Churrasco de Natal a loja one-stop-shop: como a Swift quer reinventar o consumo de carne

Marca tradicional amplia as vendas em 152% no fim de ano, como resultado de estratégia que busca ampliar as ocasiões de consumo com diversificação do portfólio, segundo conta o diretor comercial da Swift, Aécio Patuzzi, à Bloomberg Línea

Loja da Swift: crescimento das vendas de produtos para churrasco também neste fim de ano com estratégia para essa época do ano (Foto: Divulgação)
22 de Dezembro, 2025 | 07:51 AM

Bloomberg Línea — Os hábitos de consumo em transformação dos brasileiros representam relevantes oportunidades de crescimento para as marcas atentas às novas tendências. Um exemplo é o churrasco entre familiares e amigos, que se tornou uma das principais ocasiões de celebração também com apelo sazonal.

Para a Swift, uma das mais tradicionais marcas de alimentos do mundo, que faz parte do grupo JBS, o churrasco de fim de ano, em período que inclui o Natal e o Réveillon, se tornou uma importante avenida de crescimento.

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As vendas tiveram expansão de 152% nos últimos cinco anos na comparação com a média do ano, como resultado de uma estratégia com posicionamento no varejo, diversificação do portfólio e de campanhas de marketing voltadas a endereçar uma demanda já existente e com potencial incremental de expansão.

“Enxergamos a sazonalidade do consumo no Natal e no Ano Novo como uma oportunidade para a Swift se apropriar de uma mudança natural de comportamento que já temos notado nos últimos anos”, disse Aécio Patuzzi, diretor Comercial e de Supply Chain da Swift, em entrevista à Bloomberg Línea.

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Segundo o executivo, há demanda por outras proteínas além das tradicionais aves, do bacalhau às carnes suínas, passando pelo cordeiro. “Oferecemos todas as opções para que o consumidor possa escolher o que é de sua preferência.”

Parte fundamental da estratégia abrange as lojas próprias, que, ao longo dos últimos anos, se multiplicaram em bairros relevantes para as vendas de grandes cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, além do Distrito Federal. E que se tornaram uma espécie de one-stop-shop para o churrasco.

“Queremos ser o destino final do cliente que pensa em churrasco, resolver todas as suas necessidades”, disse o executivo. “Antes, esse consumidor comprava carnes em um lugar, legumes, em outro, carvão em outra loja, assim como gelo e por aí vai. E decidimos reunir tudo em um só lugar, mesmo que não seja proteína.”

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Tais lojas passaram com o tempo a refletir o aumento do portfólio, que já conta hoje com cerca de 250 produtos, tanto de carnes bovinas congeladas - em que houve igualmente uma diversificação de linhas de acordo com a segmentação da demanda (veja mais abaixo) - como de outras proteínas. E também de acompanhamentos como farofa e vegetais e acessórios fundamentais para o churrasco, como carvão e álcool acendedor.

“É a forma como queremos ser percebidos pelo consumidor e é o que nos diferencia em relação ao que o varejo de modo geral já faz”, disse o executivo.

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“Queremos mudar a forma como se compra e se consome proteína, indo além do varejo tradicional”, completou Patuzzi, citando o formato de loja que busca reunir conveniência e uma experiência que pouco remete ao tradicional açougue, seja o independente de rua ou aqueles em supermercados.

As vendas em lojas físicas são complementadas por outros canais, da presença com refrigeradores próprios e identificados com a marca em supermercados a canais digitais como o e-commerce e o WhatsApp, além de televendas.

As mudanças incluem novas práticas antes que as carnes cheguem às lojas, como o congelamento já na origem, e são possíveis graças à integração existente na própria JBS, com uma cadeia verticalizada, explicou o executivo.

O racional foi abordado recentemente pelo CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, na teleconferência com analistas sobre o resultado do terceiro trimestre.

“A loja Swift foi desenvolvida porque nós acreditamos que a carne bovina congelada é um mercado. Quando vendemos a carne congelada, evitamos algum desperdício na cadeia e preservamos rendimentos que, ao vendermos fresco, perdemos durante o processo até que chegue aos consumidores”, disse Tomazoni.

O CEO global ressaltou que os próprios consumidores em geral já congelam a carne em casa, dado que não vão ao mercado todo dia para comprar, e que a JBS, ao adotar o processo desde a origem na planta, tem condições mais apropriadas de fazê-lo pensando nas condições ao longo dessa cadeia.

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A estratégia da Swift inclui também, como mencionado, a segmentação de carnes bovinas de acordo com paladares e orçamentos.

A marca investiu para lançar linhas premium como a Swift Legado 1855 e ampliou a variedade de cortes nobres, que incluem, por exemplo, ancho, t-bone, fraldinha, short rib, prime rib, costela, tomahawk e chorizo.

A picanha, um dos cortes preferidos dos brasileiros, passou a contar com 21 opções diferentes no sortimento, em caso emblemático da estratégia.

A Swift, marca originalmente fundada nos Estados Unidos em 1855, tem passado por um processo de fortalecimento e recuperação da marca ao longo dos últimos anos, em particular desde que foi adquirida pela JBS em 2007.

Esse processo passa também por campanhas de marketing, como a recente websérie “Braseiro do Brasil”, que buscou explorar o mix de comportamento entre diferentes estados no momento do churrasco, como o consumo maior de costela entre gaúchos, de contra-filé e picanha entre paulistas e de cupim entre goianos.

“Nós queremos atender o consumidor quando ele pensa na proteína do dia-a-dia mas também quando quer surpreender familiares e amigos em uma data especial, que pode ser o Natal e o Ano Novo, e é por essa razão que temos linhas diferentes de cortes para cada ocasião”, disse o diretor Comercial da Swift.

-- Em atualização.

-- Matéria corrigida às 8h53 de 22 de dezembro, com a informação de que Aécio Patuzzi é diretor Comercial e de Supply Chain da Swift, e não da JBS.

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