Kinea amplia fatia na Petz às vésperas de conclusão de fusão com Cobasi

Kinea e Tefra Participações, controladores da Cobasi, elevam participação conjunta da rede de pet shops para 16,33%, em sinal de confiança na criação do maior grupo do setor. Na outra ponta, Sergio Zimerman reduziu sua fatia para 41%

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Bloomberg Línea — O braço de private equity da Kinea elevou sua participação na Petz (PETZ3) às vésperas da conclusão da fusão com a Cobasi, que formalizará a criação do maior grupo do setor de produtos para animais no Brasil.

A gestora controlada pelo Itaú Unibanco (ITUB4) passou a deter 16,33% do capital da rede de pet shop, ao lado da Tefra Participações, segundo comunicado da Petz divulgado na manhã desta terça-feira (30).

A Kinea e a Tefra são acionistas controladores da Cobasi e juntas detinham 10,62% do capital da Petz até 23 de dezembro — a Kinea com 5,49%, e a Tefra, com 5,13%, segundo dados da B3.

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A operação divulgada hoje não altera a engenharia da fusão, definida desde agosto de 2024. A Petz se tornará subsidiária da Cobasi, e cada ação será convertida em uma proporção que dará aos acionistas da Petz 52,6% da empresa combinada, e aos da Cobasi, 47,4%.

O que Kinea e Tefra fizeram foi comprar mais ações da Petz no mercado. Quando a fusão se concretizar, esses papéis se converterão automaticamente em ações da Cobasi.

Como já controlam a Cobasi, ao aumentar a posição na Petz agora, ambas elevam sua fatia final na empresa combinada, sinalizando uma aposta no sucesso da operação.

A combinação de negócios acontece em um mercado que registrou crescimento expressivo desde a pandemia, impulsionado pelo aumento no número de lares com animais de estimação e nos gastos com cuidados.

Os comunicados não revelaram valores da transação, cujos detalhes comerciais ficam entre as partes.

Do outro lado está Sergio Zimerman, fundador e principal acionista da Petz, que reduziu sua participação de 45% para 41%. Ele continua como maior acionista individual, mas agora divide mais espaço com os investidores da Cobasi.

Venda de lojas

A fusão entre Petz e Cobasi, anunciada em agosto de 2024, somente recebeu aprovação final do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em 10 de dezembro de 2025, mais de um ano depois do anúncio inicial.

O aval do autarquia federal veio com uma condição: as redes precisam vender 26 lojas no estado de São Paulo.

Essas unidades representam 3,3% do faturamento da companhia combinada. A exigência busca evitar concentração excessiva em determinadas regiões.

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As duas empresas somadas, que terão mais de 500 lojas espalhadas pelo país, será negociada na B3 sob o ticker AUAU3.

Paulo Nassar, atual presidente da Cobasi, assumirá o comando executivo da nova companhia combinada. Sergio Zimerman ocupará a presidência do conselho de administração.

Os acionistas da Petz receberão também uma ação preferencial resgatável. O valor estimado é de R$ 0,71 cada. Esse resgate envolve um pagamento de R$ 270 milhões, com correção pela taxa básica de juros. Em novembro, os investidores já haviam recebido R$ 130 milhões em dividendos.

Análise do sell side

Analistas do sell side do BTG Pactual (BPAC11), que disseram reconhecer a lógica estratégica da fusão, mantêm recomendação neutra para as ações.

Segundo relatório divulgado após a aprovação pelo Cade, a combinação dos negócios pode gerar sinergias de custos e fortalecer a presença omnichannel.

Com receita estimada de R$ 7,2 bilhões, a empresa combinada se tornará um dos maiores grupos de varejo especializado do país.

Os analistas de equity research do banco destacaram, porém, que o ambiente macro continua desafiador.

Com a Petz negociada a 22 vezes o lucro estimado para 2026, os analistas disseram preferir aguardar evidências mais claras de execução e captura de sinergias antes de revisar a recomendação. O preço-alvo de 12 meses está em R$ 5 por ação, cerca de 20% acima da cotação atual.

Em 2025, o desempenho das ações da Petz na bolsa ficou aquém do mercado como um todo. No acumulado do ano, os papéis subiram 7,5%. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançou 34,5% no mesmo período.

A diferença de performance reflete, segundo analistas, as incertezas que cercaram a operação durante meses. Até a aprovação do Cade, muitos investidores permaneceram cautelosos. Agora, com o sinal verde do órgão regulador e os principais investidores posicionados, a fusão entra em sua fase final.

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