Opep+ concorda em cortar produção, e analistas veem excesso de oferta em 2024

Grupo de países exportadores e aliados chegaram a um consenso em reunião nesta quinta-feira sobre a redução da produção de petróleo

Logo de la OPEP de su sede en Viena
Por Salma El Wardany - Fiona MacDonald - Ben Bartenstein
30 de Novembro, 2023 | 02:12 PM

Bloomberg — A Opep+ concordou em aprofundar seus cortes na produção após uma queda nos preços do petróleo e previsões de um novo excesso de oferta no ano que vem.

Países membros do grupo concordaram em fazer cortes adicionais de 1 milhão de barris por dia na oferta de petróleo em uma reunião nesta quinta-feira (30), disseram delegados. Essa redução ocorre simultaneamente à uma decisão da Arábia Saudita de estender para o ano que vem um corte voluntário da mesma magnitude.

Os países chegaram a um acordo comum que agora irá para votação, disseram delegados, pedindo para não serem identificados porque a informação era privada.

Os detalhes finais do acordo, incluindo os níveis de produção nacionais, serão anunciados individualmente por cada país, em vez do comunicado comum da Opep+, disseram eles.

PUBLICIDADE

O petróleo reduziu os ganhos nesta terça e operava em queda depois da decisão. O Brent era negociado com perdas de 2,78%, a US$ 80,57 por barril, às 14h (horário de Brasília). As ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que subiam nesta manhã, oscilavam. Enquanto os papéis preferenciais subiam 0,54%, as ações ordinárias tinham leve ganho de 0,5% no mesmo horário.

O corte adicional de 1 milhão de barris por dia atende ao que os delegados tinham dito ser o principal objetivo de Riad para a reunião. Depois de mais de uma semana de conversas preparatórias, o grupo parecia ter superado discordâncias internas sobre as cotas de produção de algumas nações africanas, o que havia forçado o adiamento da reunião por videoconferência por vários dias.

“Se esses números forem confirmados, mostra que a Opep+ quer manter o controle sobre o petróleo”, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS. A aliança “continua a adotar uma postura proativa considerando a provável demanda sazonalmente mais fraca no início de 2024″.

Desde julho, a Arábia Saudita tem feito um corte voluntário adicional de 1 milhão de barris por dia, descrito pelo ministro da Energia, Príncipe Abdulaziz bin Salman, como um “pirulito”.

O reino pressionava o restante da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados a se juntarem a esse esforço após a queda dos preços do petróleo em mais de 10% de sua alta em setembro. Uma redução coletiva mais profunda poderia evitar um novo excedente de petróleo previsto para o início do ano que vem.

“O corte ‘pirulito’ saudita foi transformado com sucesso em um corte ‘pirulito’ da Opep+”, disse Christyan Malek, chefe global de estratégia de energia no JPMorgan Chase, que foi um dos primeiros analistas a prever uma redução mais profunda. “Se há algo que prova a coesão da Opep+, certamente é essa decisão de hoje.”

Um novo corte coletivo da Opep+ de 1 milhão de barris por dia pode equivaler na verdade à metade disso em termos reais, disse Amrita Sen, diretora de pesquisa da consultoria Energy Aspects, à Bloomberg Television antes da reunião. Isso ocorre porque alguns países já estão extraindo petróleo abaixo de suas metas, afirmou.

PUBLICIDADE

Detalhes-chave sobre a decisão do grupo ainda estão ausentes, disse Staunovo. Não estava claro como os cortes seriam distribuídos entre os países, nem como o corte nas exportações de 300.000 barris por dia da Rússia afetaria os novos totais.

A perspectiva para o petróleo enfraqueceu nos últimos dois meses devido a oferta abundante e um cenário econômico sombrio. Os preços podem cair ainda mais no ano que vem, quando especialistas, incluindo da Agência Internacional de Energia, antecipam uma acentuada desaceleração no crescimento da demanda.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Núcleo da inflação nos EUA medida pelo PCE sobe 0,2% em outubro, conforme o esperado

Gigante do varejo de moda do Centro-Oeste e do Norte prevê 50 novas lojas por ano