Nubank: lucro líquido sobe acima do consenso, mas funding pressiona margens

Lucro líquido e receita superaram as estimativas, mas provisões e margens mais apertadas afetaram o resultado; ações tiveram queda nas negociações do after hours na terça-feira (13)

Nubank
Por Daniel Cancel
14 de Maio, 2025 | 07:58 AM

Bloomberg — A Nu Holdings (NU) reportou um lucro líquido de US$ 557,2 milhões no primeiro trimestre, um aumento de 74% em relação ao ano anterior, o que ficou acima das expectativas.

Segundo o banco digital, o impulso veio de seus depósitos e carteira de empréstimos que cresceram mais do que o estimado.

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Em receita, o aumento foi de 40%, para US$ 3,2 bilhões no trimestre, em comparação com a estimativa média de US$ 3,1 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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Por outro lado, o lucro bruto foi de US$ 1,3 bilhão, abaixo das estimativas, o que, segundo a empresa, deveu-se ao aumento das provisões para perdas de crédito e das despesas com juros.

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As margens de juros líquidas também diminuíram e as provisões cresceram em meio a um trimestre sazonalmente mais difícil para a qualidade de crédito no Brasil.

As ações do banco caíram após a divulgação do balanço com os resultados do primeiro trimestre, que mostraram um forte crescimento da receita, prejudicado por gastos maiores para atrair novos clientes e se proteger contra possíveis empréstimos ruins.

Os papéis, que haviam subido 27% no acumulado do ano até o fechamento da terça-feira, inicialmente caíram mais de 6% nas negociações após o mercado, antes de reduzirem as perdas.

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O Nubank, um dos maiores bancos digitais do mundo, tem tentado navegar em um ambiente mais difícil no Brasil, onde as taxas de juros continuam a subir. Como outras fintechs, ele também está pagando taxas de depósito acima do mercado em novos mercados, como México e Colômbia, para atrair e reter novos clientes.

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O banco adicionou 4,3 milhões de clientes no trimestre, totalizando 118,6 milhões em suas três regiões geográficas: Brasil, México e Colômbia, de acordo com um comunicado.

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“Nos últimos quatro trimestres, adquirimos mais clientes do que todos os cinco bancos estabelecidos no Brasil juntos”, disse o diretor financeiro Guilherme Lago em uma entrevista à Bloomberg News.

“Portanto, a máquina de crescimento de clientes continua a girar em um ritmo saudável.”

O total da carteira de empréstimos cresceu para US$ 24,1 bilhões, enquanto os depósitos atingiram US$ 31,6 bilhões.

Desses depósitos, US$ 5,4 bilhões são do México, onde o número de clientes atingiu 11 milhões de pessoas no trimestre.

No Brasil, a empresa destacou um aumento significativo dos empréstimos não garantidos, mantendo as taxas de inadimplência sob controle. Suas provisões para cobrir empréstimos ruins aumentaram 21%, chegando a US$ 973,5 milhões.

Lago disse que a oportunidade de aumentar os empréstimos pessoais no Brasil é maior no momento, uma vez que o Nubank já tem uma grande participação no mercado de cartões de crédito como porcentagem do mercado.

Os analistas do Citigroup, liderados por Gustavo Schroden, classificaram os resultados trimestrais como uma “impressão fraca” e disseram que as margens de juros líquidas, ou NIM, permanecem sob pressão, enquanto as operações, incluindo o novo negócio na Colômbia, estão pesando sobre as receitas e os lucros devido aos custos de financiamento.

O NIM, uma importante métrica de lucratividade, caiu para 17,5% no trimestre, de 19,5% no mesmo período de 2024.

O cofundador e CEO, David Vélez, disse que o Nubank ainda está no início quando se trata das oportunidades disponíveis em seus mercados e está aberto a uma maior expansão internacional em uma data posterior.

O impacto de curto prazo sobre as margens para ganhos de longo prazo será compensado, disse ele aos analistas em uma ligação telefônica.

“Assim como estamos fazendo com o aumento estratégico de nossas franquias de depósitos no México e na Colômbia, continuaremos a fazer investimentos significativos com o objetivo de maximizar o valor sustentável para os acionistas ao longo do tempo”, disse Vélez, “mesmo que isso signifique aceitar a pressão de curto prazo sobre as margens”.

-- Com a colaboração de Leda Alvim.

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