Cerveja zero álcool ‘sobrevive’ ao Carnaval e dobra ritmo de crescimento na Ambev

Vendas de cervejas sem álcool, como Corona Cero e Bud Zero, crescem 40% no segundo trimestre na base anual no Brasil, com impulso em novos hábitos de consumo até no Carnaval

Bottles of Corona Cero, a non-alcoholic beer, manufactured by AB InBev, at a sportswear store during the Olympic Games in central Paris, France, on Tuesday, July 30, 2024. Corona Cero is the first global beer sponsor for the Olympics. Photographer: Nathan Laine/Bloomberg
08 de Maio, 2025 | 05:41 PM

Bloomberg Línea — Começou com a associação com o esporte. Na Olimpíada de Paris em meados de 2024, por exemplo, a AB InBev elegeu a Corona Cero como a cerveja oficial da competição, em uma decisão que, intuitivamente, parecia fazer sentido dados os valores de preocupação com o bem-estar e a saúde de atletas e torcedores em tais eventos.

Há dois meses, a parceria já existente da Corona com a World Surf League (WSL) foi renovada por mais quatro anos com uma alteração importante: a Corona Cero passou a ser a marca associada à elite do surfe, em que brasileiros como Ítalo Ferreira, Gabriel Medina, Filipe Toledo e Yago Dora despontam como ídolos globais.

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Mas poderia haver ainda, para os menos avisados, barreiras a serem rompidas. Uma delas, no Carnaval, a maior festa popular do país e um dos principais eventos para a venda de cerveja com álcool há muitas décadas. Não há mais.

Os números da Ambev (ABEV3) e da AB InBev (BUD) referentes ao primeiro trimestre, divulgados nesta manhã de quinta-feira, revelaram uma demanda que ganhou tração justo no período marcado pela sazonalidade do Carnaval.

Leia mais: Ambev: cervejas como Corona Cero e Bud Zero crescem 20% e refletem tendência

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As vendas da categoria - liderada por marcas como Corona Cero, Budweiser Zero e Brahma Zero - cresceram quase 40% na base anual.

Esse ritmo é o dobro no registrado no quarto trimestre na mesma base anual, o que sinalizou, portanto, a aceleração nos meses de Carnaval de forma absoluta e em termos relativos.

No primeiro caso, “foi o maior trimestre em termos de volume de cervejas zero álcool para a Ambev, que lidera o segmento no Brasil”, disse a companhia em nota à Bloomberg Línea.

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No dado consolidado da categoria cervejas, o volume avançou 0,7% no primeiro trimestre na base anual.

Na AB InBev, o crescimento também se deu mais uma vez em ritmo acelerado: na casa de “20% altos” de janeiro a março na comparação anual, sob impulso do desempenho das vendas de Michelob Ultra Zero.

“Com os investimentos ao longo dos anos aprimoramos nossos processos cervejeiros e hoje conseguimos oferecer opções de cerveja sem álcool para diferentes perfis de consumidores, [...] para novas ocasiões de consumo, para diferentes públicos e momentos do dia a dia”, disse Laura Aguiar, diretora de Conhecimento e Cultura Cervejeira na Ambev, em nota à Bloomberg Línea.

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“A cerveja é uma categoria versátil que consegue entregar uma bebida zero álcool utilizando os mesmos ingredientes e mantendo o sabor da versão regular”, afirmou.

O avanço da categoria de cerveja zero álcool faz parte de uma tendência mais ampla de mercado.

Na concorrente Heineken, por exemplo, mercados que, somados, respondem por 90% dos volumes da empresas já possuem ao menos uma alternativa de cerveja zero álcool das principais marcas presentes.

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Marcelo Sakate

Marcelo Sakate é editor-chefe da Bloomberg Línea no Brasil. Anteriormente, foi editor da EXAME e do CNN Brasil Business, repórter sênior da Veja e chefe de reportagem de economia da Folha de S. Paulo.