Após Light e Westwing, gestora WNT entra no bloco de controle do TC

WNT, especializada em distressed assets, chegou a 25,74% do capital da plataforma, cuja ação caiu 84%; gestora se tornou a principal acionista da Light em atuação com Nelson Tanure

Por

Bloomberg Línea — A gestora de recursos WNT, especializada em distressed assets e que atua em certos negócios em ligação com o investidor Nelson Tanure, entrou no bloco de controle da plataforma para investidores TC (TRAD3), que perdeu 84% de seu valor de mercado desde a abertura de capital em julho de 2021.

O ingresso no bloco de controle da companhia foi feito por meio do Landia, fundo de investimento multimercado de crédito privado, segundo comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na noite desta segunda-feira (24).

A WNT chegou a uma participação de 25,74% do capital total do TC, segundo o comunicado. Fica atrás apenas do co-fundador e CEO Pedro Albuquerque, que, segundo dados no site da companhia, tinha 26,76% do capital total diretamente e 4,92% por meio do fundo CSHG EC Capital FIM.

A WNT tem aproveitado os preços mais baixos de ações para montar posições relevantes neste ano em companhias de diferentes setores neste ano, da Light (LIGT3) no setor de energia até a Westwing (WEST3), de móveis e decoração. No caso da Light, alinhada aos interesses de Nelson Tanure.

Na Light, cuja holding está em recuperação judicial, chegou a 30,05% do capital e se tornou o maior acionista também por meio da WNT; na Westwing, atingiu 28,7% do capital, novamente a maior posição acionária e por meio da mesma gestora.

Tanure, por sua vez, é um dos principais acionistas da PRIO (PRIO3), da Gafisa (GFSA3) e da Alliança, ex-Alliar (AALR3), esta última uma posição montada no ano passado.

Depois de uma alta de 10,71% na sexta-feira (21), a ação do TC fechou em queda de 1,29% nesta segunda, cotada a R$ 1,53. O valor de mercado da empresa é de cerca de R$ 430 milhões. Em 12 meses, o papel acumula baixa da ordem de 60%.

No IPO há quase exatamente dois anos, o TC, conhecido anteriormente como TradersClub, precificou a ação a R$ 9,50, o que lhe conferiu valor de mercado de R$ 2,7 bilhões à época.

Com a entrada no bloco de controle, a WNT convidou Marcelo Faria Lima para fazer parte do conselho consultivo da companhia. Ele integra atualmente o conselho de administração da Ultrapar Participações, da Metalfrio Solutions e da Veste, todas no Brasil, além da Sonae em Portugal.

O executivo foi vice-presidente no Banco Garantia e conduziu o IPO (oferta inicial de ações) do americano C1 Bank e da Klimasan, uma subsidiária da Meltrafio, na bolsa da Turquia.

“A entrada de Marcelo no conselho consultivo da companhia, ao lado de Norberto Giangrande e Eduardo Barone, tem como objetivo enriquecer a visão estratégica de longo prazo do TC”, disse o TC em comunicado.

Uma das empresas que mais se beneficiaram do crescimento do número de investidores pessoas físicas no período de 2017 a 2021, por meio de comunidades e serviços para esse público, o TC passou a enfrentar dificuldades com a virada e a desaceleração do mercado com os juros mais altos.

Desde o ano passado, tem passado por mudanças inclusive em sua base acionária.

Em fevereiro deste ano, a Startups BR Holding, controlada pelo co-fundador Rafael Ferri, concluiu a venda de suas participações na companhia e formalizou a saída definitiva do acordo de acionistas e do TC.

- Matéria atualizada às 11h55 para esclarecer que as compras de participações da WNT no TC e na Westwing não estão ligadas a Nelson Tanure, segundo a gestora.

Leia também

O plano silencioso da Gafisa para erguer um condomínio de luxo na Oscar Freire

10 empresas para ficar de olho no segundo semestre de 2023

Helbor explora parceria com Artefacto e mira cliente de alta renda de fora de SP