A estratégia de preços ‘secreta’ da Apple para ganhar mais com o novo iPhone

Investidores esperavam aumento de preços de forma ampla, o que foi uma das razões pelas quais reagiram com cautela ao iPhone 15. Mas a empresa prevê ganhar de outra forma

iPhone
Por Mark Gurman
13 de Setembro, 2023 | 12:14 PM

Bloomberg — A Apple (AAPL) realizou um aguardado aumento de preços para o iPhone com o máximo de sutileza possível, como parte de um esforço para obter mais dinheiro dos consumidores sem causar um choque.

Na terça-feira (12), a empresa aumentou o preço de apenas um modelo de iPhone — o modelo top de linha Pro Max, que subiu US$ 100 para US$ 1.199 —, enquanto deixou inalterados os preços de lançamento tradicionais dos outros três novos modelos. O telefone mais caro virá com o dobro de armazenamento, permitindo que a Apple argumente que, na verdade, não foi um aumento de preço.

Essa ação segue um padrão para a empresa, que precisa ser cautelosa com os consumidores preocupados com a inflação. A Apple não fez mudanças drásticas em seus preços de tabela, mas encontrou novas maneiras para os compradores gastarem mais.

A empresa equipou seus iPhones de alta qualidade com recursos exclusivos, como lentes de zoom melhores e estruturas de titânio, para incentivar os compradores a optar por itens mais caros.

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Até a mudança da Apple para uma porta USB-C no iPhone — uma medida exigida pela União Europeia (UE) a que a empresa inicialmente se opôs — trará novas formas de gerar receita.

Se os consumidores desejarem que seus AirPods tenham o mesmo conector dos iPhones mais recentes, eles terão que gastar US$ 249 em um novo par. Se quiserem usar seus antigos carregadores Lightning, podem comprar um adaptador da Apple por US$ 29.

Alguns investidores esperavam que a Apple aumentasse os preços de forma mais ampla, o que foi uma das razões pelas quais eles reagiram de forma fria ao evento de lançamento do iPhone da Apple na terça-feira, segundo o analista da Evercore ISI, Amit Daryanani. As ações caíram 1,7% para US$ 176,30.

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No entanto, a Apple lida com uma queda na indústria de smartphones em todo o setor, o que lhe dá menos margem para aumentar os preços. As vendas mundiais de smartphones caíram quase 7% no último trimestre, de acordo com a IDC, afetando a maior fonte de receita da empresa. As dificuldades na China, onde enfrenta uma proibição crescente do governo e a concorrência com um novo telefone avançado da Huawei, só aumentaram a pressão.

Portanto, a Apple manterá o preço da versão de entrada do iPhone 15 em US$ 799, enquanto o modelo Pro de nível básico permanece em US$ 999 — um preço que foi considerado surpreendente quando o iPhone X estreou nesse nível em 2017.

Embora o Pro Max de partida seja quase 10% mais caro do que a versão passada, o iPhone 14 Pro Max, ele tem 256 gigabytes de armazenamento, em comparação com os 128 gigabytes oferecidos anteriormente.

Para enfatizar a característica incremental desse aumento de preço, a Apple não aumentou os níveis de armazenamento de seus modelos iPhone 15 Pro Max com maiores quantidades de armazenamento. A versão com 512 gigabytes continua custando US$ 1.399, enquanto a de 1 terabyte ainda custa US$ 1.599. Mas mesmo com os preços inalterados, a Apple consegue obter margens mais altas porque o custo de armazenamento diminuiu.

A Apple aumentou os preços de forma mais agressiva fora dos Estados Unidos. O iPhone 15 Pro subirá US$ 50 no Canadá, enquanto o preço do Pro Max subirá US$ 200. Na Índia, o Pro Max subirá cerca de 14%.

Alguns países, no entanto, tiveram uma redução de preço. No Reino Unido, o iPhone 15 Pro e o Pro Max estão 100 libras (US$ 125) mais baratos do que seus predecessores.

Além dos ajustes nos preços do iPhone, a Apple passou a gerar mais receita com serviços e acessórios adicionais. A empresa lançou duas novas opções de armazenamento para sua oferta de armazenamento online iCloud: um plano de 6 terabytes por US$ 30 por mês e uma opção de 12 terabytes por US$ 60 por mês.

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O plano mais alto do iCloud era anteriormente de 2 terabytes por US$ 10. Os novos AirPods também refletem uma abordagem mais agressiva da Apple.

Quando a empresa começou a oferecer carregamento sem fio no iPhone, permitiu que os clientes dos AirPods comprassem novos estojos que usavam o mesmo formato - em vez de obrigá-los a comprar todos os novos fones de ouvido. Desta vez, a empresa não ofereceu um estojo autônomo que funcione com USB-C.

Os compradores do iPhone 15 Pro e Pro Max também precisarão de um novo cabo se desejarem obter as velocidades de transferência de dados mais rápidas prometidas pelo dispositivo. A Apple vende um por US$ 69.

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