Bloomberg — A Salic, empresa de investimentos estatal da Arábia Saudita, vendeu uma participação de 11% na BRF, em um movimento que ajuda a remover um obstáculo para a fusão de US$ 2,6 bilhões da produtora brasileira de frangos com a gigante da carne bovina Marfrig.
A Salic International Investment fechou um acordo com o Citigroup para trocar suas ações por derivativos, de acordo com um documento regulatório registrado na terça-feira (3).
Embora a transação elimine sua participação direta da empresa na BRF (BRFS3) antes da fusão, a empresa de investimentos saudita ainda terá uma ligação econômica com a empresa por meio dos derivativos.
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Os acionistas da BRF aprovaram a aquisição da Marfrig (MRFG3) no mês passado, mas o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) adiou uma decisão final depois que um membro da agência pediu mais tempo para apresentar um voto.
As autoridades haviam solicitado à empresa saudita e a uma subsidiária que declarassem qual seria sua participação na empresa resultante da fusão.
A investigação antitruste ocorreu a pedido da Minerva (BEEF3), de carne bovina, que questionou se haveria um conflito de interesses se o investidor saudita acabasse possuindo participações em produtores de carne rivais no Brasil. A Salic também possui grandes participações na Minerva.
Em resposta às perguntas do Cade, a empresa saudita disse que não influenciaria a entidade resultante da fusão BRF-Marfrig.
A medida “elimina possíveis questionamentos do Cade sobre a sobreposição de participações em empresas concorrentes”, disseram Igor Guedes e Luca Vello, analistas da Genial Investimentos, em um relatório. Também poderia poupar a empresa de pagamentos de impostos sobre aumentos de ganho de capital após a fusão, disseram eles.
“É uma solução estratégica que preserva os direitos econômicos, reduz os riscos fiscais e garante a conformidade regulatória em um único movimento”, disseram eles.
A empresa saudita disse que a transação aumentará a flexibilidade de seu portfólio e da gestão de riscos, agilizará a execução e a liquidação internacionais e refletirá “uma mudança em sua estrutura de investimentos e não em sua estratégia”.
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