Vale fará recompra de até US$ 3 bi em títulos perpétuos da época da privatização

Emitidos em 1997, os papéis atualmente rendem cerca de 13% ao ano em dólares, segundo gestores, e vinham se tornando onerosos para a mineradora

Signage at the Vale Copper Cliff Nickel Smelter in Sudbury, Ontario, Canada, on Wednesday, June 1, 2022. Nickel is the key ingredient in the stainless steel used in everyday appliances, but it's also critical for the transition away from fossil fuels, since it's used in the batteries automakers need to electrify the world’s car fleet.
Por Vinícius Andrade - Mariana Durao - Rachel Gamarski
06 de Outubro, 2025 | 06:04 PM

Bloomberg — A Vale anunciou a recompra de títulos perpétuos — papéis pouco usuais que remontam ao processo de privatização da companhia, no fim dos anos 1990 — e que têm se tornado cada vez mais caros para a mineradora brasileira.

A empresa, uma das maiores produtoras globais de minério de ferro e níquel, aprovou uma oferta para recomprar todas as debêntures participativas, ao preço de R$ 42 (equivalente a US$ 7,89) por papel, segundo comunicado ao mercado.

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Os títulos vinham sendo negociados em torno de R$ 36, e há cerca de 388,6 milhões deles em circulação, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Caso todos os detentores aceitem a proposta, a operação poderá alcançar US$ 3,1 bilhões.

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A recompra deve ajudar a Vale a reduzir custos com dívidas. Emitidos em 1997, pouco antes da privatização da mineradora, os papéis tinham valor nominal de R$ 0,01 cada e atualmente rendem cerca de 13% ao ano em dólares, segundo gestores de recursos — mais que o dobro dos 6,1% pagos pelos bonds da Vale com vencimento em 2054.

Os títulos não possuem cupom fixo. Em vez disso, garantem aos investidores um dividendo equivalente a 1,8% da receita líquida de algumas vendas de minério de ferro e 2,5% da receita líquida de cobre e ouro, após o atingimento de determinados patamares de produção — alguns deles vinculados à região de origem da extração.

A receita é calculada em dólares e depois convertida para reais no momento da distribuição aos detentores.

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A Vale (VALE3) informou em setembro que a meta de produção no Sudeste foi alcançada no início deste ano, o que tornou esses títulos mais onerosos para a companhia.

Há quatro anos, o governo brasileiro vendeu parte desses papéis em uma operação que fazia parte da agenda de privatizações do então presidente Jair Bolsonaro. A venda aumentou a liquidez dos títulos e abriu espaço para a entrada de novos investidores.

O prazo para adesão à recompra vai até 31 de outubro.

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-- Com a colaboração de Beatriz Reis.

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