão de Açúcar, responsável por metade das vendas do grupo, registrou crescimento de 6,5% em vendas em mesmas lojas no segundo trimestre.

O formato de proximidade, representado pelas lojas Minuto Pão de Açúcar, manteve desempenho superior à média da companhia.

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