Antes ‘queridinha’ do lítio, Sigma enfrenta dúvidas sobre produção, e ações desabam

Mineradora com projetos de lítio no país perdeu 29% do valor de mercado em dois dias; analistas têm revisado projeções para baixo diante de dúvidas sobre a produção e os planos de expansão

Planta da Sigma Lithium: troca repentina de fornecedores tem gerado preocupação entre investidores. (Foto: Divulgação)
Por Mariana Durao - Vinícius Andrade - Annie Lee
04 de Novembro, 2025 | 06:41 PM

Bloomberg — As ações da Sigma Lithium (SGML) despencaram nesta semana em meio a crescentes dúvidas sobre a produção no curto prazo e possíveis atrasos em um projeto crucial de expansão.

Em uma reviravolta acentuada para uma ação que já foi considerada destaque do setor, a Sigma perdeu quase um terço de seu valor de mercado nesta semana, registrando a pior queda em dois dias dos últimos 21 meses.

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Nesta terça-feira (4), os papéis recuaram 12,6%, tornando-se uma das maiores baixas no índice de produtores de lítio.

Na noite de segunda-feira (3), o BMO Capital Markets se juntou a um número crescente de analistas que vêm revisando para baixo suas projeções, após a Sigma ter trocado abruptamente fornecedores de serviços de mineração no mês passado — uma medida que, segundo a empresa, buscava aumentar a eficiência em sua principal mina no Brasil.

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Os planos de adotar caminhões maiores e modernizar parte dos equipamentos podem elevar as necessidades de investimento e atrasar o projeto de expansão, afirmaram analistas.

“Não sabemos exatamente o motivo da recente volatilidade das ações, mas há muitas dúvidas em torno da troca de fornecedores, da estrutura financeira, entre outros fatores, o que tem levado a SGML a ficar para trás neste rali do lítio”, escreveu o analista Joel Jackson, do BMO, em relatório a clientes.

O Bank of America vem soando o alarme desde agosto, destacando as possíveis consequências do aumento nos atrasos de pagamentos a fornecedores. No fim do mês passado, o banco rebaixou a recomendação das ações da Sigma de “compra” para “neutra”.

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A Sigma enfrenta preços mais baixos do metal usado em baterias e uma fiscalização crescente por parte de investidores. A empresa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito pela Bloomberg News.

As ações da Sigma caíram mais de 50% neste ano, depois de perderem 64% de seu valor em 2024.

O mercado global de lítio tem atravessado um período turbulento, uma vez que o crescimento da demanda por veículos elétricos tem ficado aquém do esperado e com o impacto adicional da reformulação das políticas de energia limpa promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na maior economia do mundo.

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A Sigma deve divulgar os resultados do terceiro trimestre em 14 de novembro.

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