Bloomberg — A Vale anunciou a recompra de títulos perpétuos — papéis pouco usuais que remontam ao processo de privatização da companhia, no fim dos anos 1990 — e que têm se tornado cada vez mais caros para a mineradora brasileira.
A empresa, uma das maiores produtoras globais de minério de ferro e níquel, aprovou uma oferta para recomprar todas as debêntures participativas, ao preço de R$ 42 (equivalente a US$ 7,89) por papel, segundo comunicado ao mercado.
Os títulos vinham sendo negociados em torno de R$ 36, e há cerca de 388,6 milhões deles em circulação, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Caso todos os detentores aceitem a proposta, a operação poderá alcançar US$ 3,1 bilhões.
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A recompra deve ajudar a Vale a reduzir custos com dívidas. Emitidos em 1997, pouco antes da privatização da mineradora, os papéis tinham valor nominal de R$ 0,01 cada e atualmente rendem cerca de 13% ao ano em dólares, segundo gestores de recursos — mais que o dobro dos 6,1% pagos pelos bonds da Vale com vencimento em 2054.
Os títulos não possuem cupom fixo. Em vez disso, garantem aos investidores um dividendo equivalente a 1,8% da receita líquida de algumas vendas de minério de ferro e 2,5% da receita líquida de cobre e ouro, após o atingimento de determinados patamares de produção — alguns deles vinculados à região de origem da extração.
A receita é calculada em dólares e depois convertida para reais no momento da distribuição aos detentores.
A Vale (VALE3) informou em setembro que a meta de produção no Sudeste foi alcançada no início deste ano, o que tornou esses títulos mais onerosos para a companhia.
Há quatro anos, o governo brasileiro vendeu parte desses papéis em uma operação que fazia parte da agenda de privatizações do então presidente Jair Bolsonaro. A venda aumentou a liquidez dos títulos e abriu espaço para a entrada de novos investidores.
O prazo para adesão à recompra vai até 31 de outubro.
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-- Com a colaboração de Beatriz Reis.
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