BHP sonda Anglo American sobre nova oferta de aquisição, dizem fontes

Segundo pessoas a par do assunto que falaram com a Bloomberg News, a maior mineradora do mundo voltou a procurar a Anglo American depois de uma oferta frustrada no ano passado para adquirir a empresa por US$ 49 bi

Operações da Anglo American na África do Sul: empresa é vista há tempos como potencial alvo de aquisição graças ao seu portfólio de cobre. (Foto: Waldo Swiegers/Bloomberg)
Por Aaron Kirchfeld - Dinesh Nair - Thomas Biesheuvel
23 de Novembro, 2025 | 03:49 PM

Bloomberg — O grupo BHP voltou a procurar a Anglo American sobre uma possível nova oferta de aquisição, em uma tentativa de atrapalhar a fusão da mineradora listada em Londres com a canadense Teck Resources — o capítulo mais recente em uma onda de consolidação que varre o setor.

A maior mineradora do mundo procurou a Anglo American nos últimos dias, segundo pessoas a par do assunto que falaram com a Bloomberg News. A proposta da BHP combina dinheiro e ações, disseram algumas dessas pessoas.

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A Anglo American tem valor de mercado de cerca de £ 31,9 bilhões (US$ 41,8 bilhões), enquanto a BHP — que tentou comprar a rival menor no ano passado, sem sucesso — vale mais de US$ 130 bilhões.

A nova investida da BHP ocorre a menos de três semanas da votação em que os acionistas da Anglo e da Teck devem decidir sobre o acordo para criar uma nova gigante do cobre, avaliada em mais de US$ 60 bilhões, anunciado em setembro.

A iniciativa amplia uma onda de fusões e aquisições que tomou conta das maiores mineradoras — impulsionado sobretudo pelo interesse em ampliar operações de cobre, considerado cada vez mais essencial para a eletrificação.

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As conversas continuam e não há garantia de que resultarão em um acordo entre BHP e Anglo, disseram as fontes, que pediram anonimato ao comentar informações privadas. A Anglo avisou a Teck no fim de semana sobre a aproximação da BHP, disseram duas delas. Representantes da BHP, Anglo e Teck não quiseram comentar.

Leia também: Justiça do Reino Unido responsabiliza BHP por colapso da barragem de Mariana

Assim como a Teck, a Anglo é vista há tempos como potencial alvo de aquisição pelos maiores grupos do setor graças ao seu portfólio atraente de cobre. No entanto, compradores haviam se afastado devido ao conjunto eclético de ativos relativamente específicos da companhia, que vão de diamantes a platina.

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A BHP tentou adquirir a Anglo por US$ 49 bilhões no ano passado em uma operação complexa, que exigia que a empresa menor se desfizesse antes de participações majoritárias em duas mineradoras sul-africanas. Mas a BHP acabou desistindo após uma batalha pública de cinco semanas.

A Anglo rejeitou repetidamente as propostas da BHP na época, classificando-as como complexas demais e insuficientes para refletir o valor do negócio. Em seguida, apresentou às pressas um amplo plano de reestruturação que o CEO Duncan Wanblad prometeu trazer retornos melhores aos acionistas.

Desde então, a empresa deixou o setor de platina na África do Sul — o que pode torná-la mais palatável para a BHP — embora ainda não tenha concluído os planos para vender suas unidades de carvão e diamantes.

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A proposta mais recente da BHP foi estruturada de forma mais simples e direta do que a do ano passado, disseram algumas das fontes.

As ações da Anglo superaram com folga as da BHP desde o fim das negociações, o que pode dificultar qualquer acordo sobre avaliação. Os papéis da empresa menor subiram 11% em Londres, enquanto os da BHP caíram 10% na bolsa australiana.

O acordo com a Teck também recebeu apoio amplo por parte dos acionistas da Anglo.

Para a BHP e seu CEO, Mike Henry, o movimento representa um teste sobre até onde a empresa está disposta a ir para crescer no setor de cobre. A BHP e suas rivais seguem cautelosas quanto a pagar caro demais, depois de terem sido duramente punidas por investidores por aquisições desastrosas no ciclo anterior.

O executivo também lida com uma disputa crescente sobre vendas de minério de ferro ao seu cliente mais importante, a China, enquanto algumas pessoas próximas à empresa esperam que ele passe o comando a um sucessor no ano que vem, após seis anos como CEO.

Embora a Anglo tenha conseguido rejeitar as tentativas da BHP no ano passado, a disputa levou a empresa a buscar alternativas — que culminaram no acordo anunciado em setembro para comprar a Teck, que por si só seria uma das maiores aquisições da história do setor.

O negócio foi apresentado como uma transação sem prêmio adicional, e Teck e Anglo afirmam que podem gerar valor significativo ao combinar suas duas enormes minas de cobre vizinhas no deserto do Atacama.

As empresas disseram na época que o acordo incluía cláusulas permitindo que cada parte considerasse propostas não solicitadas e que o negócio poderia ser encerrado caso surgisse uma oferta superior.

A Bloomberg News informou na semana passada que o governo do Canadá pressiona a Anglo a assumir compromissos mais firmes quanto a cargos executivos e de gestão na futura sede em Vancouver, como condição para a aquisição da Teck, que atualmente tem valor de mercado de cerca de US$ 19 bilhões.

Os acionistas das duas mineradoras devem votar no dia 9 de dezembro, e o acordo ainda precisa da aprovação de reguladores em países como China, EUA e Canadá. Qualquer combinação entre BHP e Anglo também deverá enfrentar forte escrutínio antitruste, especialmente na China.

-- Com a colaboração de Clara Ferreira Marques, Jack Ryan, Mark Burton e Jacob Lorinc.

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