BB projeta lucro menor e custo de crédito mais alto em 2025 sob pressão do agro

Banco do Brasil revisa guidance e agora espera lucrar de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões no ano, vs R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões anteriormente; inadimplência no agro limita rentabilidade em 11,2%, apesar de índice de eficiência de 27,6%

Pedestrians walk past a Banco Do Brasil bank branch in the financial district of Sao Paulo, Brazil, on Monday, Sept. 8, 2025. The Brazilian real was one of the best-performing currencies in emerging markets in August, and it can continue to outperform in the last four months of the year as traders look ahead to the start of rate cuts, especially as most of the impact of the US trade war has turned out to be just noise so far. Photographer: Victor Moriyama/Bloomberg
12 de Novembro, 2025 | 07:25 PM

Bloomberg Línea — O Banco do Brasil (BBAS3) revisou para baixo suas projeções para o ano de 2025, pressionado pela deterioração da qualidade de crédito, segundo resultado divulgado depois do fechamento do mercado nesta quarta-feira (12). No after market de Nova York, os ADRs da instituição registravam queda de 0,45%.

O guidance de lucro ajustado foi reduzido do intervalo de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões para R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões.

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O custo de crédito, anteriormente estimado em R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões, foi elevado para R$ 59 bilhões a R$ 62 bilhões, com sinalização de expectativa de piora adicional da inadimplência no quarto trimestre.

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No terceiro trimestre, o banco liderado pela CEO Tarciana Medeiros registrou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões, estável em relação ao trimestre anterior.

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No acumulado de nove meses, o lucro somou R$ 14,9 bilhões, resultando em retorno sobre patrimônio líquido (RSPL) de 11,2% – patamar considerado baixo para uma instituição do porte do BB e abaixo do custo de capital.

O custo de crédito disparou 66,4% em nove meses, para R$ 44 bilhões. A deterioração atinge especialmente o agronegócio – carteira de R$ 398,8 bilhões –, com agravamentos também em casos específicos de grandes empresas.

O resultado expõs contrastes marcantes.

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O banco mantém a liderança em eficiência operacional entre os grandes bancos brasileiros, com índice de 27,6%. Mas enfrenta uma crise severa de qualidade de crédito que corrói a rentabilidade.

O corte na projeção de lucro representa uma redução de até 16% ante o piso da estimativa anterior.

Já a elevação do custo de crédito indica que o banco espera deterioração adicional no último trimestre do ano. A combinação desses fatores compromete significativamente as metas de rentabilidade para 2025.

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“O ano de 2025 é um ano de ajustes, marcado pela resiliência do nosso balanço diante de desafios”, resumiu o BB no relatório.

Geração de receitas sustenta resultado

A margem financeira bruta apresentou desempenho considerado robusto. Cresceu 5,1% em relação ao trimestre anterior, totalizando R$ 26,4 bilhões. No acumulado de nove meses, a margem atingiu R$ 75,3 bilhões.

O destaque positivo ficou com o chamado Crédito do Trabalhador, o consignado privado do BB. Lançado em março, o programa já contabiliza R$ 11 bilhões em operações contratadas, com taxa de escrituração de 95% e mais de 1,3 milhão de operações distribuídas em 97,4% dos municípios brasileiros.

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As receitas de prestação de serviços também contribuíram com um crescimento de 1,3% no trimestre, com destaques para a administração de fundos (+7,1%), seguros e previdência (+5,8%) e consórcios (+6,3%).

O banco manteve sua liderança em eficiência. O índice de 27,6% em 12 meses é considerado o melhor entre os grandes bancos brasileiros.

As despesas administrativas tiveram crescimento controlado de 5,4% no acumulado do ano. Houve investimentos de R$ 5,2 bilhões em tecnologia, com destaque para o lançamento da ARI, ferramenta de inteligência artificial conversacional.

A carteira de crédito expandida atingiu R$ 1,28 trilhão em setembro, um crescimento de 7,5% em 12 meses.

O segmento de pessoa física avançou 7,9%, impulsionado pelo consignado (+7,8%), por crédito não consignado (+12,9%) e cartão de crédito (+16,6%).

Já a carteira de pessoa jurídica cresceu 10,4%, com destaque para grandes empresas (+20,3%). Mas o segmento de micro, pequenas e médias empresas recuou 3,7%.

O agronegócio, tradicional força do BB, cresceu 3,2%, com total de R$ 398,8 bilhões.

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