Tarifas de Trump derrubam Ibovespa e bolsas globais; dólar fica estável em R$ 5,55

Tensão nos mercados globais aumenta após Estados Unidos ameaçar México e União Europeia com tarifas de 30% sobre produtos exportados aos EUA

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) acompanha a tendência global de aversão a risco nesta segunda-feira (14), após o presidente americano Donald Trump elevar as ameaças a parceiros comerciais com tarifas sobre os produtos exportados aos Estados Unidos.

O principal índice da B3 recuava 0,48% por volta das 11h10, aos 135.530 pontos. Já o dólar operava em leve alta de 0,08%, negociado a R$ 5,55.

No cenário local, investidores ainda repercutem as consequências da guerra comercial de Trump para o Brasil. O presidente americano anunciou na última quarta-feira (9) uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros – a tarifa mais alta entre as diversas impostas na semana passada.

A expectativa é que a ameaça seja usada como ferramenta de negociação. Se implementada, as tarifas passariam a valer no dia 1º de agosto e afetariam uma série de empresas brasileiras, do agronegócio à indústria.

Leia também: O impacto das tarifas de Trump ao Brasil por setores e empresas, na visão do mercado

O Brasil não foi o único a receber novas imposições tarifárias. Com o fim do prazo de negociação das tarifas impostas em 1º de abril, Trump abriu uma nova onda de ameaças comerciais.

Entre as mais recentes, estão as tarifas de 30% contra o México e a União Europeia, dois dos maiores parceiros comerciais dos EUA, anunciadas no final de semana.

Embora a maioria dos traders interpretem a retórica do ex-presidente como uma estratégia de negociação e aposte em tarifas mais suaves com o fim do prazo em agosto, o ambiente segue volátil.

O S&P 500, que chegou a operar perto das máximas antes da nova onda tarifária, voltava a cair nesta segunda-feira e recuava 0,22% no mesmo horário. O Nasdaq 100 caía 0,19% e o índice pan-europeu Stoxx 600 tinha baixa de 0,28%.

A expectativa do mercado gira agora em torno dos dados de inflação dos EUA previstos para esta terça-feira (15), que podem mostrar alta nos preços ao consumidor em junho — reflexo do repasse de custos mais altos dos bens importados.

O resultado pode reforçar a cautela do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) em cortar os juros americanos.

“É importante notar que os investidores já estão precificando expectativas de corte de juros”, afirmou Linh Tran, analista da XS.com, à Bloomberg News. Para ela, qualquer sinal de inflação acima do esperado ou de um mercado de trabalho ainda aquecido pode levar o Fed a adiar esse movimento, o que teria impacto direto na avaliação das ações.

Ao mesmo tempo, Trump e aliados intensificaram os ataques ao presidente do Fed, Jerome Powell, que vem sendo pressionado a reduzir os juros americanos.

A nova frente de ataque é a reforma da sede da autoridade monetária. Segundo fontes, integrantes do entorno do ex-presidente avaliam argumentos jurídicos para afastar Powell do Conselho de Governadores. No domingo (13) à noite, Trump voltou a afirmar que uma eventual renúncia do presidente do Fed seria “uma coisa boa”.

Para o estrategista do Deutsche Bank, George Saravelos, a possibilidade de saída de Powell é um risco subestimado pelos mercados, com potencial de provocar uma onda de vendas de dólares e títulos do Tesouro americano.

“Com o Fed no centro do sistema monetário global do dólar, também é óbvio que as consequências [da demissão de Powell] repercutiriam muito além das fronteiras dos EUA”, escreveu.

Com informações da Bloomberg News.

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