Bloomberg Línea — O CEO do BTG Pactual (BPAC11), Roberto Sallouti, criticou nesta terça-feira (10) as medidas apresentadas pelo governo no último domingo (8) para equilibrar as contas públicas.
“Se sabemos que [a revisão de estrutura de gastos governamentais] é inevitável, o que estamos esperando?”, afirmou o CEO em encerramento de painel durante a Febraban Tech, em que esteve ao lado dos seis presidentes dos maiores bancos do Brasil: Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander Brasil e Caixa Econômica Federal.
Sallouti defendeu que é o momento de o país buscar eficiência no orçamento e nos gastos públicos, para que não seja obrigado a aumentar tributos que poderiam ter impacto no PIB potencial e na produtividade do Brasil.
“Vamos fazer [a revisão] o mais rápido possível – independente de eleição – porque quem ganha é o Brasil”, afirmou o executivo.
A declaração veio dois dias após o governo divulgar um novo conjunto de medidas fiscais elaborado depois da recepção negativa ao decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Os agentes financeiros esperavam uma proposta alternativa que combinasse cortes de gastos, mas a estratégia anunciada envolve uma recomposição de receitas.
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A proposta, que ainda aguarda aprovação final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – atualmente em viagem à Europa –, inclui a taxação de 5% sobre novas emissões de LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) e LCI (Letras de Crédito Imobiliário), que hoje são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas. Emissões anteriores seguem com a isenção preservada.
Além da mudança na tributação desses instrumentos de renda fixa, o governo pretende também aumentar a receita com taxação de empresas de apostas esportivas - as bets.
Milton Maluhy, CEO do Itaú (ITUB4), não comentou o imbróglio diretamente, mas afirmou: “nosso partido político é o Brasil”.
Sem citar nomes, Maluhy fez um “convite a todos” para atuar com olhar de longo prazo, deixando de lado a polarização política.
Já o CEO do Bradesco (BBDC4), Marcelo Noronha, relembrou que o setor vem advogando por uma solução de corte de gastos como a melhor saída fiscal para o país. “Sempre defendemos o equilíbrio [das contas] pela despesa, e não pela receita”, afirmou.
Mario Leão, CEO do Santander Brasil (SANB11), defendeu a evolução dos debates para que o país atinja reformas estruturais “em parte este ano, este ano e com evolução mais significativa a partir de 2026″.
A expectativa é que mudanças mais robustas sejam realizadas apenas após as eleições presidenciais agendadas para o próximo ano.
Tarciana Medeiros e Carlos Vieira, presidentes dos bancos estatais BB (BBAS3) e Caixa, não comentaram a questão.
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