Bloomberg Línea — O Banco do Brasil (BBAS3) revisou para baixo suas projeções para o ano de 2025, pressionado pela deterioração da qualidade de crédito, segundo resultado divulgado depois do fechamento do mercado nesta quarta-feira (12). No after market de Nova York, os ADRs da instituição registravam queda de 0,45%.
O guidance de lucro ajustado foi reduzido do intervalo de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.
O custo de crédito, anteriormente estimado em R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões, foi elevado para R$ 59 bilhões a R$ 62 bilhões, com sinalização de expectativa de piora adicional da inadimplência no quarto trimestre.
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No terceiro trimestre, o banco liderado pela CEO Tarciana Medeiros registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, estável em relação ao trimestre anterior.
No acumulado de nove meses, o lucro somou R$ 14,9 bilhões, resultando em retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) de 11,2% – patamar considerado baixo para uma instituição do porte do BB e abaixo do custo de capital.
O custo de crédito disparou 66,4% em nove meses, para R$ 44 bilhões. A deterioração atinge especialmente o agronegócio – carteira de R$ 398,8 bilhões –, com agravamentos também em casos específicos de grandes empresas.
O resultado expõs contrastes marcantes.
O banco mantém a liderança em eficiência operacional entre os grandes bancos brasileiros, com índice de 27,6%. Mas enfrenta uma crise severa de qualidade de crédito que corrói a rentabilidade.
O corte na projeção de lucro representa uma redução de até 16% ante o piso da estimativa anterior.
Já a elevação do custo de crédito indica que o banco espera deterioração adicional no último trimestre do ano. A combinação desses fatores compromete significativamente as metas de rentabilidade para 2025.
“O ano de 2025 é um ano de ajustes, marcado pela resiliência do nosso balanço diante de desafios”, resumiu o BB no relatório.
Geração de receitas sustenta resultado
A margem financeira bruta apresentou desempenho considerado robusto. Cresceu 5,1% em relação ao trimestre anterior, totalizando R$ 26,4 bilhões. No acumulado de nove meses, a margem atingiu R$ 75,3 bilhões.
O destaque positivo ficou com o chamado Crédito do Trabalhador, o consignado privado do BB. Lançado em março, o programa já contabiliza R$ 11 bilhões em operações contratadas, com taxa de escrituração de 95% e mais de 1,3 milhão de operações distribuídas em 97,4% dos municípios brasileiros.
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As receitas de prestação de serviços também contribuíram com um crescimento de 1,3% no trimestre, com destaques para a administração de fundos (+7,1%), seguros e previdência (+5,8%) e consórcios (+6,3%).
O banco manteve sua liderança em eficiência. O índice de 27,6% em 12 meses é considerado o melhor entre os grandes bancos brasileiros.
As despesas administrativas tiveram crescimento controlado de 5,4% no acumulado do ano. Houve investimentos de R$ 5,2 bilhões em tecnologia, com destaque para o lançamento da ARI, ferramenta de inteligência artificial conversacional.
A carteira de crédito expandida atingiu R$ 1,28 trilhão em setembro, um crescimento de 7,5% em 12 meses.
O segmento de pessoa física avançou 7,9%, impulsionado pelo consignado (+7,8%), por crédito não consignado (+12,9%) e cartão de crédito (+16,6%).
Já a carteira de pessoa jurídica cresceu 10,4%, com destaque para grandes empresas (+20,3%). Mas o segmento de micro, pequenas e médias empresas recuou 3,7%.
O agronegócio, tradicional força do BB, cresceu 3,2%, com total de R$ 398,8 bilhões.
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