Como a ‘febre’ Labubu afeta o mercado de bolsas de luxo, segundo analistas

As bonecas Pop Mart detonaram a tendência dos charms, mas o frenesi pode afetar a imagem das bolsas de marcas de prestígio.

PARIS, FRANCE - MARCH 08: A guest wears brown coat, white blouse, orange Hermes bag with a bag charm brown Labubu monster, grey pants outside the Hermes fashion show during the Womenswear Fall/Winter 2025/2026 as part of Paris Fashion Week on March 08, 2025 in Paris, France. (Photo by Raimonda Kulikauskiene/Getty Images) Photographer: Raimonda Kulikauskiene/Getty Images Europe
Por Isaac Garrido
24 de Setembro, 2025 | 10:07 AM

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Os Labubus marcaram um novo episódio para a moda e, estranhamente, para o setor de luxo.

Os populares bonecos da empresa chinesa Pop Mart já estavam no mercado há anos, mas bastou que as estrelas do k-pop os carregassem em suas bolsas para que os personagens com seus sorrisos e presas afiadas se tornassem uma sensação. O resto é história.

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Hoje, essas figuras de pelúcia aparecem penduradas em todos os tipos de bolsas, incluindo as cobiçadas bolsas Birkin da Hermès. Eles até se tornaram o centro das atenções quando a tenista Naomi Osaka usou versões personalizadas com cristais penduradas em sua bolsa esportiva durante o último US Open.

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Os especialistas em moda chamaram essa tendência de uma nova versão do “efeito Jane Birkin”, a atriz que deu seu nome a uma das bolsas icônicas da Hermès e que se destacou por personalizar e dar um toque único às suas roupas como uma expressão individual.

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No entanto, especialistas do mundo da moda alertam que o uso de um Labubu pode afetar a reputação de uma bolsa de luxo.

“Jane Birkin colocava um acúmulo de coisas reais em sua Birkin. Em contraste, essa é uma coisa enorme, maciça, que qualquer um pode ter”, disse Pilar Escolano, consultora e especialista em Visual Merchandising e Window Dressing, à edição espanhola da Vanity Fair.

Erea Louro, autora do livro “Style Icons: From Cleopatra to Zendaya” (Ícones de estilo: de Cleópatra a Zendaya), é mais direta.

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“Nem todo modelo (de bolsa) tem aquele carisma ‘estilo Birkin’ que se sustenta com uma série de charms”, disse ela à publicação. “Um acessório pode ser o detalhe perfeito ou um excesso desnecessário”, acrescentou.

Com relação aos efeitos dos enfeites sobre o valor da bolsa, ela explicou que “no mercado de revenda, sem dúvida, isso acontece”, mas em termos de estilo, depende dos critérios da pessoa que os escolhe.

O fenômeno dos pingentes e da personalização

Criado há 10 anos pelo artista de Hong Kong Kasing Lung, o Labubu manteve presença no mercado asiático na forma de vários produtos, principalmente brinquedos colecionáveis, até que sua popularidade explodiu no ano passado.

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O fenômeno de vendas catapultou a Pop Mart globalmente e, em julho, o Morgan Stanley classificou a empresa como uma das marcas globais de crescimento mais rápido, com um valor de mercado de cerca de US$ 43 bilhões, de acordo com a Bloomberg News.

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Na moda, eles se tornaram uma referência para a personalização, um elemento que nos últimos anos se estendeu para além do luxo e que hoje se materializa na comercialização de chaveiros, pingentes, correntes e todos os tipos de acessórios que servem para fazer a diferença com um toque pessoal.

“Gostamos de sentir que estamos personalizando, mas sem perder a estrutura aspiracional”, disse Louro.

Pingentes e outros acessórios pequenos, como chaveiros e crachás, não são novidade no mundo do luxo. A Louis Vuitton os vende há anos, a Hermès vende seus pingentes em forma de cavalo por US$ 700 há anos e, em 2014, a Fendi fez sucesso quando lançou o Karlito, uma série de pingentes que reproduziam a imagem de Karl Lagerfeld.

O luxo tem tudo a ver com itens pequenos

O Labubu trouxe essa ideia para o mercado de massa e todos os tipos de marcas aproveitaram a tendência.

A Coach, por exemplo, lançou uma linha inteira de correntes, chaveiros e pingentes que geraram contas em redes dedicadas à personalização.

“As marcas entenderam perfeitamente que, se o consumidor vai encher sua bolsa de pingentes, é melhor ter o seu próprio”, disse Louro à Vanity Fair.

O aumento desses itens não é aleatório, um estudo da Bain & Co. mostrou que é cada vez mais comum as marcas de luxo incorporarem acessórios menores e mais acessíveis para atrair novos clientes.

“Essa infantilização anda de mãos dadas com a precariedade, com a falta de poder aquisitivo em que a pessoa se consola com esse tipo de compra, já que é o que ela pode acessar”, disse Escolano.

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