CEO da Natura aposta no mercado do México para recuperar crescimento

Em entrevista à Bloomberg News, João Paulo Ferreira diz que seu objetivo é ‘capturar valor do próprio negócio’, enquanto prepara o terreno para retomar o pagamento de dividendos

Joao Paulo Ferreira, chief executive officer of Natura Cosmeticos SA Latam, during an interview in Sao Paulo, Brazil, on Wednesday, June 19, 2024. The Brazilian cosmetics giant has become the second company to receive the highest tier of the carbon integrity award from the Voluntary Carbon Markets Integrity Initiative, signaling a vote of confidence in the quality of the carbon offsets it procures from Latin America. Photographer: Tuane Fernandes/Bloomberg
Por Rachel Gamarski
30 de Maio, 2025 | 05:28 PM

Bloomberg — A Natura mira o mercado mexicano em uma iniciativa para aumentar as vendas, enquanto o CEO, João Paulo Ferreira, trabalha para revigorar a companhia de cosméticos depois de resultados considerados frustrantes no fim do ano passado.

“Vamos crescer desproporcionalmente no México”, disse Ferreira em entrevista à Bloomberg News.

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A Natura planeja expandir sua presença no país, a partir de sua atual base de 16 lojas e estandes, bem como sua operação online e sua rede de 500 mil consultoras de beleza que oferecem seus produtos no país. Ferreira não quis fornecer metas para a abertura de lojas.

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A Natura oferece toda a sua linha de produtos no México - de perfumaria a produtos para cabelo e maquiagem -, mas atualmente detém apenas 5,4% do mercado. Essa fatia fica atrás da participação de mercado de 11,5% da rival francesa L’Oréal na segunda maior economia da América Latina.

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Embora a empresa brasileira planeje acelerar seu investimento no México por meio de crescimento orgânico, o CEO não descartou uma aquisição no futuro.

Ferreira, que liderou a divisão da América Latina antes de ser nomeado para comandar todo o grupo em março, disse que seu objetivo é “capturar valor do nosso próprio negócio”, enquanto prepara o terreno para retomar o pagamento de dividendos.

As ações da Natura despencaram 30% em 14 de março, após os resultados do quarto trimestre ficarem abaixo das expectativas de mercado, o que gerou críticas de investidores.

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Os ativos recuperaram parte dessas perdas e são negociados a cerca de US$ 10,50 por ação, uma queda de 17,7% no acumulado do ano.

Ferreira disse que espera restaurar a confiança do mercado com uma estratégia mais clara e com disciplina financeira.

“Os negócios na América Latina são geradores de caixa e queremos minimizar o consumo de caixa”, disse o CEO em Nova York neste mês.

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“Não temos dívida de curto prazo — e ela está relativamente barata —, então, em um futuro próximo, podemos esperar dividendos novamente.”

Ferreira passou 48 horas em Nova York para reuniões com investidores internacionais, dizendo que sua mensagem era que a Natura está “de volta aos trilhos” sob sua liderança.

Ele também disse que detectou um interesse crescente entre gestores de recursos globais no mercado brasileiro. “Eles estavam ansiosos para falar sobre o Brasil — mais do que eu esperava”, ele disse.

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Amazônia & Avon

A Natura (NTCO3) é famosa por utilizar ingredientes da floresta amazônica em seus produtos de beleza e planeja anunciar um centro de pesquisa sobre biodiversidade na região durante a COP30, em novembro. A 30ª edição da conferência climática das Nações Unidas será realizada neste ano em Belém.

Ferreira afirmou que a Natura não está em busca de negócios no curto prazo, mas poderá analisar suas oportunidades de aquisição após a conclusão do processo de recuperação judicial da unidade Avon International, iniciado em agosto passado.

A Avon “não deve queimar tanto caixa quanto queimou no ano passado, incluindo os custos de reestruturação”, disse Ferreira.

Questionado sobre um possível comprador para a Avon, ele disse que a Natura considera todas as opções, incluindo a venda de ativos em partes ou em bloco. “Quanto tempo isso vai levar, não sabemos.”

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