Bloomberg — Os operadores de renda fixa apostam que a campanha global de aperto monetário mais acentuada em uma geração terminou e que a flexibilização nos países desenvolvidos começará em meados de 2024 — cerca de um ano depois dos cortes no Brasil e Chile, pioneiros tanto do início quanto do fim do atual ciclo mundial de combate à inflação.
Os swaps de juros sinalizam que a taxa básica média das economias desenvolvidas permanecerá estável nos próximos seis meses. É a primeira vez em dois anos que altas de juros não são precificadas para esse horizonte, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Os contratos também apontam para uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa agregada desses países no prazo de um ano – a maior aposta de flexibilização desde a pandemia.
Da Europa e Estados Unidos à Austrália, a disparada dos rendimentos exigidos pelos investidores para tomar dívida pública abrandou este mês diante de pressões de preços mais moderadas.
É uma aposta arriscada. Das outras vezes que isso aconteceu recentemente, o tiro saiu pela culatra quando a inflação se mostrou mais persistente do que o esperado e os bancos centrais se mostraram mais duros do que os investidores imaginavam. Mas desta vez pode ser para valer.
“O quadro de dados globais sugere que as taxas básicas mais elevadas estão fazendo seu trabalho na desaceleração da demanda, e o preço do petróleo sinaliza a mesma coisa”, disse Prashant Newnaha, estrategista de renda fixa do TD Securities, em Singapura.
“A forte recuperação dos títulos longos parece ser impulsionada pelas compras de fundos de pensão depois que os rendimentos atingiram novas máximas, com a queda do petróleo fornecendo um catalisador adicional.”
O rendimento exigido para tomar Treasuries americanos de 10 anos recuou mais de 0,50 ponto percentual, para cerca 4,5%, desde que atingiu uma máxima de 16 anos no mês passado.
Os yields sobre vencimentos semelhantes na Austrália caíram mais de 0,40pp este mês, depois de o banco central ter sinalizado menos disposição para mais aperto.
O Banco Central Europeu (BCE) é visto como o mais propenso a iniciar um ciclo de redução de juros. O mercado precifica uma probabilidade de 68% de que haja corte já em abril na zona do euro.
-- Com a colaboração de Aline Oyamada.
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