Além de São Paulo: Dr. Consulta aposta em assinatura de telessaúde para avanço no país

Healthtech estreia plataforma exclusiva para regiões sem clínicas físicas, com planos de R$ 9,90 mensais que liberam acesso a consultas de R$ 59 a R$ 109. A CGMO Gabriela Zaninetti e o COO Eric Strose explicam a estratégia à Bloomberg Línea

Unidade do Dr. Consulta em São Paulo
11 de Dezembro, 2025 | 11:18 AM

Bloomberg Línea — Depois de 15 anos com foco e atuação em São Paulo e na região metropolitana da maior cidade do país, o Dr. Consulta estruturou uma estratégia de nacionalização via telemedicina para atender a uma demanda que já identificava em todos os estados, com impulso de uma presença digital e posicionamento em saúde acessível.

A healthtech acaba de fazer o soft launch de assinatura digital de R$ 9,90 mensais como porta de entrada para consultas entre R$ 59 e R$ 109, com foco no Norte, no Nordeste, no interior paulista e em regiões sem clínicas físicas.

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A meta é atrair de 20.000 a 25.000 novos pacientes por meio de telemedicina em seis meses, o que ampliaria a base atual que soma 150 mil (somando atendimentos presenciais e remotos).

O modelo difere da assinatura familiar de R$ 34,90 oferecida nos mercados em que a empresa concentra 31 unidades: capital paulista, ABC, Guarulhos, Osasco e Taboão da Serra.

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O novo produto, batizado de Assinatura Dr. Consulta Online, é individual e exclusivo para regiões sem presença física - e oferece apenas consultas remotas.

“O principal objetivo é seguir ampliando o acesso a uma saúde de qualidade para o Brasil todo”, afirmou Gabriela Zaninetti, CGMO (Chief Growth and Marketing Officer) do Dr. Consulta, em entrevista à Bloomberg Línea.

O paciente poderá acessar mais de 30 especialidades. Consultas com clínico geral, ginecologista, dermatologista e psicólogo custam R$ 59. Outras especialidades chegam a R$ 109.

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O modelo inclui retorno gratuito, programas de acompanhamento de saúde e descontos em medicamentos nas redes Droga Raia e Drogasil, da RD Saúde (RADL3).

“O R$ 9,90 corresponde apenas à assinatura. A consulta vai ser remunerada da mesma forma como é feita hoje”, disse Eric Strose, COO (Chief Operating Officer) da companhia, reforçando que “os médicos não terão redução nos ganhos”.

Os programas de acompanhamento são Saúde Integral do Homem (18+), Saúde na Maturidade (60+), Crescendo Saudável (crianças), Viva Bem (crônicos como diabetes e hipertensão), saúde mental e ortopedia.

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Gabriela Zaninetti, CGMO do Dr. Consulta, ao lado do CEO Massanori Shibata e do  COO Eric Strose (à dir.)

Plataforma própria e inteligência artificial

A companhia desenvolveu uma plataforma própria de telemedicina, que responde por 90% dos 32.000 atendimentos mensais que já ocorrem. Os 10% restantes utilizam a parceira Conexa Saúde para pronto-atendimento sem hora marcada.

Hoje 12% das consultas online na plataforma do Dr. Consulta são para pacientes que residem fora da Grande São Paulo.

“Temos algoritmos e formas de rastrear de onde as pessoas estão buscando a marca. Já observávamos uma utilização de telesaúde em todos os estados e no Distrito Federal”, disse Zaninetti.

A demanda fora de São Paulo se manifesta nos dados de acesso digital: 18% das buscas no site e aplicativo vêm de outras regiões mensalmente.

Para que o novo modelo ganhe escala, no entanto, será preciso reforçar o conhecimento da marca.

Enquanto 98% da população da capital paulista diz conhecer o Dr. Consulta, esse percentual cai para 30% em outros estados, segundo a CGMO.

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Perfil do atendimento

O perfil de atendimento da healthtech reflete o foco em atenção primária e secundária. Segundo a empresa, atendimentos com clínico geral lideram com 25% do volume de consultas.

Ginecologia responde por 15% a 18%. Cardiologia e ortopedia empatam na terceira posiçãom enquanto Odontologia representa 2,5% da receita.

O sistema opera das 7h às 22h. A prescrição digital usa a plataforma Mevo. Para as consultas, pacientes podem anexar exames e imagens.

“Temos mais de 300 guidelines que o médico pode seguir para padronizar qualquer tipo de atendimento”, disse Strose.

O prontuário eletrônico contém “árvores decisórias” — protocolos que orientam o raciocínio clínico passo a passo — para todas as patologias.

A companhia liderada pelo CEO Massanori Shibata utiliza inteligência artificial para identificar encaminhamentos e solicitações de exame, acionando pacientes que não agendam procedimentos complementares.

A healthtech compete com plataformas como Conexa Saúde e Saúde iD, do Grupo Fleury (FLRY3), no segmento voltado ao consumidor final.

Escala e estrutura financeira

O Dr. Consulta realiza hoje mais de 250 mil atendimentos por mês para 150 mil pacientes únicos, enquanto mais de 500 mil pessoas têm o aplicativo baixado.

Embora represente apenas 5% da receita total desde 2020, a telemedicina se consolidou como canal estratégico para nacionalização.

A healthtech estima que já atendeu 4 milhões de brasileiros desde a fundação em 2011 e atingiu o breakeven em abril de 2024, marco então inédito.

A estrutura de investidores da empresa permanece estável desde a Série D em 2022, segundo a CGMO.

Patria Investimentos (PAX) e Lightrock seguem como investidores institucionais ao lado de Kaszek, LTS Investments e Gaman Capital.

Na última rodada, entraram JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão) e BID Invest, braço privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

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