CEO da Boeing teve aumento de 45%, para US$ 33 mi, antes de crise e perda de cargo

Dave Calhoun, que sairá no fim do ano após uma sequência de falhas de segurança em aeronaves, recebeu aumento na remuneração em 2023 impulsionado por bônus de retenção

Dave Calhoun, chief executive officer of Boeing Co., center right, on Capitol Hill in Washington, DC, US, on Wednesday, Jan. 24, 2024
Por Julie Johnsson
05 de Abril, 2024 | 08:41 PM

Bloomberg — A remuneração - o total compensation - do CEO da Boeing, Dave Calhoun, aumentou 45%, para US$ 32,8 milhões, no ano passado, impulsionado em grande parte por um bônus de retenção destinado a mantê-lo no cargo até 2025. Isso antes de um acidente aéreo ocorrido exatamente há três meses, que alterou esse plano de médio prazo. Ele terá que deixar o cargo no fim deste ano.

Stan Deal, que comandava a divisão de aviões comerciais da Boeing, teve um aumento de 42% em sua remuneração total, chegando a US$ 12,5 milhões, informou a fabricante americana de aviões nesta sexta-feira (5) em um arquivamento na SEC (Securities and Exchange Commission).

Ambos os executivos foram envolvidos em mudanças abrangentes na liderança anunciadas no fim de março, quando o conselho escolheu um novo chairman, iniciou uma busca por um CEO e substituiu o chefe da divisão de aviões comerciais.

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Os conselheiros da Boeing também examinaram mais rigorosamente os salários, reduzindo os incentivos de longo prazo concedidos a altos executivos no início deste ano para refletir uma queda de mais de 20% nos preços das ações da Boeing desde o acidente em um avião da Alaska Airlines em 5 de janeiro.

“Prometo que eu pessoalmente e nós, como conselho, não deixaremos pedra sobre pedra em nossos esforços para levar esta empresa para onde ela precisa estar”, escreveu Steve Mollenkopf, o recém-nomeado presidente do conselho da Boeing, em uma carta aos acionistas.

O conselho adotou várias mudanças para vincular mais diretamente o pagamento à segurança e à qualidade da Boeing. Para a divisão comercial, a fabricante de aviões agora acompanhará melhorias na fabricação fora de sequência, conhecida como “traveled work”, um problema que contribuiu para a explosão de um painel em um Boeing 737 Max no início deste ano.

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E, a partir de 2024, os pagamentos de incentivos de longo prazo para executivos podem ser drasticamente reduzidos se certas metas relacionadas à segurança não forem “concluídas oportunamente”, incluindo uma nova pesquisa para avaliar a cultura de segurança da Boeing, segundo o documento.

Os bônus também estão ligados a controles e avaliações melhores dos riscos de segurança para a fabricação do 737 e de outras aeronaves.

A recente mudança na remuneração pelos conselheiros significou que o prêmio de 2024 de Calhoun foi reduzido para US$ 13,3 milhões, ante uma meta de US$ 17 milhões.

O principal executivo da Boeing, que está de saída no fim deste ano, disse ao conselho em fevereiro que recusaria seu bônus de 2023, estimado em cerca de US$ 2,8 milhões.

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Calhoun também perderá o restante do bônus de retenção do ano passado se cumprir os planos de renunciar ao cargo no fim do ano. Ele ainda recebeu metade desse valor, inicialmente avaliado em cerca de US$ 5,3 milhões, em fevereiro. O pagamento deveria ser liberado por meio de vesting em parcelas iguais em 2024 e 2025, desde que Calhoun permanecesse no cargo.

A menos que ocorra uma reviravolta rápida na Boeing, é provável que Calhoun saia de seu período de cinco anos como CEO da empresa com muito menos do que os quase US$ 100 milhões que inicialmente estava previsto para receber, mostrou o documento.

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Embora Calhoun tenha recebido pagamentos e incentivos em ações no valor de US$ 97,6 milhões entre 2020 e 2023, seu pagamento de fato acumulado durante esse período foi de US$ 19,7 milhões. Isso reflete o declínio nos preços das ações da empresa e pagamentos de longo prazo que não se concretizaram devido ao desempenho insatisfatório da Boeing.

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