Ambipar obtém na Justiça cautelar de proteção contra credores por 30 dias

Empresa alegou correr risco de colapso financeiro com cobranças que poderiam acionar cláusulas de inadimplência cruzada em sua dívida. Soma de todos os seus contratos com várias instituições financeiras chega a R$ 10 bilhões

Ambipar obtém na Justiça cautelar de proteção contra credores por 30 dias
Por Giovanna Bellotti Azevedo - Vinícius Andrade
25 de Setembro, 2025 | 12:18 PM

Bloomberg — A Ambipar recebeu proteção cautelar contra credores depois de dizer a um tribunal que corria o risco de colapso financeiro.

O pedido aconteceu enquanto credores exigiam pagamentos que poderiam acionar cláusulas de inadimplência cruzada em sua dívida.

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A ordem, concedida por um tribunal do Rio de Janeiro na quinta-feira (25), suspendeu todas as cobranças, execuções e ações de execução contra a Ambipar e suas empresas relacionadas por 30 dias, renováveis por mais 30 dias, de acordo com documentos judiciais.

Com a soma de todos os seus contratos com várias instituições financeiras, a Ambipar poderia ter que pagar imediatamente mais de R$ 10 bilhões em dívidas, dizem os documentos.

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“O objetivo da liminar é garantir a continuidade das atividades do Grupo Ambipar e proteger seu patrimônio, enquanto o Grupo Ambipar, juntamente com seus credores, busca uma alternativa viável para a resolução adequada de suas obrigações financeiras”, disse a empresa.

As notas em dólar da Ambipar, que caíram nos últimos dias em meio à crescente preocupação de que a empresa estivesse tentando reestruturar sua dívida, caíram 21 centavos na quinta-feira, negociadas a 15 centavos de dólar, de acordo com a Trace Pricing.

De acordo com os registros, o Santander enviou uma notificação exigindo que a Ambipar faça um pagamento antecipado de cerca de US$ 120 milhões devidos ao banco até quinta-feira. Se a empresa não fizer esse pagamento, poderá acionar cláusulas de inadimplência cruzada na dívida do grupo.

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Quando os credores começaram a saber que a empresa buscava proteção judicial, eles começaram a entrar em contato com a empresa, disse a Ambipar, o que aumentou ainda mais o risco de um efeito bola de neve em suas finanças.

Em um processo separado, a empresa disse que o Deutsche Bank também exigiu o pagamento de R$ 60 milhões em garantias, cujo não pagamento aceleraria US$ 550 milhões em dívidas e, da mesma forma, arriscaria acionar cláusulas de inadimplência cruzada.

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O Santander e o Deutsche Bank não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

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