Efeito Ozempic pode levar a economia de US$ 80 mi a companhias aéreas, diz banco

Analista da Jefferies estima que novos medicamentos para emagrecimento podem levar a redução de custos para empresas de aviação

Quanto maior o peso das aeronaves, maior o consumo de combustível de aviação, o maior custo das companhias
Por Mary Schlangenstein
01 de Outubro, 2023 | 04:12 PM

Bloomberg — As companhias aéreas e fabricantes de aviões se preocupam em reduzir constantemente o consumo de combustível de aviação, encontrando novas maneiras de reduzir o peso das aeronaves. Eles podem ter novos aliados no Ozempic e outros medicamentos semelhantes para emagrecimento.

Sheila Kahyaoglu, analista da Jefferies Financial, estimou em um relatório na sexta-feira (29) que a United Airlines (UAL) economizaria US$ 80 milhões por ano se o peso médio dos passageiros diminuísse em 4,5 quilos.

A estimativa faz parte de uma análise mais ampla do banco de investimento Jefferies sobre o entusiasmo público pelo medicamento e os benefícios potenciais de seu uso.

Pode haver um mercado global de mais de US$ 100 bilhões para tais medicamentos. As vendas tendem a aumentar rapidamente até o final da década, concluiu a análise. O Ozempic é fabricado pela Novo Nordisk (NVO).

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O peso é uma grande preocupação para as companhias aéreas porque quanto mais pesado um avião, mais combustível ele queima.

Combustível e mão-de-obra são as duas maiores despesas das empresas aéreas, sendo que o combustível representa cerca de 25%.

Ao longo dos anos, as companhias aéreas têm usado uma variedade de métodos para reduzir o peso nos voos, como a remoção de revistas e a troca por pratos, utensílios e carrinhos de bebidas mais leves.

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Se o passageiro perder 4,5 quilos em média, isso reduziria 812 quilos de cada voo da United, implicando uma economia de 104,5 milhões de litros de combustível por ano, estimou a analista.

Com um preço médio de combustível de US$ 2,89 o galão (3,78 litros) em 2023, a United economizaria US$ 80 milhões por ano. Isso equivale a 20 centavos por ação, ou 2% da estimativa de lucro anual da Jefferies de US$ 9,50 por ação, disse ela.

“Este benefício deve ser reconhecido de forma semelhante em todas as companhias aéreas”, escreveu Kahyaoglu.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos afirma que um em cada três adultos e uma em cada cinco crianças são obesos, ou têm um índice de massa corporal de 30 ou superior para adultos. E a parcela da população mundial considerada com excesso de peso deve chegar a 41,5% este ano, ante 36,4% em 2013, de acordo com o relatório da Jefferies.

Outras indústrias que devem se beneficiar do crescimento de medicamentos para perda de peso incluem os setores farmacêuticos, de vestuário — especialmente roupas esportivas — e de cosméticos, disse o relatório da Jefferies.

Um efeito negativo poderia atingir restaurantes e alguns produtores de alimentos e bebidas se os consumidores mudarem para uma alimentação mais saudável ou pararem de comprar alguns produtos.

O alto custo dos medicamentos poderia reduzir os gastos com itens como móveis ou viagens, segundo o relatório.

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Os preços do combustível de aviação no porto de Nova York subiram 39%, ou 89 centavos por galão, nos últimos três meses, atingindo US$ 3,19 na sexta-feira (29).

Segundo estimativas de 2023 do Escritório de Estatísticas de Transporte e da associação Airlines for America, cada aumento de 10 centavos por galão no preço do combustível de jato custa às companhias aéreas US$ 2 bilhões anualmente.

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