Efeito Ozempic é exagerado? Estudo aponta queda de compras de alimentos em até 9%

Pesquisa em 90 mil domicílios citada em relatório do Morgan Stanley mensurou impactos sobre a cesta de consumo de itens de mercearia em casas com ou sem usuários de medicamentos

Medicamentos que têm efeito de inibidor de apetite se tornaram alguns dos mais vendidos no mundo (Foto: Mario Tama/Getty Images North America)
Por Jemima Denham
18 de Fevereiro, 2024 | 04:03 PM

Bloomberg — Surgem os primeiros dados para justificar a preocupação de fabricantes de alimentos com os efeitos sobre a demanda de consumidores que passaram a tomar regularmente medicamentos que inibem o apetite, dos quais o mais famoso é o Ozempic.

As despesas em domicílios de pessoas que usam os chamados medicamentos GLP-1 diminuíram de 6% a 9% em comparação com domicílios não usuários de GLP-1, disse o Morgan Stanley (MS) em um novo relatório, citando um estudo da Numerator, empresa de pesquisas de mercado.

A pesquisa da Numerator realizada em janeiro usou dados de mais de 90.000 domicílios, de acordo com o Morgan Stanley. Os gastos mensais com os produtos de mercearia foram ajustados para fatores como tamanho do domicílio e renda.

Certos itens de mercearia foram especialmente afetados: lanches, bolos e sorvetes tiveram menor frequência de compra nos domicílios com usuários de GLP-1.

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Por outro lado, as vendas de iogurte, peixe e lanches com vegetais aumentaram.

Empresas de bens de consumo, desde varejistas até fabricantes de alimentos embalados, estão avaliando o impacto do aumento do uso de GLP-1, que se estima que crescerá para um mercado de US$ 100 bilhões até 2030.

O CEO da Walmart (WMT), uma das maiores redes de supermercados do mundo, disse no ano passado que os consumidores que usam os medicamentos que inibem o apetite estão comprando menos alimentos.

Lars Fruergaard Jorgensen, CEO da Novo Nordisk, cuja empresa fabrica o Ozempic e também o Wegovy, disse em uma entrevista recente que recebeu ligações de colegas em empresas alimentícias que estão preocupados com o impacto potencial sobre as suas vendas.

Segundo o estudo, 12,3% dos domicílios disseram que tinham um membro tomando um GLP-1 em janeiro, acima de 11,4% em outubro de 2023.

O crescimento de usuários de GLP-1 é impulsionado pelo tratamento da perda de peso, disse o Morgan Stanley, com uma parcela maior desses usuários pagando do próprio bolso pelos medicamentos em comparação com aqueles que tomam os medicamentos para tratar diabetes.

Os dados também mostraram que, quando os usuários de GLP-1 deixaram de tomar esse medicamento, os gastos mensais dos domicílios voltam aos níveis anteriores.

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