Fora da ‘onda Ozempic’, AstraZeneca vê receita crescer 12% com impulso de oncologia

Farmacêutica britânica reforça aposta no mercado americano em meio a pressão de Donald Trump por produção local; receitas atingiram US$ 14,5 bilhões no segundo trimestre

Farmacêutica se comprometeu a investir US$ 50 bi nos EUA até 2030 (Fotor: Chris Ratcliffe/Bloomberg)
Por Ashleigh Furlong
29 de Julho, 2025 | 08:05 AM

Bloomberg — A AstraZeneca divulgou vendas melhores do que as esperadas e lucro crescente para o segundo trimestre, impulsionado por seu portfólio de medicamentos contra o câncer e pelo crescimento nos EUA.

A receita subiu 12% para US$ 14,5 bilhões, informou a farmacêutica britânica na terça-feira, superando as estimativas.

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O lucro por ação, excluindo alguns itens, aumentou 10%, para US$ 2,17, conforme esperado. As ações subiram 1,4% no pregão de Londres, elevando seu ganho anual para mais de 4%.

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Sob o comando do CEO Pascal Soriot, a Astra se transformou em uma potência em oncologia e está cada vez mais focada nos EUA.

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A empresa está trabalhando para reforçar sua presença de fabricação no país, comprometendo-se a investir US$ 50 bilhões até 2030, tanto em produção quanto em pesquisa e desenvolvimento, enquanto procura mostrar ao governo do presidente Donald Trump que leva a sério a fabricação de medicamentos localmente.

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Trump deve impor tarifas sobre produtos farmacêuticos em um esforço para aumentar a fabricação de medicamentos nos EUA.

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A Astra disse que as vendas no país, que é seu principal mercado agora, cresceram 13% no trimestre. O portfólio de medicamentos contra o câncer gerou uma receita de US$ 6,3 bilhões, acima do esperado, impulsionada por medicamentos como Tagrisso e Imfinzi.

O medicamento mais antigo para o coração, Brilinta, que enfrenta a concorrência dos genéricos, decepcionou.

Separadamente, a Astra está adiando os resultados de um estudo importante sobre o câncer do medicamento Datroway, um potencial sucesso de vendas.

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Os resultados do estudo, previstos para os próximos meses, serão agora divulgados no primeiro semestre do próximo ano, já que a empresa aguarda mais dados sobre a evolução da doença dos pacientes.

O que diz a Bloomberg Intelligence:

O atraso anunciado pela AstraZeneca em seu cronograma de dados do AVANZAR (Datroway em câncer de pulmão na linha de frente) para o primeiro semestre de 2006 em relação ao segundo semestre pode ser uma preocupação para alguns, mas não há uma leitura óbvia do que é um estudo orientado por eventos.

- John Murphy e Mila Bankovskaia, BI

O estudo é fundamental tanto para a sorte do medicamento quanto para o desempenho das ações da empresa.

Apesar dos recentes resultados positivos de estudos para outros medicamentos, incluindo um medicamento para hipertensão e um tratamento para a doença autoimune conhecida como miastenia gravis, as ações da Astra tiveram um desempenho inferior ao de outros fabricantes de medicamentos, como a rival suíça Novartis, este ano.

Na terça-feira, a empresa reiterou sua perspectiva para o ano inteiro em relação à receita e ao lucro básico.

A orientação é provavelmente sustentada independentemente das tarifas, disse Sarita Kapila, do Morgan Stanley, em uma nota. Os resultados devem ajudar a tranquilizar os investidores, disse ela.

Além do câncer, a Astra está trabalhando para desenvolver o pipeline de seus medicamentos para tratar condições cardiovasculares, bem como perda de peso.

Embora a Astra não tenha sido uma das primeiras a entrar no espaço da obesidade, ela vem investindo na construção de suas próprias ofertas que, segundo ela, podem fazer parte da próxima geração de medicamentos para perda de peso.

-- Com a colaboração de Lisa Pham.

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