Bloomberg — A iRobot, empresa que ajudou a popularizar os aspiradores de pó robotizados no início dos anos 2000 com seu modelo Roomba, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos e propôs passar o controle para seu principal fornecedor chinês.
A fabricante de robôs de consumo sediada em Massachusetts, que atualmente está listada em bolsa, será assumida pela Shenzhen PICEA Robotics, da China, e por uma subsidiária da empresa chinesa, de acordo com um comunicado à imprensa. A empresa listou entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões de ativos e passivos em um documento.
As ações ordinárias da iRobot, fundada em 1990 por engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MITA), serão eliminadas de acordo com o plano proposto pelo Chapter 11 apresentado em Delaware no domingo (14).
As ações da empresa caíram até 75% na segunda-feira (15), atingindo o nível mais baixo de todos os tempos.
Leia também: Fim de tarefas domésticas? Nova geração de robôs promete até ‘arrumar a casa’
A iRobot obteve sucesso inicial com o Roomba, lançado em 2002 e que rapidamente se tornou sinônimo de aspiradores de pó autônomos. Mas os lucros da empresa, que já vendeu mais de 40 milhões de robôs domésticos, começaram a declinar na era pós-covid, atingida por problemas na cadeia de suprimentos e pelo surgimento de concorrentes mais baratos. A empresa alertou sobre uma possível recuperação judicial no início deste mês.
Em 2022, a Amazon fez uma oferta que teria mudado a história da empresa, mas ela fracassou devido a um conflito com as autoridades de concorrência da União Europeia.
A iRobot recebeu mais de US$ 90 milhões em compensação pelo negócio fracassado, mas parte disso foi usada para pagar taxas de consultoria e para pagar uma parte de um empréstimo de US$ 200 milhões concedido pelo Carlyle Group como uma ponte enquanto a transação da Amazon era fechada.
No mês passado, a Santrum Hong Kong Co., subsidiária da PICEA de Shenzhen, adquiriu os US$ 191 milhões de dívida pendente em principal e juros da empresa de investimentos dos EUA, e a PICEA tem mantido conversações com a iRobot desde então para garantir um novo capital e resolver a dívida pendente.
Surpresa do Vietnã
Os impostos de importação foram um dos fatores que contribuíram para a queda da iRobot. A empresa previu a “incerteza tarifária com a China”, de acordo com os documentos do tribunal, e transferiu grande parte da produção de seus robôs destinados aos EUA para o Vietnã.
Mas o país foi atingido no início deste ano com uma taxa de 46% como parte das tarifas recíprocas do presidente Donald Trump sobre os parceiros comerciais dos Estados Unidos.
A taxa foi reduzida para 20% depois que os países fecharam um acordo, mas os custos continuaram a ser um peso para a empresa.
“Essas tarifas são pagas pelos devedores, não por seus fabricantes contratados”, escreveu a iRobot no processo.
A iRobot também não conseguiu evitar totalmente a China. Os acessórios ainda são adquiridos de fabricantes de lá, disse a empresa, acrescentando que a incerteza em relação às tarifas prejudicou a capacidade da empresa de planejar o futuro.
-- Com a colaboração de Irene García Pérez.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Hopi Hari sai de recuperação judicial e planeja de shopping a hotel em nova fase
Azul obtém aprovação de tribunal dos EUA para plano de reestruturação de dívida
©2025 Bloomberg L.P.








