Bloomberg — A Airbus deu início à Paris Air Show com pedidos de clientes sauditas avaliados em até US$ 17 bilhões e uma grande compra da Polônia.
A companhia, portanto, saiu à frente da Boeing, que reduziu sua presença no evento após o acidente com um de seus jatos na Índia na semana passada.
A Airbus inicialmente recebeu um pedido de até 77 aeronaves de carga e passageiros da locadora saudita AviLease, seguido por um acordo para até 50 de seus jatos widebody A350-1000 da Riyadh Air.
Mais tarde, a LOT Airlines, da Polônia, anunciou que compraria 40 aviões comerciais A220, com a opção de estender o acordo para 84 unidades.
Os dois anúncios dão à Airbus uma vantagem na disputa tipicamente acirrada por pedidos na feira.
O evento deste ano ganhou um tom trágico na semana passada, após a queda de um jato da India Air, que deixou um sobrevivente e matou 242 pessoas a bordo do Boeing 787 Dreamliner.
Como resultado, a Boeing cancelou as participações de seus executivos seniores no evento e também reduziu seus planos de anúncios comerciais.
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A AviLease, apoiada pelo fundo soberano do reino saudita, fechou um acordo para adquirir 30 jatos Airbus A321 de corredor único, com opções para mais 25, além de 10 cargueiros A350 e com opção de mais 12.
Após os descontos típicos do setor, o pedido pode chegar a US$ 8 bilhões em valor, com base em estimativas da consultoria Ishka.

O acordo ocorre após a empresa de leasing, apoiada pelo Fundo de Investimento Público, ter adquirido até 30 jatos 737 da Boeing no mês passado, durante o tour do presidente americano, Donald Trump, pelo Golfo.
“Foi uma batalha muito árdua” entre o A350 e o cargueiro 777 da Boeing, disse o CEO da AviLease, Edward O’Byrne, em um evento para a imprensa anunciando o acordo. “O A350 saiu vencedor.”
Os dois anúncios ressaltam a crescente influência da Arábia Saudita no mercado global de aviação, à medida que o reino busca afirmar sua presença no comércio e turismo globais.
A Riyadh Air, que planeja iniciar suas operações até o final do ano, já adquiriu 60 jatos A321 de corredor único da fabricante europeia de aviões.
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Após a tragédia da semana passada, as autoridades indianas ordenaram inspeções na frota de jatos Boeing 787 da Air India, enquanto os investigadores buscam determinar a causa do acidente aéreo.

Mesmo antes de o desastre prejudicar os planos da Boeing, a Airbus já estava preparada para uma forte presença em Paris.
Vários acordos com a Boeing foram anunciados durante a viagem de Trump ao Oriente Médio no mês passado, deixando a Airbus de lado, enquanto o presidente dos EUA atuava como um verdadeiro vendedor da rival americana.
“Precisamos ser melhores”, disse o CEO da Airbus Guillaume Faury em entrevista à Bloomberg TV na segunda-feira.
“É isso que estamos tentando alcançar com nossos produtos, garantindo que a Airbus venda aviões com base em seus méritos.”
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A AviLease foi fundada em 2022 e está entre as empresas que o fundo soberano saudita financiou como parte de um esforço para transformar o reino em um centro global de comércio, logística e turismo e reduzir sua dependência do petróleo.
“Há uma enorme quantidade de infraestrutura necessária no reino para carga e logística”, disse O’Byrne.
A empresa de leasing saudita comprou o negócio de leasing de aviação do Standard Chartered em 2023 e agora possui um portfólio de 200 aeronaves próprias e gerenciadas em leasing para 48 companhias aéreas em todo o mundo.
O acordo polonês garante à Airbus uma presença em um mercado que historicamente tem sido o território da Boeing.
A LOT disse que passou mais de um ano discutindo o acordo, e a companhia aérea vai aposentar suas aeronaves Embraer mais antigas, incluindo unidades E2 mais modernas, ao longo do tempo para unificar sua frota. As entregas ocorrerão em meados de 2027, informou a LOT.
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