Gestora IG4 avança em acordo para assumir o controle da Braskem

Segundo fato relevante à CVM nesta manhã de segunda-feira (15), gestora assumiria também cerca de 7,1 bilhões em dívida da gigante petroquimica e passaria a dividir o controle com a Petrobras

Alavancagem da companhia chega a quase 15 vezes o Ebitda
Por Giovanna Bellotti Azevedo - Rachel Gamarski
15 de Dezembro, 2025 | 10:57 AM

Bloomberg — O conglomerado da Novonor está mais perto de um acordo para vender sua participação como controladora na gigante petroquímica Braskem para um fundo assessorado pela gestora de ativos IG4 Capital.

O conglomerado - anteriormente conhecido como Odebrecht - e um fundo assessorado pela IG4 assinaram um acordo vinculativo com bancos credores para comprar toda a dívida da Novonor garantida por ações da Braskem, de acordo com um fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda-feira.

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As partes também estabeleceram um período de exclusividade de 60 dias para negociar uma transação envolvendo ações da Braskem que, se concluída, daria à IG4 o controle da empresa petroquímica, com pouco mais de 50% de suas ações com direito a voto e cerca de um terço de seu capital total.

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Ela compartilharia o controle da Braskem com o outro grande investidor da empresa, a Petrobras, enquanto a Novonor manteria uma participação de 4% sem direito a voto.

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A participação da Novonor na Braskem era mantida como garantia por um conjunto de bancos, incluindo os estatais, para empréstimos que não haviam sido pagos. O acordo concede ao fundo um período inicial de 60 dias para concluir a negociação de uma possível transação.

Problemas crescentes

A Braskem enfrentou dois anos difíceis e várias tentativas fracassadas da Novonor de vender sua participação depois de ter sido envolvida no escândalo da operação Lava-Jato, que derrubou as elites políticas e empresariais há cerca de uma década.

Uma série de possíveis acordos para a venda de sua participação - com partes que incluíam a Abu Dhabi National Oil, a Apollo Global Management, a Unipar Carbocloro e o investidor brasileiro Nelson Tanure - fracassou à medida que os problemas da Braskem se acumulavam.

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A empresa vem lutando contra um desastre ambiental em uma de suas minas de sal, preços deprimidos devido ao excesso de oferta e pressões crescentes de queima de caixa.

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Os possíveis passivos relacionados ao desastre no estado de Alagoas, que custaram à Braskem o status de grau de investimento, pesaram sobre as perspectivas da empresa.

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Em setembro, a empresa anunciou que estava contratando consultores para rever sua estrutura de capital, o que chocou os credores e fez com que os preços dos títulos despencassem.

A Braskem continuou a queimar caixa no terceiro trimestre, com US$ 1,3 bilhão em caixa em 30 de setembro, em comparação com US$ 1,7 bilhão no trimestre anterior.

Sua dívida líquida aumentou para US$ 7,1 bilhões, enquanto os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização ficaram aquém das estimativas dos analistas, em meio a spreads e vendas internacionais mais baixos.

Isso elevou sua alavancagem para quase 15 vezes o Ebitda - acima das 10,6 vezes no trimestre anterior.

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