Além do dólar: Tesouro avalia emitir ‘panda bonds’ para diversificar, diz Ceron

Emissões soberanas denominadas na moeda chinesa têm objetivo de diversificar o perfil da dívida brasileira e servir como referência para empresas que queiram fazer operações semelhantes

Rogerio Ceron, secretário do Tesouro Nacional
Por Martha Beck
05 de Junho, 2025 | 04:42 PM

Bloomberg — O Brasil avalia a possibilidade de fazer emissões soberanas denominadas em yuan, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.

A estratégia de emitir esses papéis, também chamados de “panda bonds”, seria diversificar o perfil da dívida brasileira e ao mesmo tempo dar uma referência para empresas que querem fazer operações semelhantes.

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No entanto, ainda não há prazo definido, disse o secretário em entrevista à Bloomberg News por telefone.

“Há uma curva de aprendizagem e um custo de captação que está sendo estudado”, afirmou, lembrando que há um apetite crescente das empresas pelo mercado chinês. A Suzano, por exemplo, emitiu o equivalente a R$ 960 milhões em panda bonds no final do ano passado.

Ceron disse que o Tesouro deve fazer novas captações este ano, depois da emissão de US$ 2,75 bilhões de títulos em dólar com vencimento para 2030 e 2035, realizada na quarta-feira (4).

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Segundo ele, a demanda foi a maior desde 2018 e superou em mais de quatro vezes a oferta. Ele não descarta a possibilidade de uma próxima emissão ser de títulos sustentáveis.

O secretário disse que o Brasil está bem posicionado diante dos investidores estrangeiros. As dificuldades da economia doméstica como o aumento da dívida pública afetam pouco o apetite externo porque o mundo todo está lidando com problemas semelhantes, afirmou.

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“Para o investidor externo, o Brasil não está fora do que está acontecendo o restante do mundo”, disse. “Endividamento alto é uma questão para todos.”

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Ceron avalia que a alteração da perspectiva do Brasil pela Moody’s na semana passada, de positiva para estável, não prejudica novas emissões.

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“A economia está tendo um desempenho melhor do que a nota do país mostra e os investidores sabem disso.”

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